Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Sexto Domingo de Páscoa – 21 de maio de 2006
Série Trienal B - Atos 11.19-30 – Sílvio Ferreira da Silva Filho
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Tema: Deus é o técnico da Igreja

Na segunda-feira, o técnico Carlos Alberto Parreira fez a convocação dos 23 jogadores que ele quer levar para a copa do mundo de futebol na Alemanha. Você convocaria os mesmos jogadores? Deixaria alguns dos convocados de fora? Com raras exceções, concordamos que os convocados são excelentes e que a seleção brasileira é uma forte candidata ao título de campeã.

O texto de At 11.19-30 também fala de uma equipe, de um técnico, de um desafio e de um alvo a alcançar. A equipe é a igreja. O técnico é o próprio Deus. O desafio é treinar e equipar a igreja para o servir a Deus. O alvo é alcançar muitas pessoas para o reino de Deus. Portanto, com base nesse texto bíblico, queremos meditar sobre o tema: Deus é o técnico da igreja.

Depois da morte de Estevão, os discípulos de Jesus foram perseguidos pelas autoridades dos judeus e foram espalhados para muitos lugares. Eles chegaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia.

Eles aproveitaram a oportunidade de estarem ali e anunciaram a palavra de Deus, primeiramente aos judeus. Mas, alguns deles foram até a Antioquia e anunciaram a palavra de Deus aos gregos que residiam ali. Deus abençoou o trabalho daqueles discípulos e muitos que ouviram a pregação do evangelho foram convertidos.

Essa boa notícia se espalhou rapidamente e chegou aos ouvidos dos discípulos que estavam em Jerusalém. Eles enviaram Barnabé para a Antioquia. Quando ele chegou lá, ficou muito alegre com o resultado da pregação do evangelho ali, pois muitas pessoas tiveram as suas vidas transformadas pelo poder do evangelho, e Barnabé ensinava a palavra de Deus, para fortalecer a fé daqueles novos convertidos.

Então, Barnabé foi para Tarso buscar Paulo para ajudá-lo no trabalho da igreja na Antioquia. Eles trabalharam juntos ali por um ano e, na Antioquia, os discípulos de Jesus foram, pela primeira vez, chamados de cristãos.

Naqueles dias, um profeta de Jerusalém, chamado Ágabo, predisse que haveria uma grande seca que causaria fome na Judéia, e isso de fato aconteceu. Então os cristãos de Antioquia, conforme as suas posses, enviaram donativos aos irmãos que moravam na Judéia.

Esse texto deixa muito claro que Deus transforma a vida das pessoas, chama essas pessoas para a sua igreja, dirige o trabalho da igreja e abençoa esse trabalho, para que muitas outras pessoas sejam alcançadas pelo testemunho do evangelho de Jesus e também tenham as suas vidas transformadas. Portanto, com base nesse texto, meditemos sobre o tema: Deus é o técnico da igreja.

Quando refletimos sobre esse texto, perguntamos: Por que Deus permitiu que os cristãos primitivos sofressem tanto? Um grande amigo – Estevão – foi cruelmente assassinado. Não bastasse isso, eles estavam sendo perseguidos. Agora, eles deveriam deixar as suas casas, as suas famílias, os seus amigos, e fugir para outras cidades. A resposta a essa pergunta está no fato de que Deus não permitiu que aqueles cristãos se acomodassem; mas Deus usou toda aquela situação, aparentemente adversa, para realizar o seu propósito de alcançar muitas pessoas, de diferentes lugares, com o testemunho do evangelho de Jesus.

Hoje nós precisamos nos perguntar: como está o nosso envolvimento no testemunho do evangelho de Jesus? Será que não estamos acomodados? Temos um templo, temos pastores, temos boas instalações, boa estrutura física, estamos conseguindo nos manter. Assim, corremos o risco de perder a visão missionária, pois o evangelho deve ser anunciado a muitas pessoas.

Por isso, Deus, muitas vezes, permite que soframos tribulações, para que abramos os nossos olhos e busquemos os objetivos de Deus, que é salvar todas as pessoas. Como isso acontece? Quando perdemos o emprego, quando precisamos mudar de emprego, de escola, de bairro, de cidade, de estado, quando alguém adoece na família, quando perdemos uma pessoa querida. Será que encaramos essas coisas como castigo ou como oportunidade? Será que nós compreendemos a vontade de Deus ou ficamos reclamando e nos queixando da sorte? Será que nós cremos que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28) ou achamos que Deus está sendo injusto conosco? Será que nós cremos que Deus quer salvar todas as pessoas e quer nos envolver nessa tarefa, ou achamos que não temos nada a ver com isso?

Um outro detalhe que nos leva a refletir é o fato de que a Igreja de Jerusalém, vendo que a pregação do evangelho estava produzindo frutos na Antioquia, enviou Barnabé para lá, a fim de firmar aquelas pessoas nos ensinamentos de Jesus. Barnabé, depois, chamou Paulo para auxiliá-lo. Assim, vemos a grande preocupação e envolvimento daqueles cristãos no auxílio aos novos convertidos, na promoção do seu crescimento espiritual.

Então, precisamos nos perguntar: Será que nós estamos envolvidos no crescimento espiritual daqueles que são trazidos à fé pela pregação do evangelho? Será que estamos ativamente ocupados em auxiliar os novos convertidos a crescer na fé em Cristo? Quanto do nosso tempo, dons, talentos e habilidades, nós estamos usando para a edificação espiritual da igreja? Será que estamos aproveitando as oportunidades para abastecer a nossa fé na palavra e sacramentos, a fim de que possamos dar suporte aos novos convertidos? Será que estamos dispostos a auxiliar os nossos irmãos que estão à margem da vida congregacional (faltosos, negligentes, relapsos), que estão sendo tentados por doutrinas falsas a todo instante e estão se afastando da igreja, de Cristo e da salvação?

Um outro aspecto importantíssimo para a nossa reflexão é o fato de os cristãos de Antioquia, que foram instruídos na palavra, terem colocado a sua fé em ação, socorrendo os irmãos necessitados da Judéia que estavam passando por dificuldades em razão da grande seca anunciada por Ágabo. Dessa maneira, eles demonstraram o amor não apenas em palavras, mas em atitudes concretas.

Como está a nossa situação? Estamos nós também amando ao nosso próximo e o auxiliando em suas necessidades? Como igreja, nós corremos o risco de pensar que a nossa única função é levar o evangelho para as pessoas, sem nos preocuparmos com o fato de que as pessoas têm corpos e que têm necessidades de alimento, de moradia, de vestes, de remédio, ... É por isso que o apóstolo João nos aconselha: “Aquele que possuir recursos deste mundo e vir a seu irmão padecer necessidade e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” (1 João 3.17,18).

Quando nós agimos assim, não nos envolvendo na missão da igreja e não colocando a nossa fé em ação, estamos desobedecendo a Deus, estamos nos afastando dele, demonstrando toda a dureza do nosso coração pecaminoso e, atraindo sobre nós o castigo de Deus, aqui neste mundo e na eternidade.

Deus não quer que sejamos punidos e castigados; ele quer a nossa salvação. E foi exatamente para isso que ele enviou ao mundo o seu filho Jesus Cristo, que sofreu, morreu pregado na cruz, ressuscitou ao terceiro dia, para transformar a nossa vida, para nos chamar para a igreja e para nos perdoar os nossos pecados.

Todas essas bênçãos que Jesus conquistou para nós com a sua morte e ressurreição, ele nos presenteia gratuitamente no evangelho. No batismo ele transformou a nossa vida e nos chamou para a igreja. Na palavra e na santa ceia ele garante perdão para todos os nossos pecados, fortalece a nossa fé, orienta a nossa vida e nos motiva a servir a Deus com tudo o que somos e temos.

Os primeiros cristãos receberam suporte de Jesus para enfrentar as situações difíceis. Jesus também garante a sua presença ao nosso lado e a sua ajuda nas nossas dificuldades, quer seja na nossa vida particular, quer seja no trabalho da igreja. Ele nos convida a confiar nele e, apegados à sua palavra e promessas, nós vamos enxergar que, por detrás de todas as dificuldades, a mão de Deus estará estendida para nos ajudar, orientar e conduzir. É por isso que nós cremos que mesmo aquelas coisas aparentemente ruins Deus transforma em boas para nós, pois como diz o apóstolo Paulo: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”.

Assim como motivou os primeiros cristãos a se envolver no trabalho da igreja, Jesus também nos motiva, pelo evangelho, a nos envolver no trabalho da igreja. Como ele faz isso? Ele nos oferece ricas oportunidades para ler, ouvir e meditar na sua palavra, bem como para participar da santa ceia. Por esses meios ele nos fortalece, orienta e motiva para que coloquemos à sua disposição o tempo, os dons, os bens, a vida que ele nos deu, a fim de que auxiliemos os novos convertidos, para que cresçam na fé, e para que trabalhemos na busca e recuperação dos irmãos que estão se afastando da igreja.

Finalmente, assim como os cristãos da Antioquia, movidos pela graça de Deus, auxiliaram os cristãos necessitados da Judéia, também nós, com a mesma motivação, queremos atender não somente as necessidades espirituais dos irmãos, mas também as suas necessidades materiais, como: remédio, comida, roupa, emprego, moradia, tratamento médico, etc... Para isso, não se cansa de abastecer-nos com o seu grande amor, revelado em Jesus, e sua grande bondade, providenciando-nos tudo do que precisamos, “para que tenhamos com que acudir aos necessitados(Ef 4.28).

Portanto, como igreja de Deus, motivada, equipada e treinada por ele, vamos servi-lo com alegria, certos de que ele nos garantirá a vitória, pois ele, Deus, é o técnico da igreja. Amém!

Sílvio Ferreira da Silva Filho
Vila Velha – ES – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
revsilviop@ yahoo.com.br
www.ielb.org.br


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