Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Sexto Domingo de Páscoa – 21 de maio de 2006
Série Trienal B - João 15. 09 – 17, José André Schwanke
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


9 Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor. 10 Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu pai e no seu amor permaneço. 11 Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo. 12 O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. 13 Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. 14 Vós sois meus amigos se fazeis o que eu vos mando. 15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer. 16 Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome , ele vo-lo conceda. 17 Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.

AMOR... Que tipo de amor?

Hoje, no mundo, fala-se muito de amor. Algumas pessoas até já estão se cansando de tanto ouvir falar em amor, porque muito se fala e pouco se faz. O que se chama de amor, para muitos não passa de paixão, aquele desejo egoísta de impor a própria vontade para conseguir a sua auto-satisfação. Quando alguém quer impor a sua vontade egoísta, apela para o amor.

E em nome do amor, muitas vezes, cometem-se as maiores atrocidades.

Vivendo num mundo brutal e desumano em que o desamor é perceptível em toda parte, poderíamos aproveitar esta oportunidade para acusar governos, sistemas, estruturas e indivíduos e pregar juízo, para castigar a falta de amor em nossa sociedade. Pois além do amor natural, o mundo só conhece o amor ao pecado. Mas, a despeito desta realidade do desamor em nosso mundo, queremos falar-lhes do amor que o mundo não conhece, do amor verdadeiro que tem suas raízes em Deus, e que “cobre multidão de pecados” (1 Pe 4. 8). É desse amor que Jesus fala em nosso texto.

De acordo com a nossa contagem, a palavra “amor”, “amar” (ágape), somente em nosso texto, é citada nove vezes por Jesus. A partir disso podemos constatar que a Bíblia também fala muito de amor. E mais um detalhe importante: a palavra “amar”, “amor” (ágape) sempre é usada em ralação a Deus, em relação a Cristo e em relação aos cristãos, somente!

AMOR ... Que tipo de amor?

Embora Jesus tenha dito: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei” (Jo 13. 34), este mandamento, na verdade, é desde o princípio, portanto muito antigo.

Para compreendermos melhor o sentido da palavra “amor”, “amar”, vamos relacioná-la na ordem, e aos três Sujeitos que aparecem em nosso texto: “Como o Pai me amou, também eu vos amei (v. 9); que vos ameis uns aos outros” (v. 12).

1 - O amor do Pai

O amor do Pai equipou Cristo para a sua missão. Deus Pai amou o seu Filho Jesus Cristo desde a eternidade. E este amor o fez enviá-lo ao mundo como verdadeiro homem.

Por ocasião do seu batismo no rio Jordão, o Pai, de viva voz, declarou: “Este é o meu Filho amado, em que me comprazo” (Mt 3. 17), confiando-lhe às suas mãos todo o equipamento necessário para a sua missão de redimir, resgatar e salvar a humanidade pecadora (Jo 3. 35). Por isso Jesus perdoou pecados, realizou milagres, pode morrer e ressuscitar novamente, vencer o pecado, a morte e Satanás.

Muitas vezes Jesus precisou enfrentar situações de extremo perigo, como recém-nascido e como pessoa adulta. Diversas vezes Satanás investiu pessoalmente e também através de seus aliados contra Jesus, para demovê-lo do amor do Pai. Os judeus o odiavam pelo fato dele lhes ter apontado os seus pecados, e afirmado que ele era o Filho de Deus. Mas o Pai o protegeu, fortaleceu e o salvou nos grandes perigos. E Jesus diz: “Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir” (Jo 10. 17).

Mas o mundo está cego diante deste amor. Alguns até disseram que estas palavras de Jesus eram palavras do demônio, e outros discordavam, porque o tinham visto curar um cego (Jo 10. 19, 20).

As últimas palavras de Cristo nesse testamento a seus discípulos, que abrange os capítulos 13 a 17, são: “Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja” (Jo 17. 26). Este amor do Pai une os crentes a Cristo, assim como os ramos estão unidos à videira, fazendo-os seus filhos, pela fé, e herdeiros da vida eterna.

2 - O amor do Filho

Jesus diz que ele “guardou os mandamentos de seu Pai e tem permanecido no seu amor” (v. 10). E nós, temos sido perfeitos no cumprimento dos santos Dez Mandamentos, que são desde o princípio? Temos amado ao Senhor Deus acima de todas as coisas, e ao nosso próximo como a nós mesmos?

O grande apóstolo Paulo reconhece: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo” (Rm 7. 18). Porventura, seríamos nós mais capazes do que ele?

Certamente também nós temos que confessar com o grande rei e Salmista Davi: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu a minha mãe. Pequei contra ti”, por pensamentos, desejos, palavras, ações e omissões. “Fiz o que mau perante os teus olhos”, merecendo mui justamente o teu castigo temporal e eterno.

E porque você e eu jamais poderíamos resgatar a nossa grande dívida de pecados que temos diante do justo e santo Deus; e porque você e eu somente mereceríamos ser condenados ao inferno, Deus teve compaixão de nós e resolveu, em seu grande amor, nos salvar. Para isto, enviou ao mundo o Salvador. Sim, “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3. 16).

“Eis, quem o Pai quis escolher a fim de a morte desfazer, provinda do pecado!

-- Oh! Vai, meu Filho, vai salvar os filhos que ia condenar; tu és o meu Amado” (Hinário Luterano - 89. 2).

-- Oh! Sim, meu Pai, irei fazer o que de mim requeres; o teu querer é meu prazer, suporto-o se me feres” (Hinário Luterano – 89. 3).

Movido pelo seu amor para conosco, o Filho de Deus abandonou a glória do céu e se fez homem para, em nosso lugar e como nosso Substituto, cumprir a Lei, padecer e morrer. Sim, foi amor, amor divino que o impulsionou a cumprir por nós todas as exigências da Lei, a suportar calúnias, desprezo e dor. Foi amor, amor supremo, que o fez subir ao Calvário para, com morte desprezível na cruz, expiar os pecados de todos nós.

É por isso que, extasiados, nós dizemos com o poeta sacro, Paul Gerhardt: “Oh! Que poder do santo amor, que força do divino ardor Deus Pai requer do Filho! O amor na cruz o fez cravar até a vida se apagar, despindo-o de seu brilho”.

De fato: “ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (v. 13). É deste amor que o mundo esta carecendo.

O Filho de Deus nos amou, sacrificando a sua vida para que nós pudéssemos ter perdão, e vida eterna. Ele é o nosso verdadeiro amigo, porque “nos tem dado conhecer tudo o que ele ouviu de seu Pai” (v. 15). Não há mais nenhum segredo entre Jesus e nós. Isto é amor verdadeiro. Aliás, ele já havia-nos escolhido antes do nosso nascimento, para que produzamos frutos perenes. É por isso, e por mais incompreensível que seja este amor, concluímos dizendo com outro poeta: “Grato sou por tanto amor, meu bendito Redentor!”

3 - Os filhos de Deus amam a Deus e ao próximo

Se Deus nos ama e nós participamos deste amor, então resta verificar se estamos demonstrando isto uns aos outros, vivendo em amor mútuo, compartilhando o amor de Jesus com o nosso próximo.

Nós próprios não podemos produzir amor verdadeiro. Somente o Evangelho o pode fazer. Só podemos amar “porque Deus nos amou primeiro” (1 Jo 4. 19). Nós amamos a Deus, crendo nele e na sua Palavra. Por isso Jesus diz: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (v. 10). E esse relacionamento de fé e amor com ele, produz alegria, alegria eterna (v. 11).

Se faltar o amor de Cristo e se não tivermos como base o seu modelo “assim como eu vos amei” (v. 12), que inclui sacrifício, renúncia e perdão, então dificilmente haverá sinceridade e sucesso na união entre as pessoas e os povos. Por isso mesmo há tanta discórdia, inimizade, exploração, vingança e destruição. Por isso há tanto egoísmo, justiça-própria, intolerância e desinteresse pela sorte do outro.

Somente quando as pessoas se derem conta do quanto Deus as ama, a ponto de morrer por elas, é que as suas vidas vão mudar. Só então conhecerão o verdadeiro amor, que não assalta, não rouba, não estupra e não mata, mas que entrega a sua própria vida para salvar a do outro.

Os discípulos de Cristo se caracterizam pelo amor, o amor de Cristo. Através de Cristo, Deus os tornou seus filhos e irmãos uns dos outros. São uma grande família amada por Deus, onde aprendem amar a seu Pai e ao próximo como a si mesmos.

Que o amor de Deus nos faça amar sempre, assim como Cristo nos amou, e que juntos, como irmãos, possamos desfrutar esse grande amor eternamente. Amém.

José André Schwanke
Erechim, RS - Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
jaschwanke@tpo.com.br
www.ielb.org.br

 


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