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Terceiro Domingo após Epifania – 21 de janeiro de 2007 |
O sermão / mensagem para o próximo domingo está baseado no texto do Evangelho do terceiro domingo após Epifania. Como parte da preparação, abaixo vão alguns comentários exegéticos sobre o Salmo e as leituras de isaías e de I Coríntios para este domingo. Salmo 146 – Aleluia ao verdadeiro Salvador. Este é mais um dos “Salmos de Aleluia”. Tempo de Epifania é tempo de louvar a Deus que se revelou em Cristo, nosso verdadeiro e único Salvador. Os anjos no céu o louvam ininterruptamente dia e noite. v.1 e 2 – Aqui temos uma exortação ao louvor. Diga à sua alma pecadora mas redimida por Cristo e templo do Espírito Santo pela fé na graça de Cristo, que louve ao Senhor. Diga que queres louva-lo enquanto houver fôlego. Louvar a Deus é um sinal de vida espiritual que Deus nos deu (Sl 63.5,6; 104.33) v. 3 e 4 – Não confies em príncipes quer sejam pessoas nobres, poderosas e sábias. Verdadeiro auxílio e salvação só encontramos em Deus que se revelou em Cristo. v.5-9 – Confia no Senhor. Você conhece o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Anjo do Senhor (Jesus) que acompanhou o povo de Israel no deserto, suprindo-os do necessário e os protegendo-os. Ele salva a e inclina os ouvidos aos que o invocam.. v.10 – O seu reino não tem fim. Nossa vida é passageira. Deus é de geração em geração. Ele nos conquistou a vida eterna. A ele pertence o louvar agora e eternamente. Isaías 61.1-6 – Este trecho precisa ser trabalhado junto com o evangelho de Lucas 4.14. Ele se divide em dois parágrafos: v.1-3, que fala do Servo do Senhor, e v.4-6, no qual Deus fala a respeito do seu povo. v. 1-3. O Espírito do Senhor está sobre mim. Aqui fala o Servo do Senhor que é Jesus, o salvador prometido. (Is 11.2; 42.1-4; 49;8; 50;4.5) Estas profecias se cumpriram em Jesus e o profeta já vê o cumprimento como Jesus o declara em Lucas 4.18. O profeta fala na linguagem dos que voltam do exílio e mostra que a verdadeira libertação será efetuada por Jesus, do qual a libertação do exílio babilônica é uma figura. Por isso Jesus afirma; Hoje se cumpriu esta profecia. (Lc 4.21) - Pregar boas-novas aos quebrantados, aos que foram quebrados pela lei de Moisés. Proclamar libertação aos cativos, escravizados pelo pecados, incapazes de se libertarem por próprias forças. Esta é a grande libertação que Jesus nos conquistou: perdão dos pecados, isto é, da dívida e do castigo e do domínio do pecado; da morte, isto é, não preciso temer a morte temporal, porque a morte eterna não tem mais poder sobre mim; do poder do diabo, isto é, Cristo venceu o diabo, de modo que este não ma pode acusar mais e eu agora posso resistir vitoriosamente às suas tentações (Catecismo Menor, perguntas 158-160) v. 2. Apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus. O ano aceitável do Senhor e o dia da vingança não são dois dias diferentes, mas um e o mesmo dia. É lei e evangelho, como em João 3: Deus amou ao mundo... para que todo o que nele crê não pereça... Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (Jo 3.16-18) A graça para os quebrantados de coração e a vingança para os incrédulos, os inimigos do povo de Deus. O objetivo da proclamar o ano da graça é consolar todos os que choram, os corações que sob a ira de Deus choram por causa de seus pecados. v.3. E por sobre os que em Sião estão de luto uma coroa. Este verso reforça o que foi dito no anterior. O verbo por uma coroa, óleo de alegria, vestes de louvor mostra a inteira ação do Espírito Santo. Em dias de alegria as pessoas se enfeitam. Aqui o Espírito Santo dá a alegria, pela mensagem do perdão, da libertação, de serem perdoados e aceitos por Deus. Isto enche o coração de paz, alegria e esperança da vida eterna. - A fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória. Carvalhos que sempre estão verdes, expressam a esperança e o júbilo eterno. v.4. Edificarão os lugares. Assim como Israel, libertado do cativeiro babilônico, se pôs a reconstruir com júbilo sua terra, os fiéis construirão a igreja do Novo Testamento. v.5. Estrangeiros se apresentarão. Estes não são incrédulos, mas gentios convertidos ao cristianismo que ingressaram na família de Deus e como cidadãos do reino de Deus participam nos trabalhos missionários. v.6. Mas vós sereis chamados sacerdotes. A igreja no Novo Testamento não tem uma casta de sacerdote como a tribo de Levi no Antigo Testamento. Nela todas as pessoas, pela fé na graça de Cristo, são sacerdotes (1 Pe 2.9; Rm 12.1) e servos de Deus. A Igreja é composta de judeus e gentios convertidos a Cristo. l Coríntios 12.12-21,26-27. Na maioria das igrejas cristãs, quer evangélicas ou católicas, é lido hoje, um trecho que encontramos na primeira carta do apóstolo Paulo aos Coríntos, capítulo 12, de versículos 12 a 21 e os versículos 26 e 27. O trecho fala da unidade e da harmoniosa ação da igreja cristã, comparando-a ao funcionamento de um corpo. E é sobre esta unidade da igreja cristã que queremos meditar. O apóstolo escreve: “Assim, como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois em um só Espírito todos nos fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos.” A palavra “um só” aparece mais de dez vezes neste capítulo, e a palavra “corpo”, mais de vinte vezes. Confessamos no credo Apostólico: “Creio na santa igreja cristã, a comunhão dos santos.” Alguém dirá, um momento, a realidade da igreja cristã é outra. Ela não está terrivelmente dividida em inúmeras facções? Onde está sua unidade? É verdade. Mesmo assim confessamos: “Creio na santa igreja cristã.” Dizemos: “Creio!” Porque a igreja cristã é invisível. Invisível, porque a igreja cristã não é obra humana. Ela é obra de Deus. Deus gera seus filhos espirituais. Ele os gera pelo poder da palavra de Deus e dos sacramentos. Por esses meios, o Espírito Santo abre os olhos para que a pessoa veja sua realidade à luz da palavra de Deus. Reconheça e confesse seus pecados e suplique perdão a Deus. Pelo evangelho, o Espírito Santo mostra à pessoa o perdão que Cristo conquistou por sua paixão e morte. E convida a pessoa a confiar no perdão de Cristo, pelo qual somos aceitos pelo Pai e enxertados na família de Deus, tornando-nos membros do corpo de Cristo. E, vejam, todos os que se arrependem de seus pecados e confiam na graça de Cristo, independente a que denominação cristã pertencem, e enquanto estiverem na fé na graça de Cristo, pertencem à família de Deus, quer sejam livres ou escravos, letrados ou iletrados, ricos ou pobres. Um e o mesmo Espírito opera e conserva esta fé. A unidade da igreja cristã consiste em o Espírito atuar nos membros, nos fiéis. Assim há na verdade uma só fé, um só batismo, uma só esperança, um só Senhor, Jesus Cristo. Esta unidade do Espírito é por isso, em primeiro lugar, uma unidade espiritual, não de organização. Por esta razão, a unidade da igreja cristã, por ser fé no coração, é invisível. E os muitos membros, de diversas nações e classes sociais, formam, pela fé em Cristo, um só corpo de Cristo. E o Senhor Jesus conhece a todos. (2 Tm 2.19) E interessante, o apóstolo afirma que nela há “livres e escravos” (v.13). Lembramos o caso do escravo Onésimo, a respeito de quem o próprio apóstolo Paulo relata em sua carta a Filemon. Este escravo fugiu do seu patrão, e foi buscar refúgio junto ao apóstolo Paulo. Paulo o instruiu na palavra de Deus. O escravo Onésimo aceitou a fé cristã. Paulo então o mandou de volta para o seu patrão, Filemon, recomendando-lhe que receba seu escravo Onésimo de volta, mas o trate agora como irmão em Cristo. Interessante, a situação social não se alterou. Filemon permanece Senhor e Onésimo escravo, talvez diríamos hoje: Patrão e empregado. Mas o relacionamento entre os dois foi transformado pela fé cristã. Mesmo em situações sociais diferentes, eram irmãos e se tratavam como irmãos na fé, tendo cada qual a sua responsabilidade, seus deveres e sua posição social. Cada qual procurando servir a Cristo, na posição social e na responsabilidade que Deus lhe conferiu. O apóstolo Paulo escreve ainda em sua carta aos efésios: “Esforçai-vos, por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.” (Ef 4.3). O apóstolo não nos ordena criar a unidade, como o querem os movimentos ecumênicos, mas preservar o que Deus criou. Isto acontece quando nos apegamos à palavra de Deus e somos fiéis ao que Deus diz em sua palavra, não nos desviando dela nem para um nem para o outro lado. Creio na única, santa igreja cristã, a comunhão dos santos, que é o corpo de Cristo. Sejamos gratos a Deus por isso. Supliquemos que ele nos conserve nesta fé e nos faça crescer no conhecimento de sua palavra, nos dê forças para servi-lo com os dons, a responsabilidade e no lugar que nos concedeu para servir.
O LUGAR ONDE DEUS CONGREGA E FALA A SEUS SANTOS Estimados irmãos e irmãs em Cristo! Que bênção, quando cristãos de uma determinada localidade podem se reunir em torno do evangelho e dizer: Fala Senhor, porque o teu servo ouve! Quantas pessoas, nos mais diferentes lugares no mundo, gostariam de ter o Evangelho de Cristo e uma igreja, a fim de poderem se reunir para ouvir a Palavra de Deus, adorar e louvar a Deus, mas eles não a possuem. Muitos paises não permitem a entrada da Palavra de Deus. Em mais de cem países os cristãos são perseguidos. Que bênção podermo-nos reunir livremente em torno do Evangelho. Sejamos agradecidos. Baseado na leitura do evangelho deste terceiro domingo após Epifania, queremos meditar sobre o tema: O que é uma Comunidade Evangélica Luterana? 1) O lugar onde Deus congrega e fala a seus santos, 2) para reconciliação, anunciando-lhes o Evangelho. I – O lugar onde Deus congrega seus santos. Nosso texto relata que num sábado Jesus foi à Sinagoga, como era seu costume. Sábado quer dizer: descanso. Era o dia de descanso. O verdadeiro descanso começa com o descansar em Deus. Na época de Jesus, toda a cidade ia no sábado para a Sinagoga. Jesus também tinha esse costume. Hoje, infelizmente, muitos não têm mais esse costume, inclusive muitos que se chamam cristãos. Eles procuram descanso nas diversas distrações que o mundo oferece. Mas ali não encontra descanso, pelo contrário, voltam ainda mais cansados. Que tristeza. Verdadeiro descanso começa com o descansar na graça de Deus, revelada no Evangelho. Só ali encontramos lenitivo para nossa consciência, alívio das preocupações, paz e esperança. A palavra Sinagoga, significa, (raiz de sua palavra: Sinago) lugar de reunião, para reconciliação. É um lugar onde os santos se reúnem, atendendo o chamado de Deus, como confessamos: Creio que o Espírito me chamou. O Espírito Santo nos chamou pelo evangelho, ilumina com seus dons, congregou e conserva nesta fé. Assim Deus chamou a Abraão para fora de sua parentela, assim formou o povo de Israel, assim continua chamando ainda hoje por sua palavra. Culto é, portanto, a reunião dos chamados, dos santos de Deus para ouvir a Deus e lhe tributar honra e louvor. Conforme confessamos: Creio na santa igreja cristã, a comunhão dos santos. O Novo Testamento afirma isso muitas vezes. O apóstolo Paulo escreve: Assim já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus. (Ef 2.19) O apóstolo Pedro afirma: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus. (1 Pe 2.9) Que santidade é essa?Não uma santidade conquistada por nossos esforços, mas conferida pela ação do Espírito Santo, que opera pelo batismo e pelo Evangelho. Pela graça sois salvos, mediante a fé, isto não vem de vós é dom de Deus, não de obras para que ninguém se glorie. (Ef 2.8) E nós a temos, enquanto permanecemos na fé na graça de Cristo. Estes santos se reúnem para quê? Eles se reúnem em torno da Palavra de seu Deus para ouvir a Deus, para dizer: Fala senhor, porque o teu serve ouve. (1 Sm 3.9) E aqui vale: Cale-se diante de Deus todo o homem. (Zc 2.13) Muitas vezes cantamos: Reunidos só para louvar, mas não esqueçamos: Em primeiro lugar para ouvir, então segue a adoração e o louvor. Hoje estamos reunidos aqui novamente para ouvir palavra de Deus. E queremos lembrar, quando se lê aqui seja o Antigo Testamento, os Salmos, ou trechos do Novo Testamento, tenha o leitor (liturgista ou pastor) voz boa ou voa rouca, quando se lê a palavra de Deus é Deus que está falando. E ele está falando a maior sabedoria que existe nesta terra, palavra da vida, que nos confere a verdadeira paz e esperança. Aqui se serve o verdadeiro pão da vida, (Jo 6.35) que é verdadeiro alimento para a alma e confere verdadeiro descanso. Nesta reunião dos santos há ainda muitos fracos na fé, pois somos simultaneamente santos-pecadores, totalmente santo e totalmente pecadores. E não só isto, infelizmente há também o joio no meio do trigo, (Mt 13.25) aqueles que confessam com a boca, mas na verdade não crêem, não têm fé. E há, por vezes, na igreja, também, falsos profetas, lobos vestidos de ovelhas. (Mt 7.15; Mt 36.27) Por ser um lugar onde os santos se reúnem, Satanás está sempre ao derredor, procurando alguém para devorar. Resisti-lhe firmes na fé (Tg 4.7). Queira Deus em sua graça nos preservar sua palavra e nos conceder sempre pregadores fiéis. 2. Congrega para reconciliação, que lhe é anunciada pelo Evangelho . Vamos olhar agora para Jesus, para a mensagem que Jesus ao abrir o livro, leu: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres: enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para opor em libertação os oprimidos, e apregoar o ano aceitável no Senhor. (v.18,19)Que mensagem! Evangelizar os pobres, proclamar a libertação aos cativos, restaurar a vista aos cegos, por em liberdade os oprimidos, apregoar o ano aceitável do Senhor. Tal mensagem se anuncia somente na Igreja Cristã. O que significa isto?
Este é o evangelho, a boa notícia de que Deus cumpriu sua promessa dada a Adão e Eva e proclamada por muitos profetas. Ele enviou o Salvador e salvou a humanidade, para que todo aquele que se arrepende e crê, tenha a vida eterna. Alguém dirá: Se cada domingo é um dia tão maravilhoso, não deveriam todos acorrer para a Igreja. Sem dúvida que sim. Os judeus vieram à Sinagoga. Ouviram a Jesus. Ficaram maravilhados. Mas a história não terminou bem. Quando Jesus se revelou como Filho de Deus, Salvador da humanidade, a grande maioria deles se chocou com suas afirmações e sua humildade. Empurraram no para fora da Sinagoga e queriam jogá-lo precipício abaixo, para matá-lo. Jesus, usando sua majestade divina, passou no meio deles e foi embora. Assim o é ainda hoje, diante de Jesus os espíritos se dividem e muitos rejeitam o santo Evangelho, mas isto não nos deve esmorecer na luta. Não tema ó pequenino rebanho. Continuem ouvindo a Jesus, testemunhando dele. Não se escandalizem com as fraquezas, nem a joio no meio do trigo, nem a humildade da igreja. Orem e permaneçam fiéis. Se file até a morte e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.10). Amém. Rev. Horst R. Kuchenbecker
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