Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Domingo de Ramos – 09 de abril de 2006
Série Trienal B – Marcos 1.1-11 – Renato L. Regauer
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Introdução

Peça para as pessoas definirem a vida, e a maioria a descreverá como um caminho ou estrada. A razão é simples: a vida é como uma jornada. É uma viagem de uma experiência à outra - de uma tribulação ao triunfo e do triunfo à tribulação.

Uma vez mais, nós estamos reunidos, e nos foi concedido o privilégio de, nesta manhã, acompanhar nosso Salvador em mais uma viagem. Nós percorremos uma rua específica hoje: o caminho do Domingo de Ramos.

Ao caminharmos com o nosso Salvador de glória em gloria, nós vemos que este é
1) Um Caminho Familiar; é um caminho que já trilhamos antes. No entanto, nosso companheiro de viagem é Jesus, o que quer dizer que sempre será
2) Uma Jornada Singular.

A JORNADA DO DOMINGO DE RAMOS

I. Uma Estrada Familiar

Era uma estrada familiar na qual os discípulos se achavam no primeiro domingo de Ramos – a estrada para Jerusalém. Eles sabiam que, chegando a Betânia, contornariam o Monte das Oliveiras, e veriam de repente a cidade de Jerusalém diante deles. Eles já tinham feito este trajeto com Jesus antes. Vinham novamente para a cidade que, neste momento, estava inchada com milhões de pessoas para celebrar a Páscoa.

Jesus também conhecia bem a estrada. Ele a percorrera desde pequeno. Maria e José o traziam para Jerusalém todos os anos, para a celebração da Páscoa. Era uma estrada magnífica, uma estrada maravilhosa para os peregrinos que vinham a Jerusalém. Era especialmente empolgante, quando, por ela se via surgir, por trás do Monte das Oliveiras a cidade de Jerusalém. De repente, lá estava ela! Você veria o templo que brilha à luz do sol da tarde, os magníficos e altos portões; você se lembraria da grande história de tudo: como o Rei Davi primeiro chamou aquele pedaço de chão de a cidade de Deus, e como Salomão construiu lá o primeiro glorioso templo. Então você recordaria os anos de luta, quando caiu em ruínas durante os setenta anos de cativeiro, até que Neemias reconstruiu suas paredes.

A própria estrada era conhecida, amada. Mas a jornada daquele domingo de Ramos era completamente diferente. A estrada não era diferente, mas as coisas no caminho, e o resultado final, seriam diferentes do que qualquer outra viagem que já se fez para Jerusalém. Desta vez, um potro de jumento seria encontrado amarrado perto de Betfagé, e seria usado como montaria para Jesus entrar em Jerusalém. Desta vez, multidões de pessoas seguiriam adiante e atrás de Jesus, dizendo: "Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor".

A estrada era familiar. A estrada não mudou; mas a jornada era especial, única. Os discípulos conheciam a estrada; Jesus conhecia a jornada. Ele sabia o que encontraria ao longo da estrada, por isso lhes diz: "Vocês encontrarão preso um jumentinho, o qual ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-mo". Ele sabia até que pergunta eles precisariam responder, por isso lhes dá a resposta: "O Senhor precisa dele, e logo o mandará de volta para aqui".

Falemos sobre o que ele montou naquele dia. Era um potro, um jumento que nunca tinha sido montado. Era um animal de carga, não muito próprio para montar. Era bom para carregar fardos, mas não pessoas. O Evangelista Marcos registra um fato importante: este animal nunca tinha sido montado. Nunca tinha sido usado.

Isto está de acordo com a Lei do Antigo Testamento. Qualquer coisa oferecida a Deus para um propósito sagrado precisava ser novo, nunca usado para o trabalho. O Senhor só usa o novo, o virgem e o imaculado. Ele usa coisas que nunca foram de verdade usadas para qualquer outra coisa. Ele aceita e usa o pouco, o pequeno, até mesmo o insignificante, mas Ele não gosta de sobras, ofertas de segunda mão. Note bem, se nós realmente queremos oferecer algo para o serviço do Senhor, quer sejam pequenas coisas ou poucas coisas, quer sejam coisas grandes ou finas - mas usadas, sobras - Não esperemos que Deus faça grandes coisas com isso.

Os discípulos foram e acharam as coisas exatamente como Jesus dissera. Eles precisaram responder ao dono só o que Jesus lhes ensinara, e voltaram com o jumento. Então puseram suas vestes sobre ele, e Jesus montou.

Agora isto parece uma receita para desastre, especialmente se você alguma vez tentou montar um cavalo xucro. Burros são ainda mais teimosos que cavalos. Aqui Jesus teve um jumento não domado, com uma multidão de expectadores gritando: "Hosana!" E agora Jesus ia montar esta coisa no meio daquela multidão? Sem dúvida, uma receita para desastre! Mas nenhum dos evangelistas deixa espaço para qualquer eventual dificuldade que Jesus tivesse encontrado com este humilde animal. Ele segue sem problemas e entra na cidade como Senhor, Rei e sacrifício. Este pequeno animal deve ter sabido: "O meu Criador, o Salvador do Mundo, o Filho de Deus, está em meu lombo… Eu lhe proporcionarei uma boa viagem!"

Jesus sabia onde a jornada iria terminar: Neste domingo, multidões clamando "Hosana!"; na sexta-feira pela manhã, as multidões gritando: "Crucifica-o!". Hoje, nós vemos multidões colocando ramos diante dele. Na sexta-feira, mulheres seguem atrás dele com lágrimas, o seu sangue e suor gotejam enquanto carrega aquela cruz. Jesus conhecia a jornada.

Mesmo assim, ele foi em frente. As multidões também foram na frente e outros seguiram atrás dele. Eles o chamaram "o que vem em Nome do Senhor". Eles sabiam que Jesus trouxe o Reino de Deus, o Reino eterno prometido ao Rei Davi. Eles acreditaram que ele veio como o Messias prometido – o Redentor. Eles clamaram "Hosana!", que quer dizer: "Ó Senhor, salva-nos!" E eles sabiam que ele o faria.

Assim, o que tem isto a ver conosco hoje? Primeiramente, nós temos outra oportunidade para ver nosso Salvador e Rei em ação. Ele fez tudo isso por nós. Ele caminhou esta estrada e suportou a jornada para a nossa salvação. Nós vemos a Escritura cumprida, o Rei vem com mansidão, e montado em um burro, da mesma maneira que Zacarias predisse. Nós vemos a natureza mansa de Jesus como um rei. Nós vemos a sua humildade: Ele é o Senhor, a terra e tudo o que nela há é seu por direito divino, e ainda assim ele vai em humildade montado em uma besta minúscula, humilde animal de carga.

II. Uma Jornada Sem igual

Nós podemos aprender mais alguma coisa nesta viagem com Jesus neste domingo. Enquanto trilhamos o caminho do domingo de Ramos nós percebemos que todos nós caminhamos uma estrada nesta vida. Cada caminho pode ser um pouco diferente, e embora nós conheçamos o caminho de nossas vidas, Jesus conhece a jornada. ("Dirigido por mim, guiado por Deus")

Me deixe repetir isso: Nós podemos conhecer as estradas, mas Jesus conhece a jornada. E realmente é a jornada dele; é a jornada dele em nossos corações, e nos corações e vidas de outros. Trata-se da vinda do Reino dele, não nosso.

Há muitas pessoas neste mundo que pensam que as suas vidas são somente para elas. "É minha vida" - o adolescente diz aos seus pais - "não me interessa o que você diz. Eu vou fazer o que eu quero!" Diante do diagnóstico de câncer, um paciente gritou: "Por que isto está acontecendo comigo?" Nós freqüentemente esquecemos que a nossa vida não é somente nossa. Nossa vida tem algo que ver com nossos amigos, nossa família, nossas esposas, nossos maridos, nossos filhos, nossos pais, nossos vizinhos, nossos colegas, nossos conhecidos e, é claro, até mesmo nossos inimigos. Ninguém pode viver só para si.

Egocentrismo ou egoísmo é parte da natureza humana pecadora. E pode facilmente fazer com que nos voltemos para nós mesmos, e nos afastemos uns dos outros e da comunhão cristã. A verdade é que minha vida não é minha, mas pertence a Jesus Cristo. A vida não é sua. Pertence àquele que morreu por você. Ela é para aquilo que ele quer fazer em sua vida, para sua vida, e através de sua vida.

Entretanto, nós muitas vezes nos fazemos de donos da vida que Deus nos deu, mas pense: A vida é sua? É Minha? Como pecadores que estavam condenados ao inferno, nós tínhamos desperdiçado a verdadeira vida. Mas Cristo nos redimiu; cada um de nós. Ele nos comprou de volta. Como a Bíblia diz: "Não sois de vós mesmos, fostes comprados por preço" (1 Co 6.19-20). A vida que você vive agora, foi adquirida por Jesus. Ele pagou por seus pecados; ele conquistou suas bênçãos. Isso é o que significa ser um discípulo, um seguidor, um cristão, uma ovelha do Bom Pastor.

Muitas vezes falamos da vida como uma jornada, uma estrada. Há estradas que nós conhecemos bem. Nós as trilhamos dia após dia, ano após ano. Há o caminho diário de um estudante: ele sabe aonde irá amanhã. Ele irá a pé, de ônibus escolar, no carro do pai ou da mãe, de carona. Você estará lá por várias horas, irá para esta sala, para aquela sala; no intervalo, talvez jogue futebol, vôlei, bolinha de gude, e, depois das aulas, voltará para casa. A vida diária de outra pessoa pode ser: levantar cedo, se preparar para trabalho, ir para a fábrica, trabalhar durante oito horas, e retornar para casa.

Muitos desses caminhos que nós já fizemos muitas vezes, e continuaremos fazendo. Jesus tem andado junto com você cada passo. Amanhã e depois de amanhã provavelmente será a mesma coisa, mas quem conhece realmente a jornada? Que coisa estranha aparecerá ao longo do caminho? Quando acontecerá um desvio? Nós conhecemos os caminhos; Jesus conhece a jornada.

Ele nos dá as respostas certas para todas as nossas perguntas e reclamações na sua Palavra. Oh, que nós confiemos mais nestas respostas, e prestemos mais atenção a elas! E, por mais estranhas e confusas as suas palavras nos possam parecer, não digamos: "Jesus, eu não entendo o que você diz, por isso eu não aceito o que você diz. Eu não vou fazer isso. É muito duro seguir você"!

Quando nós colocamos a Palavra de Deus de lado, e insistimos com as nossas próprias soluções para os desafios, coisas que soam melhor para nós que as Escrituras, então nós acabamos perdendo o pequeno burro que ele nos mandou buscar, e então toda a sua vontade de viajar a outros corações, outras pessoas, ficará adiada ou frustrada. Não nos envergonhemos das Escrituras e das respostas simples da fé. Jesus as ensinou a nós. Ele conhece a jornada, e a conheceu de antemão, antes de nós começarmos a seguir o caminho.

Nossas vidas, os caminhos que devemos trilhar são seguir atrás de Cristo e cantar em seu louvor, ou ir à frente dele, estendendo ramos e vestes. Os missionários são os que vão à frente e pavimentam o caminho enquanto Jesus cavalga para dentro dos corações pelo seu evangelho. Então pastores, professores e congregações seguem atrás e louvam Deus pelo Cristo que veio. Como pessoas que confiam em Jesus, nós também temos a tarefa de espalhar ramos e vestes pelo caminho.

É por isso que nós ofertamos. Deus certamente não precisa de nosso dinheiro, nosso tempo, ou talentos, mas essas são as coisas que nós damos para honrar a Cristo, para oferecer a ele um caminho ornamentado para outras terras, outras cidades, e para os corações e vidas de outras pessoas.

Jesus pode ter levado você por uma estrada conhecida, mas faz algo diferente. Quem sabe o que acontecerá amanhã? Você pode pensar que as coisas deviam ser feitas de modo diferente, mas ele tem em mente um passeio humilde ao coração de um de seus colegas, com você indo à frente, ou seguindo atrás.

Talvez você pense que para trazer mais uma família para a igreja seria necessário trazê-la para um culto especial. Mas Jesus pode ter em mente um passeio humilde através de uma simples conversação sua sobre igreja, fé, e perdão. Talvez uma conversação anterior não tenha dado certo, mas quem sabe? O caminho é o mesmo: mas hoje, a jornada pode ser diferente. Jesus conhece isto, e proverá muito bem as respostas. Cristo sabe onde e quando nos enviar de uma maneira simples, talvez nunca antes usada, para cavalgar para dentro de mais outro coração.

Conclusão

No centro do domingo de Ramos está um caminho. É o caminho que nosso humilde Salvador seguiu em majestade, e modesta pompa, para sofrer e morrer pelos nossos pecados. É humildemente montado em sua Palavra que Cristo hoje vem aos nossos corações. Compartilhemos esta Palavra diariamente, e lembremos que nossas estradas, nossas jornadas, realmente não são somente nossas. Elas são de Cristo. Nossas vidas pertencem ao seu Reino; pela fé, nós e os demais cristãos estamos sob o seu reino da graça. Você pode não estar satisfeito com os rumos de sua vida, mas você, eu e todos os crentes somos os que se beneficiam do trabalho de Cristo, da jornada dele. Assim, digamos todos:

Entra em nossos corações, Senhor, e permanece em nós! Como usaste aquele jumentinho para entrar em Jerusalém, usa-nos também a nós como mensageiros teus para levar a tua mensagem de salvação eterna a muitos outros corações! Fica sempre conosco em nossa jornada. Contigo a jornada é de salvação!” Amém.

Renato L. Regauer (Traduzido e adaptado de Edward Frey – SermonCentral.com)
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
regauer@uol.com.br
www.ielb.org.br


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