Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Décimo Nono Domingo Após Pentecoste - 25 de setembro de 2005
Série Trienal A – Mateus 21.28-32 – Milton Buss Leitzke
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


VIDAS TRANSFORMADAS

INTRODUÇÃO

Certo comerciante tinha uma loja de peças de carro. O negócio ia bem, mas seu gerente não era mais de confiança. Havia suspeitas de que ele estava roubando. Este comerciante tinha dois filhos estudando na capital. Num feriadão, quando os filhos foram para casa, aquele comerciante chamou o filho mais velho e lhe pediu: “- Filho! Você poderia cuidar dos negócios para mim. Preciso de um gerente de confiança”. Ele prontamente respondeu ao pai: “- Claro. É isso mesmo que eu gostaria. Vou assumir a loja”. Só que aquele filho deu um jeitinho. Voltou à cidade... foi enrolando... enrolando... e nunca voltou para assumir a gerência.

O pai então foi falar com seu outro filho. Só que este logo lhe disse: “- Eu não. Pai. Esse negócio não é para mim. Prefiro ficar onde estou. Não gosto dessa história”.

O pai não forçou nenhum dos filhos a fazer algo. Fez o convite... mas respeitou a decisão. Tempos mais tarde recebeu um telefonema. Era o segundo filho dizendo que estava voltando. Ajudaria seu pai nos negócios. Havia pensado bem, e resolveu fazer o que o pai lhe pedira.

Assim poderíamos contar esta parábola dos dois filhos, contada por Jesus, nos dias de hoje. Ela é uma realidade e retrato do relacionamento não só entre pais e filhos, mas também entre patrões e empregados! E, especialmente, entre Deus e as pessoas.

Na parábola de hoje Jesus Cristo está diante dos líderes religiosos de sua época. Gente de boa fama, de boa aparência, mas sem muita religiosidade interior.

1. SEM ARREPENDIMENTO

“O pai disse ao primeiro filho: - Filho, vai hoje trabalhar na vinha. Ele respondeu: - Sim senhor; porém NÃO foi”. Teve boa intenção, mas qual o valor de uma boa intenção? A vida humana está cheia de boas intenções.- “Eu tinha planejado visitar meu amigo enlutado, mas...” - “Eu queria ter pedido desculpas, mas...”

Boa intenção é muito semelhante ao quase. Alguém de forma criativa descreveu o quase da seguinte maneira: “O quase é uma figura bastante conhecida. Ele costuma acompanhar o nosso dia-a-dia. Se você pensar bem, o quase não é nem meio caminho andado. Quem quase está salvo, na verdade ainda está condenado ou perdido. A pessoa quase curada ainda está doente. Em se tratando da fé, o quase é fatal. Você quase crê em Jesus como seu Salvador, então você quase está salvo...”. Boa intenção somente não edifica. Não leva a nada. Não ecoa. Não chega a realizar seu intento. Não produz. Fica o dito pelo não dito.

Na vida espiritual, faltando fé e arrependimento verdadeiros, somos conduzidos para longe de Deus. “Sem fé é impossível agradar a Deus”. Diz um ditado popular que o “caminho para o inferno está marcado por pessoas que tiveram boas intenções na vida”. Verdade ou não, é no mínimo preocupante.

Não tem sentido nenhum aparentar uma vida religiosa, sustentar uma fachada que esconde a descrença. Deus vê além das aparências. Deus vê os corações.

Os fariseus, os escribas e os sacerdotes no tempo de Jesus não O reconheceram, pois a mensagem de salvação anunciada por Ele não era a mesma que eles pregavam e anunciavam ao povo. Eles ensinavam a salvação através das obras, por isso exigiam coisas, que muitas vezes nem eles mesmo conseguiam fazer.

Para os fariseus Jesus não passava de um beberrão e comilão que se assentava à mesa com os pecadores. Para os escribas, Jesus não passava de um iletrado. Por inúmeras vezes os escribas e os fariseus estavam unidos nas diversas armadilhas que fizeram a Jesus, tentando fazer com que Ele afirmasse alguma coisa contra a Lei de Moisés ou mesmo a favor do jugo romano. É que eles não aceitavam a autoridade com que Jesus ensinava o povo, exortando-o principalmente a penitência e ao arrependimento.

Estes eram gente de boa fama. Cumpridores das leis de Moisés; participantes assíduos da sinagoga; ofertantes de sacrifícios e dízimos; doadores de esmolas aos pobres; praticantes de orações diárias em particular e em público.... Gente boa, de religião intocável...

Mas Deus, que vê os corações, enxerga o que olhos humanos não são capazes de ver: o “inchaço espiritual” que lhes dava o aparente direito de se julgarem melhores que os outros. Eram vidas aparentemente transformadas porque não havia arrependimento verdadeiro. Eles se julgavam justos, perfeitos, então quem é este que vem falar em arrependimento? Muitos hoje pensam também assim: não mato, não roubo, não bebo, não fumo, vou aos cultos regularmente e pago em dia a minha contribuição. Portanto, eu estou tranqüilo, estou salvo.

Pessoas assim se esquecem da verdade que a Bíblia nos ensina do Sl 51.5: “Eu nasci na iniqüidade e em pecado me concebeu a minha mãe”. O homem e a mulher, desde o seu nascimento, trazem dentro de si a situação de pecadores.

Fariseus, escribas e sacerdotes são iguais ao primeiro filho, que usa de toda boa política familiar e diz estar disposto a realizar as ordens do seu pai, mas não vai. São os que prometem facilmente as coisas, prometem tudo, mas na hora do vamos ver, não vão, não fazem, arrumam mil e uma desculpas, e ainda se consideram melhores do que os outros. Estas pessoas julgam-se justas e não necessitadas de seguir ou ouvir a Palavra de Deus, julgam-se salvas através das suas obras e não olham para a cruz de Cristo como necessitados do perdão e da salvação.

II. COM ARREPENDIMENTO

“- Aí o pai foi e deu ao outro filho a mesma ordem. E este respondeu: Eu não quero ir. - Mas depois mudou de idéia e foi”.

O segundo filho revela a mesma oposição da natureza humana às coisas espirituais, pois ele disse: “- EU NÃO QUERO IR”. Mas, então, o que existe de novo? Sim, algo novo acontece. É o arrependimento produzido por Deus. “Mas arrependido foi executar a tarefa indicada pelo pai”.

Agora, a intenção é cumprida na ação. A diferença é esta: Deus mesmo moveu o coração. O filho faz a vontade do pai depois do arrependimento. Deus transforma seus filhos em pecadores penitentes.

Quem são os pecadores penitentes? “Pecadores penitentes são aqueles que se arrependem dos seus pecados, isto é, que sentem pesar por eles, e que ao mesmo tempo crêem em Jesus Cristo seu Salvador”.

Esta conversão é verdadeira. Não é de fachada. Não é vã aparência. Esta conversão foi operada nos corações de gente má. Eram má gente, antes do arrependimento; depois, foram transformadas em filhos obedientes ao Pai do céu.

Os publicanos e as prostitutas, dentro do povo de Israel, eram considerados pecadores públicos e, portanto, estavam excluídos do convívio religioso.

Os publicanos eram considerados pecadores impenitentes. Não cumpriam os rituais judaicos. Entre eles estavam os cobradores de impostos, considerados pelos líderes religiosos como traidores da nação judaica, pois uniram-se aos romanos e colaboravam na arrecadação dos impostos a Roma. Também estes não contavam com a simpatia popular, pois cobravam sempre a mais e assim roubavam das pessoas para si. Eram considerados e tratados como ladrões e traidores da nação judaica, ou seja, aliados dos romanos.

As prostitutas então, eram tanto excluídas do convívio social como do religioso. Eram consideradas pecadoras públicas, pois transgrediam o sexto mandamento.

Justamente foi dentro deste grupo que a mensagem de Jesus teve o seu efeito maior. Temos vários exemplos bíblicos de publicanos e prostitutas que mudaram a sua vida, após ouvirem a mensagem de arrependimento pregada por Jesus.

Mateus, um dos doze discípulos de Jesus e evangelista, é um exemplo desta mudança. Ao ser chamado por Jesus não hesitou em deitar a sua função de cobrador de impostos e seguir o Mestre.
Zaqueu, outro publicano, chamado por Lucas como o maioral dos publicanos, é também um exemplo do efeito da pregação da mensagem por Jesus. Jesus vai ao seu encontro e hospeda-se na sua casa. Zaqueu, pela ação do Espírito Santo, compreendeu que a salvação estava chegando até ele, considerado pelos líderes religiosos um pecador e sem perdão. Zaqueu muda a sua atitude de vida. Resolve dar metade dos seus bens aos mais pobres e parar de roubar das pessoas, como era o costume dos cobradores de impostos. Em outras palavras, reconhece o seu pecado, arrepende-se e conseqüentemente muda a sua forma de viver. É uma resposta de amor ao amor generoso de Deus, que por primeiro veio ao seu encontro.

Em Lc 7.36-50 temos o exemplo de uma prostituta que se chega a Jesus, em humildade de coração e lava-lhe os seus pés com suas lágrimas e beija-os. Jesus prontamente lhe anuncia o perdão e a salvação: “A tua fé te salvou; vai-te em paz” (Lc 7.50).

Outro exemplo é a mulher adúltera, em Jo 8.1-11. Esta mulher estava para ser condenada por adultério. Jesus não a condena e não permite que os líderes a condenem: “Nem eu tão pouco te condeno; vai e não peques mais” (Jo 9.11).

Estas pessoas que acima citamos, são semelhantes ao filho que de um modo brusco disse ao pai: “Não quero”, mas que depois se arrepende e faz a vontade do seu pai.

Sem dúvida é somente pela ação do Espírito Santo nos corações humanos que se opera este arrependimento. É o Espírito Santo quem cria a fé; quem mantém a fé; quem produz o arrependimento diário; quem cria coração e mente novos; quem transforma; quem nos faz renunciar ao diabo, a todas as suas obras e toda a sua pompa; quem nos faz afogar, por contrição e arrependimento diários, o velho homem; quem faz sair e ressurgir novo homem; quem nos faz viver e crescer diariamente na fé verdadeira e em boas obras diante de Deus.

CONCLUSÃO
TODOS NÓS SOMOS FILHOS DE DEUS.

Segundo a parábola de Jesus, existem dois tipos de filhos. Aquele que quer fazer a vontade do Pai, mas acaba não cumprindo. E aquele que, apesar de dizer não, é transformado para fazer. Que tipo de filho somos? Pela graça divina, deveríamos ser o segundo filho.

Mas esta transformação está sendo vivida em nossos corações, na nossa vida diária, na educação dos nossos filhos, no relacionamento marido e esposa, patrão e empregados, membro e igreja? Ou preferimos ensaiar uma vida aparentemente religiosa, mas sem fé e arrependimento verdadeiros?

Com o coração aberto e transformado pela palavra de Deus, ajudemos o primeiro filho da parábola, para que ele também veja o seu erro e mude. “Nos céus há júbilo por um pecador que se arrepende”.

E, para finalizar, eu me arrisco a dizer que nós devemos ser nem o primeiro e nem o segundo destes filhos, mas precisamos ser o terceiro filho, que não aparece nesta parábola, mas que diz: "Sim" e que vá trabalhar de boa vontade.

Que Deus nos faça ser um terceiro filho desta parábola. Amém.

Milton Buss Leitzke
Alta Floresta – MT – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
milton.buss.leitzke@vsp.com.br
http://www.ielb.org.br

 


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