Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Sétimo Domingo de Páscoa - 28 de Maio de 2006
Série Trienal B – João 17.11b-19 – Adilson D. Schunke
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


11 Eu não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste...18 Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo. (João 17.11 e 18)

A Ascensão de Jesus. Celebrada na igreja cristã, na 5ª feira última sugere que, no final do caminho percorrido em e serviço, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos dar continuidade ao projeto salvador de Deus para todas as pessoas através do nosso envolvimento pessoal, nosso testemunho.

No Evangelho, Jesus ressuscitado já se vê no céu, e ajuda seus discípulos a vencer a desilusão e o comodismo e envia-os em missão, como testemunhas do projeto de salvação de Deus. Mas com a promessa gloriosa de que de junto do Pai, continuará a acompanhar seus discípulos e, através deles, a oferecer a vida nova e definitiva a todas as nações..

A relação entre esta oração e o discurso de despedida de Jesus, pode ser encontrada no versículo inicial: "Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse..." - João 17:1. O propósito de Jesus era preparar seus discípulos para os dias difíceis que viriam e para a missão de que lhes iria incumbir. Por isso discípulos ouvem esta oração.
O texto faz parte da Oração Sacerdotal de Jesus. Jesus não ora ao Pai para que ele não os tire do mundo mas par que sejam guardados do maligno.

Deus não quer que sejamos comerciantes, fabricantes ou fazendeiros de sucesso. Mas pessoas que amam o próximo como a si mesmo. Será que Deus quer que nós sejamos uma comunidade de muito sucesso? Ou uma comunidade unida na vontade e no amor de Deus?

A questão central abordada no nosso texto é a do papel dos discípulos no mundo, após a partida de Jesus ao encontro do Pai. Jesus aqui, já define a missão dos discípulos; depois de ressuscitar partirá ao encontro do Pai; e os discípulos, por sua vez, partem ao encontro do mundo, a fim de concretizar a missão que Jesus lhes confiou.

E o primeiro enfoque do envio e do mandato que Jesus dá aos discípulos é o da universalidade da salvação “também eu os enviarei ao mundo.”. A missão dos discípulos destina-se a “todo o mundo” e não deverá deter-se diante de nenhuma barreira, sejam raciais, geográficas ou culturais. A proposta de salvação que Jesus fez e que os discípulos devem testemunhar, destina-se a toda a terra. Por isso esta Oração de Jesus se denomina de “Oração Sacerdotal”

Jesus também define o conteúdo do anúncio: “A tua palavra é a verdade”! É o “Evangelho”. No Antigo Testamento a palavra “evangelho” está ligada à “boa notícia” da chegada da salvação para o Povo de Deus. E na boca de Jesus, a palavra “Evangelho” designa o anúncio de que o “Reino de Deus” chegou aos homens, trazendo-lhes paz, vida e felicidade eterna. Para as primeiras comunidades cristãs, o “Evangelho” é o anúncio de um acontecimento único, capital, fundamental: de que em Jesus Cristo, Deus veio ao encontro dos homens, manifestou-lhes o seu amor, inseriu-os na sua família, convidou-os a integrar a comunidade do Reino, ofereceu-lhes a vida definitiva. Este continua sendo o único e exclusivo “evangelho”, a “boa notícia” que muda o curso da história e que transforma o sentido e os horizontes da existência humana.

É para isso que Jesus envia os seus discípulos para o mundo.

O anúncio do Evangelho que os discípulos são chamados a fazer vai atingir não só os homens, mas “toda a criatura”. Muitas vezes o homem, guiado por critérios de egoísmo, de cobiça e de lucro, explora a criação, destrói esse mundo “bom” e harmonioso que Deus criou. Mas a proposta de salvação que Deus apresenta destina-se a transformar o coração do homem, eliminando o egoísmo e a maldade. Ao transformar o coração do homem, o “Evangelho” apresentado por Jesus e anunciado pelos discípulos vai propor uma nova relação do homem com todas as criaturas – uma relação não mais marcada pelo egoísmo, mas pelo respeito e pelo amor.

A presença da salvação de Deus no mundo tornar-se-á uma realidade através dos gestos dos discípulos de Jesus. Comprometidos com Jesus, os discípulos serão arautos da paz e levarão a esperança e a vida nova a todos. E Jesus estará com eles, ajudando-os a vencer as contrariedades e as oposições.

»» Um menino tinha soltado sua pandorga/pipa tão alto que não podia mais ser vista. Um homem pergunta ao menino: "Como você sabe que sua pipa está lá em cima"?

- O menino diz: "eu posso sentir pelo barbante".

Jesus pode ter desaparecido nas nuvens, mas nós ainda o podemos sentir arrastando os fios de nossas vidas. Podemos não vê-lo, mas estamos unidos a ele. Deus está presente em nossas vidas. Deus está conectado a nós pelo Seu amor.

Os discípulos tinham uma tarefa difícil para cumprir. Não podiam ficar sozinhos.

Muitos pensam que Deus dá tarefas difíceis demais para cumprir. Trabalhar, criar filhos, atuar na Comunidade – pensam que "não podem fazer tudo". Aí escolhem aquilo que mais convém.

A festa da Ascensão de Jesus, celebrada na 5ª feira que passou é, sobretudo, o momento em que os discípulos tomam consciência da sua missão e do seu papel no mundo. A Igreja (a comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus, animada pelo Espírito) é, essencialmente, uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a salvação que Jesus veio trazer aos homens.

Jesus foi ao encontro do Pai, depois de uma vida dedicada ao serviço do “Reino”; deixou aos seus discípulos a missão de anunciar o “Reino” e de torná-lo capaz de transformar o mundo. Celebrar a ascensão de Jesus significa, antes de mais nada, tomar consciência da missão que foi confiada aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na vida dos homens.

Estou consciente de que a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, a que eu pertenço também – é hoje a presença salvadora de Jesus no meio dos homens? Como é que eu procuro testemunhar o “Reino” na minha vida de todos os dias – em casa, no trabalho ou na escola, na igreja?

Quando fui batizado, comprometi-me com Jesus e vinculei-me com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A minha vida tem sido coerente com esse compromisso?

É um tremendo desafio testemunhar, hoje, no mundo os valores do “Reino”. Valores que, muitas vezes, estão em contradição com aquilo que o mundo defende e que o mundo considera serem as prioridades da vida. Com freqüência, os discípulos de Jesus são objeto do escárnio dos homens, porque insistem em testemunhar que a felicidade está no amor e no dom da vida; com frequência, os discípulos de Jesus são apresentados como vítimas de uma máquina de escravidão, que produz escravos, alienados, porque insistem em testemunhar que a vida plena está no perdão, no servir, no perder a vida para ganhá-la. O confronto com o mundo gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento e até frustração. Nos momentos de decepção e de desilusão convém, no entanto, recordar as palavras de Jesus: “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo que acreditamos.

A construção do “Reino” é uma tarefa que não está terminada, mas que é preciso concretizar na história, e exige o empenho contínuo do povo de Deus. Os cristãos são convidados a redescobrir o seu papel, no sentido de testemunhar o projeto salvador de Deus, na fidelidade ao “caminho” que Jesus percorreu.

E a chave da compreensão da nossa missão, está na compreensão desta oração e de entendermos quem está orando.
E que privilégio tivemos hoje! Poder aprender como era a comunicação entre Deus Filho e Deus o Pai.

Você acha que podemos andar nesta direção e nos espelhar na oração de Jesus em João 17, orando também assim pelas pessoas que o Pai nos confiou?

Acabamos de celebrar a ascensão de Jesus (5ª feira); próximo domingo celebraremos Pentecostes. Olhemos para o alto, como os discípulos, sempre consolados para irmos para lá com Jesus também. Mas o Pentecostes nos lembra que ele nos deu o seu ES para trabalharmos aqui, enquanto ele nos deixar aqui. Cumpramos com a nossa parte. Amém.

Adilson D. Schunke
Porto Alegre, RS - Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
adilson@ielb.org.br
www.ielb.org.br

 


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