Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Quarto Domingo na Quaresma – 26 de março de 2006
Série Trienal B – Sl 27.1-6 – Nm 21.4-9 – Ef 2.4-10 – Jo 3.14-21 – Marcos Schmidt
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Tema: A fé afasta o medo e torna a vida mais tranqüila...

Quem não tem medo? Medo de ser assaltado, medo de ficar desempregado, medo de pegar a gripe aviária, medo de ser uma vítima do trânsito, enfim, medo de tanta coisa que acontece ao nosso lado?!

Tempos atrás saiu na capa da revista Veja o assunto sobre o medo. Bem destacado aparecia a pergunta: F obias e pânico – por que tantas pessoas sofrem de problemas assim e que tratamentos existem para eles?

Nesta matéria a revista dizia que o medo doentio, diferente do medo normal, identificado como patológico, está relacionado em boa parte das vezes a quadros de ansiedade, angústia e depressão, verdadeiros flagelos da modernidade.

Não há dúvida disto, de que o medo é o grande flagelo da modernidade. Isto é o que todos os especialistas estão dizendo. E hoje, quem mais ganha dinheiro com este mal são os terapeutas, as agências de segurança, os fabricantes de cercas, de alarmes, e carros blindados, e assim por diante.

Terrivelmente, a gente não precisa ligar a televisão ou ler o jornal para ficar apavorado. É só sair da porta de casa, e começa uma verdadeira guerra – uma luta da sobrevivência.

Nós nos prendemos dentro de nossas casas, atrás de grades e portas bem reforçadas, colocamos alarmes no nosso carro, fazemos seguro de vida e de bens, mas não conseguimos fazer alguma coisa para nos livrar do medo.

Será mesmo? Será que não existe alguma coisa para nos deixar mais tranqüilos?

Há algum remédio contra a fobia, o PAVOR que já virou doença?

Pois, meus irmãos e irmãs, pode parecer algo mais louco ainda para este mundo que hoje busca a salvação de tudo na tecnologia.

Mas, existe sim, um remédio eficaz e poderoso para combater este grande mal do homem moderno. E não está na ciência, ou nas últimas descobertas tecnológicas, ou em qualquer coisa que vem da competência humana.

É evidente que a ciência humana não pode ser desprezada. Como, por exemplo, pessoas que sofrem da síndrome do pânico. É uma doença que precisa de especialistas. Assim como a depressão e tantos outros problemas.

No entanto, psiquiatras, psicanalistas, terapeutas e médicos em geral, deveriam reconhecer que o ser humano é muito mais do que corpo e mente. Ele tem alma, espírito. Portanto, nunca haverá uma cura completa contra o medo, se o tratamento não começar lá onde começa tudo – lá na alma.

Por isto, os textos bíblicos deste culto nos apresentam este remédio poderoso.

Foi por isto mesmo que Davi confessou: “O Senhor Deus é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor me livra do perigo; não ficarei com medo de ninguém” (Salmo 27.1).

Nós conhecemos muito bem a história de Davi. Ele foi um rei que precisou enfrentar muitas situações de perigo: exércitos inimigos que tentavam invadir e atacar a nação de Israel; o seu filho Absalão que queria tomar o seu lugar – Davi precisou fugir para não ser morto pelo seu próprio filho. Estas e outras situações colocaram Davi em constante perigo de morte. Ele tinha todos os motivos para ser uma pessoa medrosa, aflita, neurótica...

Mas, ao contrário, ele vivia tranqüilo. Por quê? A resposta está aqui no Salmo 27: “O Senhor me livra de todo perigo; não ficarei com medo de ninguém (...) Ainda que um exército inteiro me cerque não terei medo; ainda que os meus inimigos me ataquem continuarei confiando em Deus”.

Quando recebi o chamado para esta congregação, muitos me diziam: lá é muito perigoso, é uma cidade muito violenta. Na verdade, se Deus realmente está chamando alguém, seja um pastor para uma congregação, ou um membro para uma tarefa, não são os perigos de assalto ou de qualquer outra coisa que atentam contra a vida, que devem impedir. Afinal, é Deus chamando...

Também quando estávamos reorganizando o trabalho do PEM (Programa de Evangelização e Mordomia) – os pequenos grupos de famílias, nos disseram que isto seria muito difícil, porque as pessoas não saem de noite com medo de assalto.

Ora, se não vamos sair de noite para um estudo bíblico, com medo da violência, então também não podemos mais sair para uma festinha, para a faculdade, ou qualquer outro compromisso.

É claro que não vamos nos expor de graça ao perigo, como fez o Diabo com Jesus na tentação: te atira daqui para baixo que os anjos vão te amparar. No entanto, devemos confiar mais em Deus, na sua proteção. Porque ainda somos a luz do mundo, e não podemos ficar trancados, longe da escuridão.

Afinal, é isto que Davi confessa aqui no Salmo 27: “O Senhor Deus é a minha luz e a minha salvação”.

Deus continua sendo também a nossa luz, e nós continuamos sendo a luz do mundo. Por isto nós precisamos de Deus, e o mundo precisa de nós.

Os terapeutas e cientistas não concordam com o que eu vou dizer agora, mas a Bíblia explica o medo como conseqüência do pecado. Adão e Eva pecaram e começaram a sentir medo (Gênesis 3). Todos os seres humanos por serem descendentes de Adão e Eva são pecadores e por isto estão com o mesmo problema.

Não estamos falando aqui do medo normal, como medo de cobra, de aranha, do mar... Este medo é bom porque é o próprio instinto de sobrevivência.

Estamos falando daquele medo que está na alma e que nenhum psicanalista explica.

Estamos falando daquilo que lemos lá em 1 João 4.18,10: “No amor não há medo; o perfeito amor afasta o medo... E o amor é isto: não somos nós que temos amado Deus, mas foi ele que nos amou e mandou o seu Filho para que, por meio dele, os nossos pecados fossem perdoados”.

Por isto Freud não explica tudo! Os médicos da mente podem ajudar com suas psicanálises e terapias curando muitas doenças. Mas a doença da alma, a pior de todas, só tem um remédio: Cristo Jesus!

E o tratamento é simples: basta crer!

Um exemplo de fé, que vence o medo, e que salva, está na leitura de Antigo Testamento junto com o Evangelho, conforme lido neste culto.

O povo de Israel tinha se rebelado contra Deus e contra Moisés no deserto. Deus então mandou um castigo. Cobras venenosas apareceram e se espalharam no meio do povo. As pessoas começaram a morrer e não sabiam mais para onde fugir. Moisés então pediu a Deus que os livrasse deste castigo. Deus então ordenou uma solução muito esquisita. Diz o texto:

Faça uma cobra de metal e pregue num poste. Quem for mordido deverá olhar para ela e assim ficará curado. (Números 21.8)

Podemos imaginar: era uma questão de confiar ou não na palavra de Deus. Muitas pessoas certamente acharam isto uma bobagem. E por isto morreram. Outros acreditaram, e mesmo com o veneno no corpo, sobreviveram. Simplesmente porque ficaram olhando para a cobra de metal pendurada no poste. Simplesmente porque creram.

No Evangelho, vemos a história de Jesus com Nicodemos. E Jesus dizendo para ele: Assim como Moisés, no deserto, levantou a cobra de bronze numa estaca, assim também o Filho do Homem tem de ser levantado para que todos os que crerem nele tenham a vida eterna (João 3.14,15).

E depois Jesus diz aquelas palavras que são o “filé mignon” da Bíblia: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu único filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.

Vejam que o processo aqui de salvação é o mesmo. É preciso olhar para o Cristo pendurado na cruz, assim como o povo no deserto olhou para a cobra. Só desta maneira o pecador não morre eternamente.

É uma coisa muito simples, mas este foi o jeito que Deus providenciou para anular o efeito do veneno mortal, que a serpente, Satanás, injetou em nossa alma.

Não existe outro caminho para escapar da morte. É preciso olhar para a cruz, é preciso crer.

E se foi Deus quem deu olhos para o povo de Israel enxergar a cobra de metal, é ele também que nos dá os olhos da fé.

É isto que nós lemos na Epístola de hoje: Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus (Efésios 2.8).

Na verdade, os textos bíblicos deste fim de semana dariam um estudo bíblico para falarmos o dia inteiro. Vocês, que agora podem encontrar estes textos também no próprio calendário, leiam em casa e meditem profundamente na mensagem que eles nos trazem. Especialmente para nós que vivemos nestes tempos tão difíceis.

Tenho certeza de que se deixarmos esta mensagem do céu atingir com mais intensidade nosso coração, teremos uma vida mais tranqüila. E sem dúvida, viveremos com mais saúde física e mental, já que o nosso espírito estará curado...

Porque, infelizmente não temos para onde ir, para onde fugir. As cobras estão soltas no deserto deste mundo e perigos nos rodeiam, onde quer que estejamos.

Mas, é nesta hora que precisamos confiar na promessa de Deus, a promessa de que estamos salvos de um perigo mortal – do mal que leva alguém para a condenação eterna.

Meu irmão, minha irmã, Jesus sofreu este mal em teu e em meu lugar. Gênesis 3.15 já estava indicando este remédio. Deus disse para a Serpente: Ele, Jesus, vai esmagar a tua cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

Jesus foi mordido traiçoeiramente no calcanhar com o veneno do pecado. E morreu. Mas com a sua morte, ele esmagou a cabeça da serpente, isto é, eliminou o poder de Satanás.

Podemos comparar isto com aquilo que o cavalo faz por nós. Se alguém é mordido por uma cobra, é o cavalo que pode salvar. Isto porque o veneno da cobra é colocado no cavalo, e este animal produz os anticorpos, o antídoto. Com o tempo, de tanto o cavalo fabricar este remédio, ele é sacrificado, porque não presta mais para nada.

Deus colocou o veneno do pecado em Jesus - ele foi sacrificado, para que assim pudéssemos ter o antídoto contra este mal que está em todos nós. Basta agora tomar esta vacina, basta crer.

Dizem que o grande medo que cerca as pessoas é quanto ao futuro. O que vai acontecer amanhã? O que vai ser de nós?

Para finalizar, gostaria que vocês abrissem a Bíblia (NTLH), lá em Efésios 2.6,7. Vamos ler em conjunto, e assim concluo esta mensagem, porque não é preciso dizer mais nada:

Por estarmos unidos com Cristo Jesus, Deus nos ressuscitou com ele para reinarmos com ele no mundo celestial. Deus fez isso para mostrar, em todos os tempos do futuro, a imensa grandeza da sua graça, que é nossa por meio do amor que ele nos mostrou por meio de Cristo Jesus.

Amém!

Marcos Schmidt – Novo Hamburgo – RS –Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
marsch@terra.com.br
www.ielb.org.br


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