Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Epifania de Nosso Senhor – 6 de janeiro de 2007
Mateus 2:1-12 – Horst R. Kuchenbecker
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Estamos diante da festa de Epifania (manifestação). Jesus é manifesta aos gentios. É o Natal dos gentios. Por isso a Igreja Ortodoxa no oriente, festeja este dia como seu grande dia de Natal. Isto nos leva a refletir sobre a história dos reis Magos (Mt 2.1-12).

Fundo Histórico.
Importa lembrarmos bem os acontecimentos. O tumulto com o recenseamento em Belém começou a amainar. A cidade voltou a sua pacata calma. José e Maria procuraram um abrigo melhor, na casa de um parente ou talvez tenham alugado uma casa.

Ao oitavo dia, após o nascimento, Jesus foi circuncidado. (Lc 2.21) A circuncisão era executada, normalmente, pelo pai em casa. Como Jesus nasceu sob a lei (Gl 4.4), mesmo não tendo pecado, mas pesando sobre ele os pecados da humanidade, ele foi submetido à circuncisão. Derramou ali sua primeira gota de sangue em prol da humanidade.

Quando se aproximou o 40°. dia após o nascimento, coube a Maria oferecer seu sacrifício de purificação, para isso eles foram a Jerusalém. (Lc 2.21-38) Ali ela ofereceu duas rolas, sinal de que eram pobres. Ali tiveram também a surpresa da recepção por Simeão e seu cântico e o louvor da profetiza Ana. Para Maria e José tudo isso era surpresa, mistério. Lemos a respeito de Maria: Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração. (Lc 2.19) Então voltaram a Belém. Provavelmente José procurou trabalho como carpinteiro. Milhares de cristãos até hoje imitam Mria, meditando sobre esses acontecimento, este grande mistério do amor de Deus revelado em Cristo. Ele continua ser fonte de consolo e paz e será assim até a volta de Cristo em glória.

Os reis Magos
. E então – não sabemos bem em que data – aconteceu o episódio dos reis Magos.Mateus escreveu seu evangelho com o propósito de mostrar aos judeus que Jesus é o Messias prometido. Prometido a Adão e Eva, a Abraão, a Davi com diversos detalhes dados pelos profetas. E o profeta Miquéias dá o detalhe de que ele nasceria em Belém da Judéia. E reis viriam de longe para adorá-lo.

Pois bem, os Magos vieram do oriente, da Babilônia, a Jerusalém e se dirigiram ao rei Herodes, perguntando pelo recém-nascido Rei dos judeus? A vinda dos reis Magos a Jerusalém causou grande alvoroço. Afinal, o grupo não foi pequeno. Eram sábios príncipes. Não sabemos o número. Uma tradição antiga menciona 14, uma outra lenda menciona três e lhes indica os nomes: Gaspar, Baltasar e Melchior. Mas isto é pura fixão. A comitiva não dever ter sida pequena. Sem dúvida vinha acompanhada por um pequeno exército. Daí a razão do espanto: O que significa isso? Mais problemas? Guerras? E ficaram ainda mais alvoroçados, bem como o rei Herodes, quando eles perguntaram pelo recém-nascido Rei dos Judeus.

Herodes convocou todos os principais sacerdotes e escribas do povo, indagou deles a respeito de Cristo e onde ele deveria nascer. Aqui surgem diversas perguntas. Por que Herodes convocou os sacerdotes e escribas? Como ele ligou a expressão: Rei dos Judeus ao Messias prometido? Quem eram esses Magos? Como eles sabiam a respeito do nascimento do menino Jesus e de ser ele o Messias prometido?

Precisamos lembrar que o povo de Israel passou 70 anos no cativeiro babilônico. Ali construíram sinagogas e cultivaram sua religião. Logo, os cindo livros de Moisés, Salmos e de vários livros dos profetas eram conhecidos ali. O profeta-Estadista Daniel, filho da descendência real judaica, foi conselheiro de sete reis na Babilônia, durante 72 anos. Foi testemunha fiel do Deus verdadeiro no palácio destes reis que dominaram o mundo. Dois desses reis reconheceram em Jeová o único e verdadeiro Deus e mandaram publicá-lo no império. Daniel foi chefe dos Magos, nobres, príncipes filósofos, pesquisadores, conhecedores das ciências. Eles conheciam as profecias de Daniel não só a respeito do futuro dos reis e da história do universo, conforme as visões de Daniel, mas também do fato de ser o Messias, o Cristo, o Salvador da humanidade em torno de quem tudo girava. O centro da humanidade.

Se perguntarmos, portanto, quem revelou aos Magos a respeito do nascimento de Jesus? Eles disseram: Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para adorá-lo. (v.2) Muitos concluem que eles deveriam ter sido astrólogos muito sábios para chegarem a essa conclusão. Mas este não é o caso. A fé não vem das estrelas. Fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo. (Rm 19.17) O conhecimento de Cristo é sabedoria de Deus em mistério... que nenhum dos poderosos deste século conheceu. (1 Co 2.7,8) A verdade sobre Deus e nossa vida não se descobre pela astrologia, filosofia, psicologia, ciência ou meditação profunda. Este mistério só Deus pode revelar e revelou. Tal conhecimento só o Espírito Santo pode dar, e ele não o dá pelas estrelas ou astrologia, mas somente pela palavra de Deus. Como então os Magos souberam que esta estrela estava indicando o nascimento do Messias? Isto eles souberam pela Escritura. Pela palavra de Deus, que 500 anos antes foi ensinada no próprio palácio pelo chefe dos sábios, a saber, Daniel. Eles conheciam a profecias do profeta Balaão, que era da Babilônia e pelo qual Deus falou: Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as temporãs de Moabe, e destruirá todos os filhos de Sete. (Nm 24.17) E no Salmo lemos: Então o Rei cobiçará a tua formosura; pois ele é o teu Senhor; inclina-te perante ele. (Sl 45.11) (Esse trecho fala da noiva do Rei Jesus que ama sua igreja, que lhe obedecerá.) Assim o Rei dos judeus é o Messias prometido, o Senhor e Salvador da humanidade. Isto os Magos conheceram e outras profecias mais. A estrela especial, chamou sua atenção, dando-lhes a convicção: O tempo de cumpriu.

Quanto tempo esses Magos levaram até Jerusalém. Se foram pelo deserto, o que é muito arriscado e perigoso, levaram três meses. Mas é mais provável que foram pelo norte, por Damasco, o trajeto que Abraão percorreu. Por trajeto levaram mais ou menos nove meses a um ano. Como eram da casa real, príncipes, sem dúvida vinham acompanhados por um pequeno exércitos e muitos servos com barras e suprimentos. Portanto um grupo expressivo. Daí a razão do alvoroço em Jerusalém. E sendo eles da casa real, dirigiram-se diretamente ao palácio do rei Herodes.

Com que expectativas chegaram a Jerusalém. A capital do povo de Deus. Ali estava o tempo do único Deus verdadeiro, que enviaria seu Filho unigênito para salvar a humanidade. Ali está o verdadeiro culto. Perguntaram, então, pelo recém-nascido Rei dos judeus, a saber, o Messias, conforme as profecias. Herodes ficou espantado. Pediu imediata reunião dos sacerdotes e escribas e os consultou a respeito.

Após pesquisa, estes informaram ao rei Herodes o que o profeta Miquéias anunciou: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti saíra o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel. (v.6) O texto original do profeta diz: E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. (Mq 5.2) Há pequenas diferenças entre os dois textos: a) pequena demais = a menor entre. Provavelmente Mateus tomou o texto grego da Septuaginta. b) para figurar como grupo de milhares de Judá = entre as principais de Judá. Miquéias usa “grupo de milhares”, porque sobre cada mil havia um oficial, ou príncipe. Belém era pequena e só tinha um príncipes.

Com isto Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo em que a estrela aparecera. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide informar-vos cuidadosamente a respeito do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo. (v.8) Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino. E vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso jubilo. (v.9,10)

Após a informação partiram logo. Já deve ter sido à tardinha. Herodes não os convidou para pousarem. E parece que eles não se sentiram bem em Jerusalém. A primeira decepção foi que na capital, nem o povo, nem sacerdotes nem o rei sabia algo do recém-nascido Rei Messias, quando eles deveriam ter sido os primeiros a tomarem conhecimento – para o que não faltou informação, anjos cantaram, pastores anunciaram. Em segundo lugar, após a leitura da profecia não houve reação entre os sacerdotes em saber mais a respeito e proclamá-lo ao povo. Só Herodes pediu mais informações, mas isto com segundas e mas intenções. Ninguém de Jerusalém os acompanhou. Eles, que estavam ansiosos para ver o menino e vieram de tão longe.

A igreja da época estava morta. Isto foi sem dúvida uma grande provação para a fé desses Magos. Será que as pessoas, em meios aos festejos de Natal em nossos dias, encontram a Cristo? Por isso, quando anoiteceu, ao verem a estrela se alegraram com grande e intenso júbilo. A estrela neste caso os fortaleceu na fé e deu lhes coragem para prosseguirem em sua busca pelo menino, o Rei, o Messias.

Entrando em casa, viram o menino com Maria, suja mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abriam os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra. (v.11) Eles vivenciaram o que lemos na leitura do Antigo Testamento do dia de hoje: Gentios se encaminha par a tua luz, e os reis para o resplendor que te nasceu (Is 60.3) Apesar de toda a pobreza e simplicidade, eles viram com os olhos da fé o resplendor desse menino, o Salvador do mundo, o Rei dos reis. Então deram seus presentes. Ouro, é para reis; incenso, simboliza as orações a Deus; e mirra, o sofrimento. Estes presentes são confissão de sua fé, da qual não se deixaram desviar nem pela hipocrisia de Jerusalém, nem pela pobreza e simplicidade do menino Jesus em sua humilhação.

Eles pousaram ali, mas não puderam demorar. Em sonho foram avisados para que não voltassem a Herodes, assim voltaram por outro caminho, cheio de júbilo por terem visto, conhecido e adorado o menino Jesus.

Jesus é nossa esperança. Quão felizes e gratos devemos ser a Deus que nos conduziu ao conhecimento deste Salvador e nos manteve na fé neste mistério durante as várias provações. Importa agora adorar e testemunhar, enquanto aguardamos a manifestação de sua glória no dia do juízo final.

Rev. Horst R. Kuchenbecker
São Leopoldo, RS, Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
horstkuchenbecker@gmail.com
www.ielb.org.br


(zurück zum Seitenanfang)