Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Sétimo Domingo após Pentecostes – 23 de julho de 2006
Série Trienal B – Ezequiel 2.1-5 – Everton Gustavo Wrasse
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Palavra do Senhor – Ez 2.1-5:

“Esta voz me disse: ‘Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo’. Então entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava. Ele me disse: ‘Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se insurgiram contra mim; eles e seus pais prevaricaram contra mim, até precisamente ao dia de hoje. Os filhos são de duro semblante e obstinados de coração; eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus. Eles – quer ouçam, quer deixem de ouvir, porque são casa rebelde – hão de saber que esteve no meio deles um profeta’.”

Introdução

O livro de Ezequiel está situado em um período histórico bastante conturbado da história do povo de Israel.

Estamos falando do segundo cativeiro do povo de Israel, por volta de 600 anos antes de Cristo. O então rei da Babilônia, Nabucodonosor, invade o Reino de Judá, e leva boa parte do povo de Israel para servir de escravo na Babilônia.

E no meio deste povo estava o jovem Ezequiel, autor do livro “Ezequiel”. E o jovem Ezequiel, assim como os demais levados para servirem de escravos na Babilônia, começa a duvidar do poder de Deus.

‘Ora’, pensava o povo, ‘se Deus realmente nos amasse, não deixaria isso acontecer.’ E então a raiva, o ódio e o desprezo de Deus e da Sua Palavra tomaram conta do povo levado como escravo para a Babilônia. Este povo não queria mais saber da Palavra de Deus. Estava revoltado contra Deus.

E então, Deus, em uma visão, aparece de forma magnífica a Ezequiel. Assim Ezequiel é chamado para ser um profeta de Deus. Após ver a glória do Senhor Deus, Ezequiel devia agora anunciar a todos os exilados o Deus que continuava existindo, o Deus que não havia abandonado o povo.

1. A rejeição da Palavra

E a tarefa do profeta Ezequiel não era fácil. Anunciar um Deus maravilhoso a um povo revoltado e sofrendo não era uma tarefa fácil.

O povo estava revoltado contra Deus. Considerava-se traído por Deus. Este Deus lhes havia prometido anos de glória na Terra Prometida. Mas agora eles estavam presos como escravos. Será que o Deus que havia prometido glórias a eles e a seus filhos, agora os havia abandonado?

Irmãos, o cativeiro babilônico nada mais era do que um castigo, dado ao povo, por causa do seu pecado. A aliança feita por meio de Abraão entre Deus e o povo havia sido quebrada. O povo simplesmente não dava mais ouvidos à Palavra de Deus e às suas ordens. Por esse motivo, Deus os havia assim castigado.

Israel achava que Deus não via os seus pecados ou que, então, se visse, não se importava e não castigava – como muita gente pensa hoje.

Mas Deus não muda. A sua aliança dura para sempre. E os seus mandamentos devem ser cumpridos por todas as gerações. E por causa disso o povo agora é levado como escravo. E era isto que o povo não compreendia.

Por isso a tarefa do profeta Ezequiel, de anunciar um Deus onipotente, não era fácil nem simpática. Era, isto sim, uma tarefa duríssima, confiada a Ele.

Mas Deus diz a Ele que, independentemente dos resultados da sua pregação, o profeta deveria deixar claro que falava em nome do Senhor. Independentemente dos resultados e da reação do povo de Deus, Ezequiel devia continuar pregando a Palavra de Deus, dizendo: Assim diz o Senhor Deus.

Diante disso podemos chegar a conclusões e nos perguntar:
Não estamos vivendo hoje praticamente a mesma situação?!?
A vida espiritual de muitos membros da congregação e de toda a igreja não está desviada de Deus?
A Palavra de Deus pregada pelo pastor e pelos líderes não está sendo muito ignorada e desprezada?
Por meio dos profetas, no Antigo Testamento, Deus corria atrás do seu povo desgarrado. Deus enviava profetas para anunciar a salvação ao seu povo.
E assim Deus faz ainda hoje. Ele envia pregadores e ministros para anunciar a salvação ao seu povo.
E, como no Antigo Testamento, os pregadores e a sua pregação não são debochados, ridicularizados e colocados em segundo plano?
Os mandamentos não são simplesmente ignorados, e a aliança feita por Deus conosco, que deveria ser cumprida por nós, não é muitas vezes esquecida?
Não podemos claramente hoje ser comparados ao povo que foi levado escravo para a Babilônia?
Sim, a Bíblia já previa isso. Ela nos diz que muitos negarão a Deus, inclusive os da própria casa, isto é, os que são chamados Filhos de Deus.

Novamente eu vos pergunto:
Não somos nós hoje tais Filhos de Deus?

Não somos nós que muitas vezes blasfemamos contra Deus e negamos a pregação da Sua Palavra, não vindo aos cultos, não participando dos Sacramentos - por preferirmos coisas, pessoas, sabedorias etc?

Olhando para o livro de Ezequiel, nos deparamos com a nossa própria situação.

É por isso que nós merecemos o castigo temporal e eterno de Deus. Tal qual o povo de Judá mereceu o castigo do cativeiro, assim também nós merecemos o castigo da condenação e da morte eterna. Sim, meus queridos, porque também nós pecamos contra a Lei de Deus e contra os seus mandamentos.

2. Deus nos chama (pessoas simples)

Mas ainda bem que nós temos um Pai celeste que nos ama e zela por nós.

Ainda bem que o bom Pai celeste ainda continua, ano após ano, enviando obreiros e mensageiros do Seu glorioso reino para nós.

Ainda bem que Deus, na sua mesma infinita bondade, resolveu poupar-nos dos castigos que merecíamos. Com esta finalidade, Ele enviou o Seu Filho Jesus para morrer por nós, para pagar todos os nossos pecados, para ser castigado em nosso lugar.

Por isso cabe a nós agora continuarmos apegados nesta fé salvadora, e continuarmos alimentando esta fé, mediante o estudo diário da Palavra, e também a participação nos Sacramentos, administrados em nossos cultos, Batismo e Santa Ceia.

E cabe a nós agora também anunciar esta fé salvadora, esta fé que se revela através das Escrituras Sagradas. Sim, meus irmãos, porque assim como o profeta Ezequiel, todos nós fomos chamados para sermos pregadores da santa Palavra de Deus, como lemos, por exemplo, das palavras do apóstolo Pedro, em sua primeira carta: “Vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei. [...] Vocês foram escolhidos para anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz (1Pe 2.9)”. Lutero disse: “O ofício de pregar não é apenas um direito da Igreja, mas é um mandamento de Deus dado a todos os cristãos” (O. Sel. 7, 96.15).

Por isso, amados, devemos nós também assumir o caráter de pregadores da Palavra de Deus, e anunciá-las a todos os povos, independentemente de ouvirem e crerem ou não.

No mundo em que vivemos nós seremos rejeitados, assim como o foi Ezequiel. Até mesmo o próprio Jesus Cristo foi zombado pelo povo, como diz o Evangelho de hoje. Jesus Cristo foi pregar a sua Palavra aos povos da sua própria terra, e foi zombado e criticado. Mesmo assim, ele continuou pregando em outros lugares. Ele não desanimou e nem parou de pregar.

E porque seremos rejeitados? Porque o mundo procura só um Deus que resolva os seus problemas materiais, um Deus “aqui e agora”. E, quando nós apresentamos um Deus que nos mostra tesouros eternos, mas não concretos aqui e agora, que não são visíveis nem palpáveis, muitos se decepcionam.

Quando nós apresentamos um Deus que promete a vida eterna a todos quantos crêem nEle, muitos se escandalizam. Quando nós falamos que passaremos por aflições neste mundo por causa de Cristo e da Sua Palavra, muitos não o querem seguir, pois preferem só o que lhes é mais fácil, mais imediato e supostamente mais vantajoso.

As aflições serão diversas. Tomemos como exemplo o apóstolo Paulo. No relato da epístola de hoje, vemos o apóstolo Paulo falando de uma enfermidade que o deixava aflito. Mesmo assim ele continuou pregando a Palavra de Deus a todos. Ele não desanimou, porque a graça de Deus já era o suficiente para ele.

Os sofrimentos serão muitos, meus irmãos. Por causa da pregação da Palavra de Cristo passaremos por muitos sofrimentos.

Mas nós não devemos desanimar por causa disso. Busquemos forças em Deus, como fez Davi no Salmo lido hoje. Confiemos nas palavras do profeta Isaías: “Assim será a palavra que sair da minha boca: Não voltará para mim vazia (Is 55.11)”. Sim, porque ela produz fé (Rm 10.17). É por isso que devemos pregar, não importa onde, quando ou a quem. Devemos pregar porque nós temos a certeza, pela fé na Palavra de Deus, que a pregação vai, de uma ou de outra forma, surtir algum efeito. Talvez não perceptível a nós, seres humanos. Mas com toda a certeza perceptível ao nosso Pai que está no céu.

Conclusão

Portanto, continuemos firmes na pregação e no estudo da Palavra de Deus. Continuemos apegados a esta fé salvadora, esta fé em Jesus Cristo, que veio para nos salvar de todos os nossos pecados, e nos garantir um lugar no reino dos céus.

Desânimos, aflições, rejeição para com quem prega a Palavra de Deus, tudo isso existirá.

Mas, diz Jesus: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo (Jo 16.33)”.

Que este seja o nosso consolo, o nosso guia e a nossa força nesta nova semana e todos os dias. Amém.

Everton Gustavo Wrasse
Serra – ES – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
evertongw@yahoo.com.br

www.ielb.org.br


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