Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Antepenúltimo Domingo no Ano da Igreja – 6 de novembro de 2005
Salmo 90.1-12 – Leonerio Faller
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Texto da pregação: Salmo 90.1-12 - 1. Senhor, tu tens sido o nosso refúgio. 2. Antes de forma-res os montes e de começares a criar a terra e o Universo, tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro. 3. Tu dizes aos seres humanos que voltem a ser o que eram antes; tu fazes com que novamente virem pó. 4. Diante de ti, mil anos são como um dia, como o dia de ontem, que já pas-sou; são como uma hora noturna que passa depressa. 5. Tu acabas com a vida das pessoas; elas não duram mais do que um sonho. São como a erva que brota de manhã, 6. Que cresce e abre a flor e de tarde seca e morre. 7. Nós somos destruídos pela tua ira, e o teu furor nos deixa apavorados. 8. Tu pões as nossas maldades diante de ti e, com a tua luz, examinas os nossos pecados secretos. 9. De repente, os nossos dias são cortados pela tua ira; a nossa vida termina como um sopro. 10. Só vivemos uns setenta anos, e os mais fortes chegam aos oitenta, mas esses anos só trazem canseira e aflições. A vida passa logo, e nós desaparecemos. 11. Quem já sentiu o grande poder da tua ira? Quem conhece o medo que o teu furor produz? 12. Faze que saibamos como são poucos os dias da nossa vida para que tenhamos um coração sábio. (Bíblia Sagrada - Nova Tradução na Linguagem de Hoje)

Muito estimados amigos e irmãos.

Nos últimos dias muitas reportagens foram divulgadas sobre a seca na Amazônia. Maior região do Brasil com florestas, onde sempre houve chuvas em abundância, agora está sem chuva, grandes rios estão com pouca água, não se podendo navegar onde antes podia, enormes quantidades de peixes morrendo por falta de oxigênio na pouca água.

Os cientistas entrevistados tem posto a culpa no próprio ser humano: o desmatamento que está havendo na região Amazônica, as queimadas, e os gazes lançados na atmosfera por veículos e indús-trias pelo globo terrestre afora.

O ser humano prejudica a natureza e esta, sofrendo, reage trazendo problemas para o ser hu-mano. E com isso aumenta o sofrimento do ser humano.

Sem dúvida há necessidade da sabedoria de Deus para a precariedade da vida humana.

I. A precariedade da vida humana

a) O Salmo 90 é atribuído ao grande líder dos israelitas - Moisés. Ele escreveu que a vida humana chega a 70 ou a 80 anos. Mas esses anos trazem canseira e aflições (v.10). Moisés foi muito otimista. Ele viveu 120 anos porque foi chamado por Deus para uma tarefa muito especial – tirar os israelitas da escravidão egípcia e levá-los à terra de Canaã. A média de vida naquela época sem dúvida era bem menor do que 70 anos. 70 e 80 anos naquela época era coisa rara. Atualmente há países em desenvolvimento e desenvolvidos que a média de vida é de 70 anos e 80 anos.

Porém, mesmo assim o ser humano passa, a vida humana passa logo, e nós desaparecemos (v.10). O ser humano volta ao pó da terra de onde veio. De madrugada, as flores se abrem, vicejam, novas surgem, mas de noite a maioria murcha e seca. Assim acontece com o ser humano. Apenas por pouco tempo manifesta seu vigor.

No versículo 7 lemos: nós somos destruídos pela tua ira. A ira divina é o motivo da morte do ser humano. A ira de Deus é o motivo de terminarmos assim rapidamente, de sermos arrancados da vida. Deus mesmo destrói, na sua ira, o que antes criara. A morte é um juízo de Deus. Então a morte não é coisa natural. O natural é viver, pois Deus criou o ser humano para viver.

b) De onde vem esta ira de Deus? O versículo 8 responde: nossos pecados são o motivo desta ira. O salário do pecado é a morte (Rm 6.23), assim é a sentença de Deus. Conforme Davi no Salmo 51.5, fomos concebidos em pecado, nascemos em pecado, e vivemos pecando. Daí a grande indignação de Deus. A morte é prova constante da pecaminosidade humana.

No entanto, a maioria das pessoas vive sem se preocupar com a morte. Muitas pessoas vivem como se apenas as outras pessoas fossem morrer, elas não. Porém, cada pessoa que morre deve nos fazer ter o verdadeiro respeito diante da ira divina e buscar a comunhão com este Deus eterno.

II. O Deus eterno é refúgio.

a) O Deus do qual o Salmo 90 fala é eterno. Moisés admirado, no versículo 2 exclama: Antes de formares os montes e de começares a criar a terra e o Universo, tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro. Que contraste: Deus sempre viveu, o ser humano vive pouco tempo; Deus sempre viverá, o ser humano morre. Antes que as montanhas fossem chamadas à existência, Deus já existia. Deus não era, Deus é.

Uma característica maravilhosa deste Deus eterno é que ele é refúgio de cada geração que nele confia. Senhor, tu tens sido o nosso refúgio(v.1). Moisés, na sua longa vida de 120 anos, viu gerações surgirem e desaparecerem, e experimentou como Deus, apesar da teimosia destas gerações, sempre continuou sendo refúgio de cada uma.

A palavra usada para refúgio, significa moradia, fortaleza situada numa montanha, esconderijo, defesa. Moisés via o Deus eterno como o único que abriga e não deixa sozinho o que nele crê; protege das forças espirituais do mal, defende quando o mal vem atacar.

No tempo que Moisés compôs este salmo, havia as cidades de refúgio. Se alguém matasse outra pessoa acidentalmente e, fugindo, conseguisse entrar numa cidade de refúgio, esta pessoa estava segura, protegida até que fosse julgada por quem devia julgar. Em Deuteronômio 4.41 a 43 lemos que o próprio Moisés escolheu três cidades no lado leste do rio Jordão para serem cidades de refúgio. É bem possível que Moisés tinha esta idéia em mente quando chamou o Senhor de refúgio.

b) Nós seres humanos fazemos mal ao nosso próximo e fazemos mal perante aos teus olhos, ó Deus. Mas tu, o Senhor, nos dás uma cidade de refúgio – Jesus Cristo. Ele nos acolhe em seus braços amorosos, perdoadores e nos protege da ira do Pai celeste. Aliás, pelo fato de Jesus Cristo ter sofrido a ira de Deus Pai em lugar da humanidade pecadora, Deus Pai nos adota como seus filhos e suas filhas, está em comunhão conosco e nos considera herdeiros da morada eterna no céu.

Podemos expressar nossa fé com o poeta cristão:

Ó Deus, eterno Protetor,/ ajudador fiel,
És nosso amparo em toda a dor,/ socorro de Israel.
Sob tua forte proteção/ andaram sempre os fiés,
Guiados só por tuda mão,/ potente Rei dos reis.
Mil anos são aos olhos teus/ qual noite que findou,
E a vida humana, grande Deus,/ qual sombra que passou.
Ó Deus, eterno Protetor,/ ajudador fiel,
Sê nosso amparo em toda a dor,/ socorro de Israel!
(Hinário Luterano, Editora Concórdia, hino 416).

III. Sabedoria para viver na precariedade

a) Grande parte das pessoas vive como se fosse eterna, sem preocupar-se em relacionar-se com Deus, sem preocupar-se com a morte e com o que pode vir depois dela. Como escreveu o intérpre-te bíblico Weiser, “o poeta observa que parte da natureza do pecado é o fato de que os homens dificil-mente reconhecem o relacionamento que existe, em última análise, entre a mortalidade e o pecado, por-que vivem para o momento atual...”

Porém, o salmista tem uma atitude diferente: ciente da precariedade da vida humana, ora ao Deus eterno e que também é refúgio: Faze com que saibamos como são poucos os dias da nossa vida para que tenha-mos um coração sábio (v.12). Em nome de todos os filhos de Deus, a oração de Moisés é por ensina-mento, ou seja: explicação de causa e efeito, sobre pecado e morte, sobre a vaidade e a brevidade da vida, para que aprendamos sabedoria, tenhamos os corações entendidos, sensatos, viven-do cada dia em comunhão com Deus com a esperança segura da vida eterna no céu.

b) Não nos esqueçamos: que Jesus Cristo é o nosso refúgio como também é a sabedoria de Deus vinda ao mundo. Ele trouxe ao mundo todos os ensinamentos importantes da parte de Deus que nós seres humanos precisamos saber. Através da Bíblia, Jesus Cristo nos ensina sobre nossa origem e nosso destino, a finalidade de nossa existência e como ter uma vida útil neste mundo, que pela fé nele temos perdão dos pecados e união com o Pai celeste.

Parte de uma música diz assim: “O tempo passa e com ele caminhamos todos juntos sem parar. Nossos passos pelo chão vão ficar”. Sim. O tempo passa e nós passamos também. Por isso precisamos da sabedoria de Deus para usar bem o tempo que Deus nos dá, os bens, os dons, as oportunidades, a fim de vivermos a vida como Deus quer, realizar as obras que nos cabe realizar e então, quando partir-mos deste mundo, possamos deixar um mundo melhor do que quando aqui chegamos.

Que todos os cristãos da face da terra possam lutar com aqueles que se manifestam e têm atitu-des também em favor da natureza que recebemos de Deus. Que os sofrimentos causados pelo ser hu-mano à natureza possam ser dimunuídos pelo fato de todos os cristãos, com a sabedoria de Deus, tra-balharem em prol da vida humana, da vida animal e da vida vegetal, cuidando e protegendo este planeta que Deus nos deu.

Deixemos Jesus Cristo nos trazer a sabedoria de Deus para vivermos na precariedade da vida neste mundo. Amém.

Leonerio Faller
Igreja Ev. Luterana da Penha
Rio de Janeiro , Brasil
leoneriofaller@yahoo.com.br


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