Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Quinto Domingo na Quaresma- 02 de Abril de 2006
Série Trienal B – Jo 12.20-33 – Horst Reinhold Kuchenbecker
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Texto bíblico: João 12.20-33
20 Ora, entre os que subiram para adorar durante a festa, havia alguns gregos;
21 Estes, pois, se dirigiram a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e lhe rogaram: Senhor, queremos ver Jesus.
22 Filipe foi dizê-lo a André, e André e Filipe o comunicaram a Jesus.
23 Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem.
24 Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.
25 Quem ama a sua vida perde-a, mas aquele que odeia a sua vida neste mundo, preservá-la-á para a vida eterna.
26 Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará.
27 Agora está angustiada a minha alma; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? mas precisamente com este propósito vim para esta hora.
28 Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu: Eu já o glorifique e ainda o glorificarei.
29 A multidão, pois, que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido um trovão. Outros diziam: Foi um anjo que lhe falou.
30 Então, explicou Jesus: Não foi por mim que veio esta voz, e sim por vossa causa.
31 Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso.
32 E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.
33 Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer.

Introdução

Como os tempos mudam. Há 40 anos atrás, o tempo quaresmal era um tempo santo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Nos domingo não havia nenhum jogo oficial de futebol. No rádio só música clássica e religiosa. Em todas as igrejas cristãs, à noite, a partir das 18h ou 20h, em algumas diariamente em outras uma ou duas vezes por semana, havia cultos quaresmais. Hoje, são raras as igrejas cristãs que ainda tem cultos ou devocional quaresmal. Será o medo de sair à noite? Será que já conhecem a história da paixão o suficiente? Será falta de amor a Cristo? Sabe lá!

Por outro, vejo, ao passar nas estantes de revistas, o nome de Jesus em revista. Resumindo, em todas as estantes de livros você vê o nome de Jesus, discutindo sua pessoa, seu rosto, sua vida, sua doutrina. Parece que há uma fome por ver Jesus. Queremos ver Jesus? É a pergunta que se agigante cada vez mais.

Mas que Jesus querem ver? Jesus vegetariano? Jesus místico? Jesus peregrino? Jesus liberal? O Jesus famoso desta ou daquela corrente teológica? Que Jesus querem ver?

Nosso evangelho relata sobre alguns gregos que vieram para ver Jesus. Estes gregos eram prosélitos. Conheceram o Deus de Israel, os escritos do Antigo Testamento, a promessa de um salvador. Estavam indo para Jerusalém para adorar. No caminho ajuntaram-se a uma multidão de peregrinos. Ouvindo sobre Jesus, queriam vê-lo. Não sabemos porque queriam vê-lo? Será que ouviram a respeito de seus milagres ou queriam ver um homem famoso, conforme a curiosidade grega? Não sabemos. Como Jesus era homem simples no meio da multidão, não era fácil distingui-lo da multidão, como ainda hoje não é fácil, em meio a tantos ensinos sobre Jesus, reconhecê-lo. Perguntaram a seus discípulos. Falaram com Filipe. Filipe falou a André. E estes o disseram a Jesus. Senhor, estão aí alguns gregos que querem ver-te.

A pergunta deles é importante. Pois somente por Jesus temos acesso a Deus Pai. Lemos no evangelho de João: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (1.18). Nessa mesma semana, alguns dias mais tarde, Filipe fez a pergunta a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (14.8-9).

Ver Jesus é essencial. Mas não qualquer Jesus. O apóstolo Paulo nos adverte: “Mas ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gl 1.8). Há somente um Jesus que morreu e ressuscitou e é nosso único Salvador. O aposto Paulo afirma: “Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3,4).

Senhor, queremos ver a Jesus? Agora tiveram a oportunidade. O importante, agora, é ouvir o que Jesus tem a dizer.

Jesus não os recebeu em audiência particular. Pelo contrário, aproveitou o momento e falou a toda a multidão. Respondeu-lhes Jesus: “É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem” (v.23). Resposta enigmática. “A hora de ser glorificado o Filho do homem”. Que glória seria esta? Então, pensaram talvez os gregos, chegamos na hora certa. Mas que hora seria esta? Que glória é esta? Jesus explica: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida, perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo, preservá-la-á para a vida eterna... E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer” (Jo 12.23-33). Devem ter ficado estupefatos, como a multidão que fez várias perguntas a Jesus (v.34)

Em outras palavras, Jesus lhes disse que o tempo é chegado em que ele será levantado na cruz. E esta é a hora da glória de Jesus, na qual ele realiza sua maior obra, a salvação da humanidade. Ele será levantado como Moisés levantou a serpente no deserto e quem olhar para ele, com fé, receberá perdão dos pecados. É para isso que ele veio ao mundo. A fim de morrer para dar vida.

Este Jesus precisamos conhecer. Ele não veio como um grande ator, não gritou nas praças (Is 42.2), mas para ser nosso salvador. Ele sofreu o desprezo, carregou nossa culpa, foi açoitado e pregado na cruz. Ele foi o substituto de toda a humanidade. Ele nos reconciliou com o Pai. Aplacou a ira de Deus que pesava contra nós pecadores. Entrando na morte, ele venceu a morte e nos trouxe a vida, vida eterna. E toda a pessoa que reconhece seus pecados, se arrepende e confia na graça de Cristo, tem o que o evangelho lhe oferece, dá e sela, perdão dos pecados, vida e eterna salvação. Por isso o apóstolo Pedro afirmou mais tarde: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12). Este é o único Jesus que existe.

Não aceite nenhum substituto. Muitas revistas apresentam um outro Jesus. Não querem saber do Jesus que se esvaziou e se tornou servo. Que se humilhou tão profundamente a ponto de ser nenê, nascer da pobre virgem Maria numa estrebaria e ser deitado numa manjedoura. De andar humilde não tendo onde reclinar a cabeça. De ser humilhado, açoitado e pregado na cruz. Diante de quem as pessoas meneiam a cabeça, até hoje. Muitos querem um Jesus poderoso, glorioso, espiritual ou moralista ou filosófico, tão pregado hoje na teologia da glória. Este não é o nosso Jesus.

Nosso Jesus é o Jesus crucificado, da teologia da cruz, conforme profetizado no Antigo Testamento, revelado nos evangelho e nas cartas dos apóstolos. A respeito do qual confessamos no Credo Apostólico: “Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morte e sepultado, desceu ao inferno, no terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu, e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos”. Este é o Jesus em cujo nome fomos batizados e que se dá a nós na Santa Ceia. Só nele temos perdão, vida e eterna salvação.

Onde podemos vê-lo hoje? Para isso não precisamos ir a Jerusalém, nem olhar com olhos supersticiosos para a cruz ou tê-la como talismã, nem pensar que nosso ato piedoso de ir à santa ceia o faz. Nós o encontramos na palavra de Deus, na Bíblia, ao ouvirmos esta palavra e como Maria movimentá-la no coração, isto é, meditar sobre ela. Ouvir as palavras na Santa Ceia, tomai e comei, isto é o meu corpo, dado e derramado por vós para remissão dos pecados e saber, quer eu o sinta ou não, Jesus o disse, que assim é. Ali o tenho em palavra e sacramento, não devido a minha piedade e sentimentos, mas em sua palavra. Lembramos as palavras de Hebreus: “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e esta assentado à direta do trono de Deus” (Hb 12.2). Amém.

Mensagem redigida pelo pastor John Pless, adaptada pelo Pastor Horst R. Kuchenbecker

Pastor Horst Reinhold Kuchenbecker
São Leopoldo – RS – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
horstrk@cpovo.net
www.ielb.org.br

 


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