Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

2º Domingo de Páscoa – 23 de Abril de 2006
Série Trienal B – Atos 3.15 – Elvis Girardi Nerich
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


“Dessarte, matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos,
do que nós somos testemunhas.” (Atos 3.15)

“Movidos pela alegria da ressurreição”

Queridos e estimados irmãos em Cristo,

Estamos no 2º Domingo de Páscoa... as comemorações do dia de Páscoa ainda estão muito recentes em nossa mente.

Na Sexta-feira Santa paramos para lembrar e refletir a respeito do sofrimento e morte de Jesus Cristo em nosso lugar, para nos perdoar de todos os nossos pecados... no Domingo de Páscoa nos alegramos e celebramos a vitória de Jesus sobre a morte – o grande dia quando Deus Pai ressuscitou Jesus confirmando assim que tudo aquilo que Jesus disse e fez são de fato verdade e que nossa fé e esperança em Jesus Cristo não é em vão, pois assim como Jesus ressuscitou nós também ressuscitaremos no último dia.

Páscoa é festa... é vitória... é perdão, vida e salvação por intermédio de Jesus Cristo.

Entretanto o que acontece depois? Em outras palavras: Depois da comemoração pela vitória de Cristo, depois de ouvirmos o perdão de todos os nossos pecados e sabermos que agora somos aceitos por Deus por intermédio de Jesus Cristo, sobre o que podemos refletir neste período de Páscoa? O texto de Atos dos Apóstolos (que substitui o texto do Antigo Testamento) para este dia litúrgico nos sugere algo.

Em Atos vemos um discurso do apóstolo Pedro onde ele fala corajosamente para o povo judeu... Pedro não poupa palavras e diz com todas as letras que foram eles que crucificaram Jesus... eles negaram Jesus... negaram que ele de fato era (é) o que se dizia... Jesus era (é) o Filho de Deus, o Messias, o grande Profeta, Rei e Sumo-sacerdote... Jesus era (é) o Salvador da humanidade... e a prova disto é que Jesus ressuscitou como já profetizavam as Escrituras e como o próprio Jesus havia profetizado. Pedro diz: “assim vocês mataram o Autor da vida; mas Deus o ressuscitou, e nós somos testemunhas disso” (At 3.15).

Nós sabemos que não foram apenas aquelas pessoas os responsáveis pela crucificação de Jesus, na verdade Jesus poderia se livrar delas no momento em que quisesse... cada um de nós é responsável pela sua crucificação, pois são os nossos pecados (e os de toda a humanidade) a real causa da crucificação de Jesus.

Mas a notícia que Pedro lhes dá não tem o objetivo de lhes causar remorso... Pedro lhes chama a atenção para que vejam que Jesus fez isto por amor, Cristo fez isto para perdoar a todos e para que assim todos aqueles que crerem nele possam ser salvos... e por isto Pedro diz: “Portanto, arrependam-se e voltem-se para Deus, a fim de que ele perdoe os pecados de vocês” (At 3.19).

Neste período após o dia de Páscoa, vemos o apóstolo Pedro no texto de Atos testemunhando... Pedro testemunha o que aconteceu naquele dia e a repercussão que isto traz para a vida de todas as pessoas da humanidade. Jesus Cristo morreu na cruz para perdoar você... e agora o próprio Jesus lhe declara que, pela fé (que Deus lhe concedeu), você está perdoado de todos os seus pecados. Por intermédio de Cristo você é aceito por Deus e você é agora adotado por Deus como um filho seu.

E este foi o grande desafio da Igreja primitiva... testemunhar a ressurreição de Jesus Cristo... testemunhar que Jesus é de fato o Salvador da humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem... e foi isto que a Igreja primitiva fez... ela testemunhou. A Igreja primitiva testemunhou aquilo que ela viu e ouviu... diz o apóstolo Paulo que mais de 500 pessoas, de uma vez, viram Jesus Cristo ressuscitado (1Co 15.6)...

Estas pessoas deram testemunho de sua fé em situações terríveis... muitos foram discriminados, torturados e mortos... muitos tiveram que ver suas famílias perseguidas por causa da sua fé... mas o cristianismo não desabou... pois a vontade de Deus é que sua Palavra seja semeada para que mais pessoas cheguem a fé e sejam salvas e Deus capacitou estas pessoas a continuarem testemunhando... e até mesmo o sangue dos mártires derramado pela mão de pessoas iníquas teve um uso proveitoso por Deus, e ao invés de causar inibição aos cristãos, serviu como uma afirmação de que dar a vida por Cristo é na verdade ganhar a vida.

E hoje, quando nos lembramos da Páscoa e dos eventos que sucederam a páscoa, nos lembramos também da certeza que estes nossos irmãos tinham a respeito da salvação em Jesus Cristo e da coragem com que eles testemunharam a sua fé.

Com o passar do tempo muitos desafios da Igreja cristã vão mudando... outros, porém, continuam os mesmos. O desafio de testemunhar Jesus continua existindo hoje em dia e sempre continuará existindo. Em muitos lugares de nosso planeta a situação que é gerada ao se testemunhar Jesus Cristo é bem diferente do que aquela no tempo da Igreja primitiva (em muitos lugares dificilmente o testemunho resultará em perseguições). Mas, nem por isto, testemunhar Jesus Cristo é algo não desafiador. Na maior parte do Ocidente testemunhar Jesus Cristo para pessoas que querem ouvir algo completamente diferente do que aquilo que Deus quer dizer para elas é algo muito desafiador. Falar de uma verdade única para pessoas que acreditam que não existe verdade universal e acreditam que cada um tem a sua verdade e por isto precisa respeitar a verdade do outro também é algo muito desafiador.

Outro desafio para a atual Igreja militante, em muitas partes do mundo, é não permitir que haja um descaso em relação a vida espiritual... ou um comodismo espiritual. E isto pode acontecer facilmente na vida dos cristãos modernos, por diversos motivos. A constante busca pelos bens materiais, a correria desenfreada, um enfoque errado quanto àquilo que deve ser prioridade na vida, uma falsa crença de que ser cristão hoje não é algo desafiador... podem ser alguns exemplos do que pode estar dificultando um acesso regular de alguns cristãos aos meios pelos quais Deus fortalece nossa fé, e me refiro a sua Palavra e a Santa Ceia.

Que neste período de sucede o dia da Páscoa possamos ser fortalecidos na fé pelo perdão de nossos pecados e possamos, movidos pela fé, refletirmos sobre nossos desafios como cristãos e os objetivos que Deus tem traçado para nossas vidas.

Que a alegria da ressurreição de Jesus Cristo, que é garantia da nossa ressurreição, nos mova para isto.

Amém.

Elvis Girardi Nerich (Pastor)
Guarapuava, PR – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
elvisgnerich@yahoo.com.br
http://www.ielb.org.br


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