Göttinger Predigten im Internet
ed. by U. Nembach, J. Neukirch, C. Dinkel, I. Karle

Quarto Domingo na Quaresma – 26 de março de 2006
Série Trienal B – Nm 21.4-9 – Ef 2.4-10 – Jo 3.14-21 – Sílvio Ferreira da Silva Filho
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Texto: Nm 21.4-9

Tema: Somente em Jesus há verdadeira cura

Há poucos dias foi descoberto que o veneno da cobra cascavel tem propriedades altamente benéficas no tratamento da dor. Quem de nós poderia imaginar que de uma cobra tão venenosa pudesse vir um remédio para aliviar a dor...

O nosso texto também fala de uma cobra que foi pendurada numa haste e todo aquele que olhava para ela, era curado. A serpente de bronze aponta para Jesus, no qual Deus providenciou a cura verdadeira para toda a humanidade. Portanto, com base em Nm 21.4-9, queremos meditar sobre o tema:

Somente em Jesus há verdadeira cura.

O povo de Israel estava em marcha para a terra de Canaã. Já haviam se passado 38 anos desde que saíram do Egito. Mais uma vez o povo murmurou contra Deus e Moisés, e se tornou impaciente pelo caminho. Eles disseram: “Por que nos fizeste subir do Egito, para que morramos neste deserto, onde não há pão nem água. A nossa alma tem fastio desse pão vil”. Por causa desta impaciência do povo, Deus mandou serpentes abrasadoras que picavam o povo. A picada daquelas serpentes produzia uma dor insuportável, porque atacava o sistema nervoso e o cérebro e, com isso, muitos do povo de Israel morreram.

O povo, então, foi a Moisés e lhe disse: “Havemos pecado, porque temos falado contra Deus e contra ti. Ora ao Senhor que tire de nós as serpentes”. Moisés orou a Deus e Deus lhe disse: “Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste: e será que todo o picado que olhar para ela viverá”. Então Moisés fez uma serpente de bronze, e a pôs sobre uma haste. Sendo alguém picado por alguma serpente, se olhava para a de bronze, ficava curado. Portanto, repito, esse texto nos convida a refletir sobre o tema:

Somente em Jesus há verdadeira cura.

Qual era a doença do povo? O povo sofria de um mal terrível: a impaciência. Eles estavam caminhando há quase quatro décadas, comiam todos os dias a mesma comida, andavam todos os dias numa jornada difícil. Isso tudo encheu o coração daquele povo de ansiedade e eles ficaram impacientes e reclamões. Falaram mal de Deus e de Moisés.

Hoje, como nós demonstramos que somos impacientes e reclamões? Quando Deus nos dá corpo, vida, família, trabalho, saúde, bens, e, apesar de tudo isso nós reclamamos e achamos que não está bom. Olhamos para o que outras pessoas têm, reparamos como elas vivem, e pensamos que só seremos felizes quando tivermos as mesmas coisas e vivermos da mesma maneira como as pessoas à nossa volta vivem.

Outras vezes lutamos longo tempo com alguém que está enfermo, sofremos um longo tempo procurando um emprego, passamos muito tempo tentando aprovação num concurso, lutamos anos seguidos contra uma crise matrimonial e na família e - vemos o tempo passar e nada de bom acontecer. Não suportamos mais esperar. Não nos contentamos com o que já alcançamos. Ficamos impacientes, reclamamos de Deus: Onde está o Deus que prometeu estar comigo, me ajudar, me amparar, resolver os meus problemas?

Do ponto de vista espiritual, quantas vezes reclamamos da nossa Igreja, achando que a pregação e o ensino da palavra de Deus sempre nos oferecem as mesmas coisas. Então, dizemos: “Estamos cansados de ouvir falar de Cristo! Estamos cansados de ouvir falar de perdão, vida e salvação! Estamos cansados de ouvir falar de batismo, de santa ceia, da pregação do evangelho! Queremos coisa diferente: queremos ouvir uma mensagem que estimule o nosso ego, que nos faça decidir e governar a nossa vida espiritual, que nos faça mandar em Deus”. Então, olhamos para fora, para outras denominações religiosas - e queremos ouvir esse tipo de mensagem, que coloca o ser humano como capaz de conseguir todas as coisas, de movimentar o lado espiritual da vida e de determinar para Deus o que ele deve fazer na nossa vida. Esse tipo de mensagem atrai, é agradável aos ouvidos, levanta o ego. No entanto, afasta de Deus, pois é como veneno mortífero, que produz sofrimento, dor e morte e que, ao final, leva para o inferno.

Se nós, muitas vezes somos impacientes, Deus não é impaciente. Assim como ele se compadeceu daquele povo, providenciando a cura da sua doença através da serpente de bronze, assim ele também providencia a cura da nossa doença através do seu filho Jesus Cristo. A serpente de bronze aponta para a maior demonstração do amor de Deus e da sua paciência conosco ao enviar ao mundo o seu filho Jesus Cristo.

Jesus levou sobre si todo o sofrimento que nós deveríamos suportar. Ele foi ferido, maltratado, humilhado, moído; mas, não abriu a boca para reclamar. Ele foi “como ovelha muda ao matadouro” por nossa causa. Ele deu a sua vida, morreu e ressuscitou em nosso favor.

A morte e a ressurreição de Jesus é o único e poderoso soro antiofídico - capaz de nos curar completamente das picadas do pecado e da morte, e nos dar a verdadeira cura, a vida plena e salvação.

Esse remédio que nos cura completamente, Deus nos oferece de graça, continuamente, no evangelho. Assim como, lá no deserto, todo o que, picado pela serpente, se olhasse para a de bronze, sarava; muito mais agora, todo aquele que, estando doente por causa do pecado, é batizado em nome do Deus Triúno, ouve atentamente a pregação e o ensino da palavra de Deus e come e bebe o corpo e sangue de Jesus na santa ceia, recebe a cura da sua doença espiritual e vive diante de Deus, feliz e agradecido pela sua graça e misericórdia.

O texto do evangelho nos mostra que a serpente de bronze, colocada sobre uma haste, é uma figura da crucificação de Jesus. Jesus foi pregado na cruz para que os pecadores que olhassem para ele fossem curados da inflamação fatal do pecado. Como Deus não providenciou outro meio para a cura dos israelitas, assim também não há outra cura para os pecadores, a não ser a que se encontra em Cristo. Todo aquele que olhava para a serpente de bronze era curado; todo o que olha com fé para Jesus é curado da morte e do pecado, “porqueDeus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” e “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Jo 3.16; Rm 6.23).

Na confiança de que somente em Jesus há verdadeira cura, nós agora queremos, com o querer do Santo Espírito habitando em nós, demonstrar toda a nossa gratidão a Deus, respondendo ao seu amor, dedicando a ele a nossa vida com tudo o que somos e temos. Queremos nos esforçar para que a mensagem do evangelho chegue a mais pessoas que estão doentes e estão sofrendo por viverem longe de Deus, a fim de que elas também conheçam e creiam no Salvador Jesus e sejam por ele curadas.

Quando a doença da ingratidão e impaciência bater à porta do nosso coração, vamos olhar para Jesus. É ele que nos leva ao arrependimento e à confiança na palavra e nas promessas de Deus.

Portanto, confiando que somente em Jesus há verdadeira cura, vamos nos apegar a ele de todo o nosso coração e vamos agradecê-lo por todas as coisas boas que ele tem feito por nós. Amém!

Sílvio Ferreira da Silva Filho – Vila Velha – ES – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
revsilviop@yahoo.com.br
www.ielb.org.br


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