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Quarto Domingo de Páscoa – 7 de maio de 2006 |
Diz Jesus no Evangelho segundo João 10.11-18: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge: então, o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim ; assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor. Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai”. As leituras bíblicas para este final de semana apontam para a figura do bom Pastor. O Salmo 23 expressa o cuidado do Pastor para com suas ovelhas. Atos dos apóstolos (4.23-33) enfatiza as conseqüências de ser do rebanho de Cristo: tornar conhecida a obra do bom Pastor, que morreu e ressuscitou para proporcionar a todos os que crêem uma nova vida. A epístola de João (1Jo 3.1-2), amplia ainda mais o relacionamento do cristão com o Pastor Jesus. Os que crêem são designados de “filhinhos” de Deus. Por sua vez, o evangelho de João aponta para o alvo de Deus: salvar o pecador arrependido. Em meio a comodismo e sonolência espiritual somos levados a olhar para fora. Há um rebanho disperso, que necessita ser confrontado com a realidade do pecado e suas conseqüências. Jesus também quer reunir este rebanho. Conforme diz no versículo 16: “a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor”. Esta questão fica evidente a partir do momento que olhamos o contexto do capítulo 10, isto é, o capítulo 9 de João. Jesus Cristo havia curado um cego de nascença num sábado. Os fariseus, obcecados por um falso moralismo, aproveitam para dispersar o que o bom Pastor Jesus estava tentando reunir. Este homem que era cego dá um testemunho extraordinário diante de seus acusadores: “Nisto é de estranhar que vós não saibais donde ele é, e, contudo, me abriu os olhos. Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende” (João 9.30-31). Jesus sabendo que o haviam expulsado, pergunta-lhe: “Crês tu no Filho do Homem?” (João 9.35). Ao saber quem era Jesus - respondeu: “Creio, Senhor; e o adorou”. (João 9.38). Jesus não espera algo impossível ao seu rebanho hoje. Nada mais do que isto: que sigam as orientações que o Pai revelou na Escritura Sagrada e apontem para aqueles que estão cegos, andando pelo vale da sombra e da morte, quem é Jesus Cristo e o que Ele fez, faz e continua a fazer pelo seu amado rebanho. Jesus deixa claro que o cego não era aquele que havia nascido como tal. Mas, sim, aqueles que tinham visto os milagres e, no entanto, continuavam negando que estavam diante do Filho de Deus. E para mostrar o amor para com o pecador arrependido, Jesus recebe de forma carinhosa aquele que havia sido expulso entre os fariseus. Jesus deixa claro o seu relacionamento com o Pai e, conseqüentemente, o cuidado e o amor para com as ovelhas que Deus colocou em suas mãos para serem cuidadas. Esta situação remete-nos a avaliarmos a nossa vida de rebanho de Deus. Será que estamos conscientes em seguir a voz do Pastor Jesus? Estamos seguindo realmente os ensinamentos bíblicos, ou está havendo ruído na comunicação? Talvez o materialismo e o egoísmo estejam fechando nossos olhos, de maneira que não conseguimos distinguir a voz do bom Pastor da voz dos mercenários? É possível que o milagre do batismo e da nova vida operada pela água e a Palavra, além da Santa Ceia, não serem apreciadas como milagres de Deus, no transformar e manter o rebanho unido sob a voz de Cristo. O perigo é real. O diabo, através da figura do lobo, procura de todas as formas criar obstáculos à plena vida cristã. Não podemos negligenciar esta oferta e dádiva do Pastor Jesus que deu sua vida em nosso favor. Justamente para que tenhamos condições de distinguir o que procede de Deus e o que procede do diabo, através dos mercenários. Negligenciar a salvação, perdão dos pecados e a nova vida em Cristo, implica desprezo aos meios que Deus destinou salvar a cada pessoa. Assim, como Jesus “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1.11), a universalidade da salvação foi proporcionada aos gentios, aos que não pertenciam ao povo de Israel. Somos agora o rebanho com o qual Cristo, ao instituir a Santa Ceia, celebrou uma nova aliança, em dar seu corpo e sangue para lavar e purificar-nos de todos os pecados. Por isso, não podemos atender a voz de mercenários que procuram seduzir-nos com promessas de uma vida próspera aqui no mundo, ignorando a teologia da cruz. Na hora do juízo o que eles poderão fazer pelo rebanho? Em Mateus 7.22-23, está escrito: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” Jesus é o meu e o teu Pastor. Juntos formamos o rebanho que é alimentado e guiado para o objetivo que Deus estabeleceu: a vida eterna. No entanto, enquanto ainda estamos em marcha neste mundo, o propósito de Deus continua. Através do rebanho redimido e salvo pelo sangue do cordeiro, sua palavra deve continuar sendo anunciada e praticada, para que o rebanho que ainda está disperso seja confrontado com a necessidade do arrependimento, busca do perdão e, assim, seja trazido ao rebanho do verdadeiro Pastor Jesus Cristo. Amém Celso Wottrich
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