Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Dia de Finados – 02 de novembro de 2006
Hebreus 9.27; Mateus 7.13-23 – Lindolfo Pieper
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


 

O TREM DA VIDA

Hebreus 9.27: “Aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo”.

Alguém comparou a nossa vida com uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de belas paisagens e caminhos acidentados.

Quando nascemos, nós embarcamos nesse trem. Então encontramos duas pessoas, as quais, acreditamos, ficarão conosco até o fim da viagem. São os nossos pais. Infelizmente isso não é verdade. Em alguma estação eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seu carinho, proteção, amor e afeto.

Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem outras pessoas que virão a ser importantes para nós, que são os nossos irmãos, amigos e amores.

E no trem há também pessoas que passam de vagão a vagão, prontas a ajudar a quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que quando desocupam os seus assentos ninguém percebe a sua falta.

Alguns passageiros se acomodam em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. São os excluídos, aqueles que a sociedade marginou. Mas isso não nos impede que, com esforço, atravessarmos o nosso vagão e encontramos com eles para lhes prestar a nossa solidariedade.

E esse trem nunca volta. Diz a Palavra de Deus: “Aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9.27).

Até hoje, com exceção de Jesus, ninguém voltou a viver aqui na terra depois de ter morrido. Quem morre, está morto, não volta mais a viver aqui na terra. É, pois, uma viagem sem volta.

Além disso, com a morte também se decide o destino da pessoa. Quem vai para o céu, fica lá para sempre. Quem vai para o inferno, de lá nunca sai.

Na história do rico e Lázaro que Jesus contou, nos é dito que o rico queria que Abraão lhe mandasse um pouco de água, para aliviar um pouco a sua sede. A resposta de Abraão foi clara em dizer que isso não era possível, pois há um grande abismo que separa o céu do inferno, de sorte que os querem passar para o inferno não o podem, e nem os que estão no inferno poderão passar para o céu.

Quando alguém for fazer uma viagem, ele precisa de três coisas:

Primeiro: ele precisa saber para onde quer ir. Há muita gente que viaja sem rumo e sem destino nesta vida. São como Voltaire, que disse, momentos antes da sua morte: “Eu nasci e não sei como, vivi e não sei porque e estou de partida e não sei para onde; dou um salto no escuro”.

De modo geral os homens agem como se a vida terminasse com a morte. A Bíblia, porém, nos ensina que esta vida é apenas uma preparação para a eternidade. Nossa vida continua por toda a eternidade. E a escolha que fizermos agora decide o tipo de vida que vamos ter no futuro. Diz Jesus: “A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui”. E, “O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma”.

Nós temos uma mente, precisamos de estudo. Temos um corpo, precisamos de comida. Mas temos também uma alma, precisamos de Deus. ”Não só de pão viverá o homem”, diz Jesus.

Em segundo lugar: para se fazer uma viagem é preciso, além do destino, saber o caminho que nos leva ao destino escolhido.

Na viagem à eternidade existem apenas dois destinos: o céu e o inferno. E para chegar a qualquer um desses dois lugares existem apenas dois caminhos: o caminho largo e o caminho estreito.

Certa vez os discípulos queriam saber de Jesus quantos é que iam para o céu. E Jesus lhes respondeu, dizendo: “Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e são muitos os que entram por ela”.

Há um caminho largo e neste caminho estão as pessoas do mundo, como o traficante de drogas, o alcoólatra, o assassino, o ladrão, o adúltero, o feiticeiro – e também muita gente da igreja.

Logo adiante, no sermão do monte, encontramos pessoas que achavam que iam para o céu, porém, quando chegaram lá não conseguiram entrar. Elas então, surpresas, dizem: “Mas, Senhor, porventura não temos nós profetizado em teu nome e em teu nome não expelimos muitos demônios e eu teu nome não fizemos muitos milagres?” E Jesus lhes responde, dizendo: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”.

Este caminho largo é enganoso. Parece certo viver só para si. Parece certo viver uma vida egoísta e arrancar da vida tudo o que se pode, satisfazendo os prazeres da carne. Mas o fim é a morte. Diz a Palavra de Deus: “Há caminhos que parecem direito ao homem, mas no fim este caminho termina em morte”.

Precisamos gastar mais tempo pensando no futuro e o que ele reserva para nós, e não apenas nesta vida. Senão seremos surpreendidos com o inferno.

A Bíblia, em vários lugares, nos adverte sobre o inferno. Jesus falou muito sobre o inferno. Na verdade, ele falou mais sobre o inferno do que qualquer outra pessoa. Ele disse, por exemplo, que o inferno não foi preparado para o homem.

Não era da vontade de Deus que o homem fosse para lá. O inferno foi preparado para o diabo e os seus anjos. Mas o homem se rebelou contra Deus e resolveu seguir o diabo.

A existência do inferno indica que o homem tem a liberdade de escolha. Nós podemos escolher: o caminho largo ou o caminho estreito.

No fim do caminho largo há um lugar, que se chama inferno. No fim do caminho estreito há um lugar, que se chama céu. E cada um de nós está num destes caminhos: ou estamos no caminho do céu ou no caminho do inferno. Não há outra alternativa.

Jesus continua: “Estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que se acertam com ela”.

Caminho estreito é sinônimo de renúncia, de abnegação e sacrifício. E isso os homens não gostam. O que o ser humano quer é liberdade, tolerância e prazer carnal. Jesus, no entanto, diz: “Estreita é a porta e apertado o caminho”, e acrescenta: “Se alguém quer vir após mim, tome a sua cruz, dia-a-dia, e siga-me”.

E qual é esse caminho? Jesus mesmo responde, dizendo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”.

O caminho serve para nos levar a algum lugar. Se, de um lado, o caminho largo leva para o inferno, o caminho estreito, de outro lado, nos conduz aos céus. E esse é o lugar para onde todas as pessoas desejam ir.

Em terceiro lugar: para se fazer uma viagem, é preciso estar preparado.

Para ir para o inferno, não é necessário nenhum preparo. Mas para chegar ao céu é preciso conhecer o caminho e ter um passaporte.

A boa notícia é que alguém pagou a nossa passagem. Esse alguém é Jesus. Jesus, com o seu padecimento e morte, além de pagar a conta, nos espera na última estação para o desembarco na eternidade.

Há uma música, muito conhecida, que diz: “Vou no trem das boas novas lá do céu, que conduz à salvação. Vou no trilho certo e nunca voltarei ao lugar da perdição. Já tenho o passe, o sangue que Jesus deu por minha redenção. Vou no trem das boas novas lá do céu que conduz à salvação”.

Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tendo a Jesus como o nosso Salvador e mantendo um bom relacionamento com os demais passageiros, lembrando sempre que precisamos uns dos outros.

E, caso alguém não tenha o passaporte para o céu, falemos-lhe de Jesus: o caminho, a verdade e a vida, somente através de quem é possível chegar ao céu.

Que Deus, que através de Jesus nos preparou o caminho para o céu, nos conserve nesse caminho, para que possamos chegar com segurança ao destino almejado, que é a Pátria Celestial.

Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
piperlin@uol.com.br; pieperlin@bol.com.br
www.ielb.org.br

 

 


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