Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Décimo Oitavo Domingo Após Pentecoste - 18 de setembro de 2005
Série Trienal A – Mateus 20.1-16 – Teófilo Timm
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


SOMENTE POR GRAÇA

Acho que todos nós concordamos que na Bíblia há assuntos mais importantes e assuntos menos importantes para a fé cristã. Há as doutrinas que são fundamentais, e as doutrinas não fundamentais da fé cristã. Doutrinas fundamentais são aqueles ensinamentos dos quais depende a nossa salvação. Doutrinas não fundamentais são ensinamentos que podem até ser ignorados ou até desconhecidos por uma pessoa, mas isso não irá impedir que esta pessoa seja salva.

Por exemplo: se alguém não sabe, ou não crê na existência de anjos, mas crê em Jesus Cristo como seu Salvador, ela será salva assim mesmo. Outro exemplo: se uma pessoa não sabe, ou não crê, que o profeta Jonas foi engolido por um grande peixe e depois vomitado na praia, e ainda estava vivo, mas esta pessoa crê sinceramente em Jesus Cristo como seu Salvador, essa pessoa será salva assim mesmo.

Mas qual é mesmo a doutrina mais importante da Bíblia? Qual é o cerne da Bíblia, ou da religião cristã?

Pois a doutrina mais importante da Bíblia é aquela que chamamos de “Doutrina da Justificação pela fé”. Essa é a doutrina que nos diz que nós somos aceitos por Deus, que nós somos perdoados e salvos, não por nossas obras, não por aquilo que nós fazemos, mas unicamente por causa da graça de Deus revelada em Jesus Cristo.

No Catecismo Menor, o nosso manual de instrução de confirmandos, a pergunta 211, na página 113, diz assim: por que temos que guardar fielmente em todos os tempos o artigo da justificação pela fé? Resposta: temos que guardar fielmente o artigo da justificação pela fé em todos os tempos por ser o artigo principal da doutrina cristã, pelo qual a Igreja de Cristo se distingue de toda a religião falsa, sendo dado a glória somente a Deus e constante conforto ao pecador.

E por ser esta a doutrina mais importante da fé cristã, nós cristãos precisamos sempre de novo de nos fortalecer nela. Até porque entre nós também há pessoas que dizem: se Deus achar que eu mereço, então eu vou para o céu.

Há pessoas também que pensam que precisam pagar pelos seus pecados para serem salvas.

Há pessoas que pensam que precisam fazer alguma coisa para se tornarem merecedoras da vida eterna junto com Jesus.

Todos esses pensamentos são errados, pois a Bíblia ensina que a salvação é um presente que Deus dá, por graça, através da fé em Jesus Cristo, sem nenhum merecimento nosso. E este é o assunto da parábola dos trabalhadores na vinha, que é a leitura do evangelho para esse domingo, conforme lida antes em Mateus 20.1-16.

Aliás, se nós olhamos um pouco antes do nosso texto, nós vemos que havia, naquele tempo também, pessoas com essa idéia errada de que era necessário fazer alguma coisa para ser salvo. No capítulo 19.16 temos aquele jovem rico, que chegou perto de Jesus e perguntou: Mestre, que devo fazer de bom para conseguir a vida eterna?

E em Mateus 19.27 até o apóstolo Pedro pergunta para Jesus: nós deixamos tudo e seguimos o senhor. O que é que nós vamos ganhar?

- O que eu devo fazer para entrar no céu?
- O que eu vou ganhar por ter deixado tudo de lado e te seguir?

Até parece que as coisas de Deus viraram uma banca de negócios, de comércio. “Eu faço isto e Deus me paga... Eu me esforço e Deus me recompensa”. Aliás este também é o espírito que existe hoje no mundo, que julga e trata as pessoas pelo que elas são capazes, pelo que elas merecem. “Ninguém merece” é uma frase que ouvimos com freqüência nos últimos tempos.”Ele/ela merece” é outra frase da moda. Também é esta a mentalidade de algumas igrejas/religiões, que impõem aos seus fiéis muitas regras e preceitos a cumprir, como se disso dependesse a salvação deles.

Enquanto isso a Bíblia diz: pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos esforços de vocês; portanto, ninguém pode se orgulhar de tê-la. Efésios 2.8-9.

A parábola dos trabalhadores da plantação de uvas começa assim: o Reino do Céu é como o dono de uma plantação de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar trabalhadores para a sua plantação. Este homem representa o nosso Deus, que procura, que busca, que deseja sinceramente que todos venham a Ele e sejam salvos. Jesus disse que Ele veio ao mundo para buscar e salvar o perdido.

Não somos nós que fomos atrás de Deus. Mas foi Ele que veio a nós. Ele enviou sobre nós o Espírito Santo, que nos converteu, que criou em nós a fé salvadora. É Deus que conserva em nós a fé salvadora.

Mas este homem vai até à praça e encontra lá alguns homens que estavam desocupados. Eles são contratados ainda de madrugada. E o dono da plantação de uvas combina com eles o pagamento de costume: uma moeda de prata por dia, ou um denário. Depois este homem volta à praça e contrata mais trabalhadores as nove horas da manhã. Manda-os para a lavoura, e promete pagar-lhes o que for justo. Ao meio dia contrata mais trabalhadores, e novamente promete pagar-lhes o que for justo. Faz a mesma coisa as três horas da tarde, e ainda as cinco horas da tarde manda mais trabalhadores para a lavoura.

Quer dizer: alguns trabalharam o dia inteiro, alguns trabalharam das nove horas em diante, alguns trabalharam do meio dia em diante, outros das três da tarde em diante, e alguns só trabalharam uma hora, das cinco da tarde em diante. E na hora do pagamento a surpresa: o patrão chama primeiro os que haviam trabalhado apenas uma hora, das cinco da tarde em diante, e paga-lhes o valor de um dia inteiro, uma moeda de prata, ou um denário.

E quando chegaram os que haviam trabalhado mais, pensaram que receberiam mais. Mas estes recebem o mesmo valor. Para todos o patrão deu uma moeda de prata.

E quando reclamaram, o patrão diz: escute amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora. Pois eu quero dar a este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele? E Jesus terminou a parábola dizendo: aqueles que são os primeiros, serão os últimos, e os últimos serão os primeiros.

Nascemos em pecado. Portanto, separados de Deus. Caminhávamos para o inferno. “Vocês estavam espiritualmente mortos”, escreve o apóstolo Paulo em Efésios 2.1. Éramos inimigos de Deus e nada queríamos saber das coisas de Deus. Mas fomos procurados e achados por Deus. E ao nos procurar, ao nos buscar, Deus não se baseou em alguma coisa que nós somos ou que nós fazemos. Mas foi uma decisão de Deus, baseada unicamente em sua graça e misericórdia.

Na parábola isso é bem mostrado quando o dono da lavoura de uvas paga a mesma coisa pra todos trabalhadores. Quer dizer: não era pagamento, mas era presente. O pagamento não teve como base o trabalho realizado, mas a bondade do dono da lavoura. No Reino de Deus alguns são chamados bem cedo, de madrugada. São aqueles que foram batizados quando crianças. Outros são chamados às nove horas, às doze horas, às três horas da tarde. São os que são convertidos quando já adultos.

Os que foram chamados mais cedo, tem mais tempo para trabalhar pelo reino de Deus. Os que são chamados mais tarde tem menos tempo para se dedicaram ao trabalho no reino de Deus. Mas todos são chamados para trabalhar. Ao chamar uma pessoa, ou ao converter uma pessoa, Deus a torna uma trabalhadora do Seu Reino. Isso significa que somos chamados por Deus para consagrarmos nossa vida ao seu serviço aqui no mundo. Mas lembremos novamente: eu sou chamado para servir, e não sou chamado por servir. Em outras palavras: eu vou na igreja, faço o bem, procuro ser honesto e fazer boas obras, por ser cristão, por ser um filho de Deus, e não para ser um filho de Deus.

Na sua graça, Deus continua chamando pessoas. Ele vai continuar a chamar até as cinco horas da tarde. Até o último momento da existência deste mundo, ou até o último momento da vida das pessoas. Como aconteceu com aquele malfeitor na cruz, que foi convertido ao estar já crucificado para morrer. Mas não é pelo que somos ou fazemos que Deus nos chama. Ele chama unicamente pela sua bondade, pela sua misericórdia, pela sua graça. Pela graça somos salvos.

Nós cristãos, trabalhadores contratados, vamos gastar a nossa vida trabalhando na vinha do Senhor. Façamos o bem, obedeçamos ao Senhor, dediquemos nossa vida àquele que nos salvou, àquele que tudo fez para que possamos passar a eternidade lá no céu. Amém.

Rev. Teofilo Timm
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Espigão do Oeste – Rondônia
teofilotimm@centranet.com.br
teofilotimm@yahoo.com.br
www.ielb.org.br

 

 


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