Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

SEXTA-FEIRA SANTA – 14 de abril de 2006
João 19.17-30 – Lindolfo Pieper
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


JESUS PAGOU O PREÇO

Ap 5.9,10: “Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes, e reinarão sobre a terra”.

Um dia Jesus e Lúcifer estavam conversando e Jesus lhe perguntou: "O que estás fazendo com as pessoas na terra?" Ele respondeu: "Estou me divertindo com elas. Ensino elas a fabricar bombas, a matar, a odiar umas às outras, a desrespeitar o casamento, a se prostituírem, a abusar de crianças, a serem viciadas (em drogas, bebida), a fazer tudo o que não se deve! Estou me divertindo muito com elas!".

Jesus perguntou: "E depois, o que você vai fazer com elas?" Ao que o diabo respondeu: "Vou matá-las, acabar com elas!" Jesus novamente perguntou: "Quanto você quer por elas?".

Lúcifer então disse: "Você não vai querer essas pessoas! Elas são traiçoeiras, mentirosas, falsas, egoístas e avarentas! Elas não vão te amar de verdade, vão bater e cuspir no teu rosto, vão te desprezar e nem vão levar em consideração o que tu fizeres!". "Quanto você quer por elas, Lúcifer?", perguntou Jesus. "Quero a tua lágrima e o teu sangue". "Trato feito!", disse Jesus. E Jesus pagou o preço. Ele deu o seu sangue pela nossa salvação!

I

Todos já devem de ter participado de algum funeral, e sabem como é triste perder alguém. A morte é sempre uma coisa triste, pois significa perda, separação e despedida. São momentos de muita tristeza, de dor e de lágrimas.

Mas hoje a coisa é diferente, e muito diferente. Hoje estamos debaixo de uma cruz, presenciando a morte de alguém que está sendo festejado, lembrado e comemorado.

Estamos presenciando a morte de alguém que morreu de maneira estranha. De alguém que não merecia morrer, que não podia morrer, mas que queria e devia morrer. De alguém que, de um lado, provoca choro, tristeza e luto. E, de outro lado, zombaria, blasfêmia e alegria. Enquanto alguns choram, outros riem, zombam e festejam.

E a própria natureza se sente atingida e assustada, fazendo com que o sol esconda o seu rosto e dê lugar a escuridão. A terra estremece, as rochas se fendem, como se uma mão invisível sacudisse o chão. E a cortina do templo, com mais de um palmo de espessura, rasga-se em duas partes, de alto a baixo.

É algo horrível e espantoso o que ocorre no Gólgota, lá no monte do Calvário. Mas é algo de extrema importância para todos nós.

E para compreendermos bem o significado deste acontecimento, vamos examinar hoje o livro de Apocalipse 5.9,10, onde lemos o seguinte: “Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituístes reis e sacerdotes”.

II

João foi o único discípulo a presenciar a morte de Jesus. João estava junto e viu Jesus sendo judiado, cuspido e zombado. João estava junto e viu quando colocaram uma coroa de espinhos na sua cabeça, quando bateram nele e quando o condenaram à morte.

João também estava junto e viu quando o seu Salvador foi colocado numa cruz, quando os seus pés e as suas mãos foram perfurados com pregos e quando o seu corpo foi erguido do chão na cruz, onde morreu de uma maneira cruel e vergonhosa.

João vê tudo isso e não consegue entender porque o seu querido Mestre está sendo morto de uma maneira tão cruel. Ele não pode compreender como é que alguém que deu vida aos mortos, socorreu aos necessitados, que consolou aos aflitos, que curou doentes, enfim: como pode alguém que não fizera mal a ninguém, podia ser condenado à morte desta maneira.

João também foi o primeiro discípulo a ouvir o nome Cordeiro de Deus. Ele ouviu estas palavras quando ainda era um seguidor de João Batista, achando que ele fosse o Messias prometido. João Batista então, para tirar a sua dúvida, aponta para Jesus e diz: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

Talvez João, naquele momento, não entendesse o que João Batista estava querendo dizer ao chamar Jesus de Cordeiro de Deus. Porém mais tarde João veio a compreender o que significavam estas palavras. Assim como os animais sacrificados sobre o altar no Antigo Testamento, assim Jesus seria um dia sacrificado no altar na cruz para o perdão de nossos pecados.

Os animais sacrificados, geralmente ovelhas, eram animais inocentes. Não morriam por culpa própria, mas sim por causa da culpa dos outros.

Assim também Jesus morreu inocentemente, sem dever uma culpa. O próprio Pilatos, que o julgou, declarou: “Eu não vejo nele culpa alguma”.

Tem, pois, razão, o profeta Isaías ao afirmar: “Certamente ele (Jesus), levou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si. E nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”.

III

Se João não entendeu naquela hora o que significava Jesus ser o Cordeiro de Deus e nem soubesse lá junto à cruz porque Jesus estava morrendo, mais tarde, porém, ele entendeu o significado de tudo. Em Apocalipse, capítulo 5 João, por exemplo, ele reproduz com exatidão todo o significado da morte de Cristo na cruz, ao dizer: “Digno é o cordeiro de tomar o livro e abrir-lhe os selos, porque foi morto e com o seu sangue comprou para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus nos constituiu reis e sacerdotes”.

Aqui, conforme a revelação de Deus, Jesus morreu para nos comprar para Deus. Quando se fala em comprar, logo se pensa em três coisas: o dono, o preço e o comprador. Conforme a palavra de Deus, nós fomos comprados. De quem fomos comprados?

Certa vez Jesus teve uma discussão com os judeus, que se diziam filhos de Deus pelo simples fato de serem descendentes de Abraão. E Jesus então lhes afirma dizendo que eles não são filhos de Deus, mas sim do diabo, “pois todo o que pratica o pecado é escravo do pecado”. E o apóstolo João acrescenta: “Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio”.

Muitas pessoas se dizem filhos de Deus e se denominam cristãos como faziam os judeus, mas estão vivendo em pecado. São escravos dos seus vícios, do dinheiro, do sexo e dos prazeres do mundo. Querem ser cristãos, mas não passam de escravos e prisioneiros do diabo.

E foi para nos libertar das garras do diabo e da escravidão do pecado que Cristo veio ao mundo. É o que o próprio Jesus nos afirma, ao dizer: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”.

E Cristo pagou um preço muito alto para nos libertar da escravidão pecado. Não pagou com dinheiro, ouro ou prata, mas com o seu santo e precioso sangue. Diz o apóstolo Pedro: “Sabei que não foi mediante coisas corruptíveis, como ouro ou prata, que fostes resgatados do fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”.

Muitos querem comprar o céu com dinheiro, penitências e boas obras. No entanto, o único preço capaz de nos adquirir a salvação é o sangue de Jesus. Diz o apóstolo João: “O sangue de Jesus, o Filho de Deus, nos purifica de todos os pecados”.

Por natureza somos filhos do diabo. Nascemos no reino das trevas. Cristo, porém, mudou a nossa situação. Ele nos transportou do reino das trevas para o reino da luz. Ele nos fez filhos de Deus.

Ele não apenas nos tornou filhos de Deus, mais ainda nos constituiu reis e sacerdotes. Pela fé em Cristo, começamos a reinar. Começamos a reinar usando as chaves do reino, que é o Ofício das Chaves. E quando Cristo vier, nós iremos reinar com ele em toda a plenitude no novo céu e na nova terra.

Quando o imperador Constantino o Grande se converteu no ano 312 da nossa era, a primeira coisa que ele fez foi acabar com as perseguições e favorecer a igreja. Ele mandou trazer os cristãos, que estavam sendo perseguidos e maltratados, e os colocou no palácio para que o auxiliassem no governo. Assim, de uma hora para outra, muitos daqueles que antes eram escravos, se tornaram co-regentes com o imperador.

Nós não somos um João-ninguém. Nós somos filhos de Deus e futuros governadores da terra.

Portanto, ergamos a nossa cabeça e não fiquemos por aí andando desanimados, cabisbaixos.

Nós ainda vamos governar este mundo com Cristo! Somos reis e sacerdotes! É o que diz a Palavra de Deus.  

Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
piperlin@uol.com.br
www.ielb.org.br


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