Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Dia de João Batista – 24 de Junho de 2006
Mt 3, 2.11 – Horst Reinhold Kuchenbecker
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


J o ã o B a t i s t a

Dia 24 de junho, aniversário de João Batista, festa de São João. Ele nasceu seis meses antes de Jesus. João Batista foi dedicado a Deus desde o seu nascimento. Ele foi um “nazireu” (Nm 6.2; Lc 1.15-17). Seu cabelo não deveria ser cortado e ele não deveria beber bebida forte, alcoólica. Sua vinda foi anunciada pelo profeta Isaías, 750 anos antes do nascimento de Cristo.(Is 40.3) Desde pequeno foi cheio do Espírito Santo.(Lc 1.41)

Passou a infância na casa dos pais. Depois, conforme a ordem de Deus, retirou-se para o deserto, onde viveu, alimentando-se de mel silvestre e gafanhotos, até que Deus lhe ordenou que iniciasse seu ministério. Ele pregou no deserto e no rio Jordão. O povo acorria em massa para ouvi-lo.

Ele atuou num tempo em que Israel estava sob o jugo romano. Em Jerusalém havia muita religiosidade, mas só por forma. João Batista pregou vigorosamente arrependimento e fé, pecado e graça, mas não efetuou milagres. Alguns dizem hoje que se o pregador não operar milagres, não é pregador de Deus. Ou, se o pregador não efetuar milagres, sua pregação não é completa. Será? Deus incumbiu à sua igreja batizar e ensinar (Mt 28.29,20). Quanto aos milagres (sinais) (Mc 16.17) “... hão de acompanhar”. Quando e por quanto tempo, isto está nas mãos de Jesus que os enviou. Como João Batista, temos a ordem de fazer discípulos, pelo proclamar e batizar, de pregar arrependimento e fé no evangelho. Anunciar que em Cristo há perdão dos pecados, vida e eterna salvação para todo aquele que se arrepende de seus pecados e crê na graça de Cristo. Este é o evangelho pleno.

1. “Arrependei-vos, porque está próximo o reino de Deus... Eu vos batizo com água, para arrependimento” (Mt 3, 2.11). Em muitas igrejas, o batismo não é estimado, ou digamos aceito como simples cerimônia. Mas o batismo foi um elemento chave no ministério de João Batista, por isso ele recebeu o apelido de Batista. Ele não pregou simplesmente arrependimento e fé, mas batizou para perdão dos pecados. Ele requereu batismo, assim como Pedro e os apóstolos no dia de Pentecostes: “Arrependei-vos e cada um de vos seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38). O batismo é sacramento, isto é, um ato sagrado pelo qual Deus oferece, dá e sela o perdão dos pecados a todos os quem crêem. Jesus disse: “Em verdade vos digo: Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.5). Porque o batismo é tão necessário? Porque é o “lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5). A Bíblia diz: “O batismo vos salva, não da imundície da carne (isto é, da sujeira exterior do corpo), mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo” (1 Pe 3.21). Boa consciência só ganhamos pelo perdão dos pecados. O batizado, que confia na graça de Cristo e enquanto estiver nesta fé, pode dizer com o salmista: “Julga-me, Senhor Deus meu, segundo a tua justiça” (Sl 35.24), e responder: Minha consciência está limpa, não porque não tenho pecados, mas porque eles me foram perdoados, pela graça de Cristo e lavados pelo batismo.

Batismo é um “lavar regenerador”. Este lavar concede um novo nascimento. O batismo é o lava dos pecados e com isto dá o novo nascimento. Dizemos no Catecismo Menor: “O batismo opera a remissão dos pecados, livra da morte e do diabo, e dá a salvação eterna a quantos crêem, conforme dizem as palavras de Deus: “Quem crer e for batizado será salvo” (Mc 16.16). O batismo nos dá a certeza de que nossos pecados foram perdoados. Isto é um profundo consolo, especialmente no momento em somos confrontados com a nossa morte.

Algumas pessoas, lembrando as palavras de João Batista: “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11), afirmaram: O batismo de João foi somente simbólico, água simples, o verdadeiro batismo é o batismo no Espírito Santo, que Jesus prometeu. João, não disse: Eu batizo vocês simbolicamente, com água, e quando Jesus vier, então vocês receberão o Espírito Santo. João Batista disse: “Eu vos batizo com água,” isto é, eu realmente vos batizo. Este batismo com água é verdadeiramente batismo, “batismo para arrependimento” e perdão dos pecados. O batismo de João concedia, realmente, perdão dos pecados aos que criam, dando-lhes uma consciência limpa.

Tal consciência limpa não era concedida automaticamente, não era um simples esquecer os pecados. João o chama de “batismo de arrependimento”. Cada um precisa reconhecer: Sou um mísero pecador, perdido e condenado, mas Cristo me salvou. Em Cristo tenho perdão, vida e eterna salvação. De tal fé brotará a renúncia ao pecado e o amor a Deus e sua lei. Se uma pessoa, após o batismo, ainda pensar: “Vou continuar minha vida como antes, em todos os meus pecados, pois os cristãos que conheço vivem também assim. Afinal, Deus é amor e perdoa automática todos os pecados” - esta pessoa mostra que nada entendeu, que não está arrependida e continua em sua cegueira e morte natural.

João Batista pregou: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Mt 3.3). Deus vem a nós com sua salvação. Mas em nossa cegueira natural resistimos a Deus. Somos espiritualmente cegos, mortos e inimigos de Deus. Pela pregação da palavra de Deus, Deus Espírito Santo precisa quebrar nossa resistência natural, para nos iluminar e levar ao reconhecimento de nossos pecados. Isto ele faz pela lei, pela qual nos leva ao reconhecimento de nossa miséria espiritual e de nosso estado de pecadores perdidos e condenados. E então, pelo evangelho, nos chama e atrai a Cristo, para confiarmos na obra salvífica de Cristo. Assim, opera e gera a fé , a vida nova. Desta fé brota o amor a Deus e ao próximo.

II. “Produzi, pois, fruto digno de arrependimento”. João Batista requereu verdadeiro arrependimento. Alguns, que vieram ao batismo só por curiosidade, ouviram dele as palavras: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, fruto digno de arrependimento” (Mt 3.7). Se alguém achar que, deixando-se batizar mas ficando sem arrependimento, escapará da ira divina, está enganado. Se achar que o batismo é só um rito, uma boa obra que nos torna dignos do perdão, está enganado. Se alguém que foi batizado, mas depois se desvia da fé na graça de Cristo,e julga, fui batizado, está tudo bem, está enganado. O batismo não salva por simples aplicação, sem fé por parte da pessoa. João Batista disse: Eu só batizo os que confessam seus pecados e confiam no Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo. E acrescentou: “Não comeceis a dizer: “Temos por pai a Abraão! Porque eu vos afirmo, que, destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Mt 3.9). Os judeus pensavam que, por serem judeus, Deus não os castigaria. Como hoje muitos cristãos afirmam: Fui batizado! Mas vivem uma vida longe de Cristo, sem estudo da palavra, sem arrependimento diário, sem oração, sem amor ao próximo. Eles precisam se arrepender e converter-se a Cristo, caso contrário perecerão, como os demais incrédulos.

Por natureza carnal, todos nós gostaríamos de escapar da ira de Deus sem arrependimento, sem mudança do coração. Mas João responde: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo” (Mt 3.10). Esse fogo é o inferno. Quem não der ouvidos a esta pregação, não se arrepender de seus pecados e confiar na graça de Cristo, já está julgado e perecerá (Jo 3.18).

Então seremos salvos por obras? Não! Mas, você não pode crer em Cristo e continuar tranqüilamente em sua vida pecaminosa.

Muitas pessoas perguntaram a João: “Que haveremos, pois, de fazer? (Lc 3.10). E ele lhes respondeu: “Reparta com quem não tem... Não cobreis mais do que o estipulado... A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa” (Lc 3.10-14). Ele não lhes disse que deveriam abandonar tudo e seguir a Jesus, deixar seus lares ou fazer obras santas (tornarem-se monge ou freira, dedicarem mais temo aos departamentos da igreja etc.), mas cada qual deveria exercer sua fé em sua família, no local do seu trabalho, na sociedade em geral, e ali trazer os frutos do arrependimento. Se você está arrependido e crê na graça de Cristo, sua vida o mostrará. Você não continuará nos pecados tais como: repugnar seu próximo, seguir falsos profetas, roubar, mentir, se embriagar, ter prazer na pornografia e ser infiel ao sexto mandamento. Se você está triste por causa de seus pecados e confia no perdão que Deus lhe concede por amor a Cristo, então você andará no Espírito e fará as obras do Espírito que são: amor, alegria, bondade, etc. (Gl 5). E lembre: Estes são os frutos do arrependimento, não o caminho da salvação. Fazendo tudo isso você não merecerá o céu. Esta honra cabe somente a Jesus. Ele conquistou o céu para nós.

Vamos repetir: Arrependimento não consiste simplesmente em reconhecer seus pecados e procurar corrigir alguns pecados graves em sua vida, achando que assim se tornará digno do perdão de Deus. Verdadeiro arrependimento é reconhecer: estou perdido, preciso de um salvador; e reconhecer que só Cristo poderá me salvar, somente nele há perdão dos pecados, vida e eterna salvação e confiar nesta graça. Da nova vida, da fé, brotará o amor a Deus e ao próximo, o esforço diário por uma vida em santificação, não para obter o perdão, mas por sermos filhos renascidos de Deus. Assim João Batista preparou o caminho para Jesus.

III. “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” Vendo-o pregar assim, com veemência e convicção, muitos pensaram ser ele o salvador e lhe perguntaram: “Quem és tu?” (Jo 1.19). Ele respondeu: “Eu na verdade vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias: ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3.15-16). Jesus é o Salvador. Ninguém pode ser seu próprio salvador, nem um irmão salvar o outro (Sl 49.7). João apontou para Jesus e disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” (Jo 1.29). Jesus é o Messias anunciado, o verdadeiro Deus, gerado do Pai desde a eternidade, e verdadeiro homem, nascido da virgem Maria. Ele como substituto de toda a humanidade cumpriu a lei, por sua paixão e morte salvará, salvou a humanidade da ira de Deus, da morte e do poder de Satanás. Só nele há verdadeira e completa salvação (At 4.12). E todo o que crê, tem o que as palavras lhe dizem, prometem e selam, perdão, vida e eterna salvação. Este Salvador vos batizará com o Espírito e com fogo. Isto aconteceu no dia de Pentecostes, quando Deus derramou seu Espírito, com sinal de línguas de fogo na cabeça dos discípulos. Este evangelho deve ser pregado até ao fim dos séculos, para salvação de todo o que crê.

A pregação de João Batista vale-nos ainda hoje. João preparou o caminho para Jesus, que iniciou seu ministério, dizendo: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 4.17). Ele enviou seus discípulos a pregar o evangelho, “para que todo o que se arrepende e crê, não pereça mas tenha a vida eterna” (Jo 20.31). “Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam(fé)” (Lc 11.28). Amém.

Horst Reinhold Kuchenbecker
São Leopoldo – RS – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
horstrk@povo.net
www.ielb.org.br

 


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