Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Décimo Terceiro Domingo Após Pentecostes – 14 de Agosto 2005
Série Trienal A - Mateus 15.21-28 – Milton Buss Leitzke
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Tema : E a tua fé?

Introdução : Quando me sentei para elaborar esta mensagem resolvi antes de tudo telefonar para um senhor que eu soube que acabara de perder a sua mãe. Para meu espanto ele me disse: “Pastor, eu até fiquei feliz!” “Mas, como assim?” Indaguei imediatamente. Ao que ele me respondeu: “Eu fiquei feliz da maneira como ela morreu. Justo antes de morrer, ela disse: Eu estou vendo Jesus que está vindo me buscar!”.

Nesta mensagem de hoje queremos lembrar também o dia dos pais. Caros pais: Como está indo teu exemplo de vida? Você tem sido um exemplo para os teus filhos? No dia do teu falecimento eles irão ficar em dúvida quanto ao teu destino, ou terão a capacidade de ficarem felizes com a certeza de que você partiu para uma melhor?

No texto do nosso evangelho de hoje, o que mais nos chama a atenção é justamente a fé de uma mulher (mãe) Cananéia, que morava perto das cidades de Tiro e de Sidom. Tiro e Sidom eram cidades que não pertenciam à terra dos israelitas. Jesus estava na terra dos gentios.

Jesus estava junto com os seus discípulos, e queria que ninguém o soubesse, mas uma senhora o descobre, e esta senhora tem uma filha endemoninhada, com o diabo no corpo. E esta senhora chega a Jesus dizendo: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim. Sare e minha filha, tira o diabo dela”.Jesus não atende imediatamente ao pedido dela, mas testa primeiro a fé desta senhora. Lógico, ele sabia muito bem qual era a consistência da fé dela. Então, o que ele na verdade quer é que os outros, que estavam junto dele, principalmente os próprios discípulos, pudessem ter a oportunidade de presenciarem a demonstração da grandeza e da firmeza da fé desta senhora.

1. Fé falsa

1.1 – Isto nos leva a refletir diretamente sobre a questão da fé. A fé pode ser falsa ou verdadeira. É falsa a fé que não tem o Deus verdadeiro como o objeto da fé. Todo tipo de idolatria é fé falsa.

O povo lá das cidades de Tiro e de Sidom tinha os seus próprios deuses. Ali cada cidade tinha o seu deus protetor. Assim, tinha também o deus da fertilidade, do trovão, das colheitas, das chuvas, etc... E, muitas vezes acontecia que quando alguém queria pedir alguma coisa a algum deus, aí surgia a dúvida: “A que deus devo pedir isso?”.

A Bíblia só conhece um único Deus. O Deus Criador e Salvador. É o Deus que se revelou em Cristo, que em Cristo se mostrou como ele é e o que ele quer de nós.

1.2 – Também é falsa a fé que busca ajuda através da magia, do curandeirismo e das simpatias para os males que afligem o ser humano. E isto muitas vezes é feito em nome de Deus. Porém a fé não é colocada em nome de Deus, mas naqueles atos de magia, de curandeirismo e simpatias. Então, o nome de Deus é usado em vão, pois a confiança não é depositada nele.

1.3 – Também é falsa aquela fé que confia em si mesmo. Aquela pessoa que pensa que merece alguma coisa de Deus, pois, afinal de contas ele é melhor do que os outros. É a fé que confia na sua própria bondade.É a fé que acho: “Se eu sou bonzinho, se eu não mato, não tomo a mulher dos outros, não jogo, não brigo, não bebo, não fumo, e mais alguns outros nãos..., então Deus me dará o céu. Se eu sou bonzinho, então Deus me aceita. Se eu faço boas obras, então eu me salvarei”.

Aqui podemos citar os fariseus do tempo de Jesus e os fariseus dos tempos de hoje, que chegam até ao ponto de afirmar que não precisam de Jesus, pois se salvam por si mesmos. Isto está totalmente errado, pois, nós somos aceitos por Deus, não por nossa causa, mas unicamente por causa de Cristo.

1.4 – Também é falsa a fé que se agarra apenas em rotinas, que pensa assim: “Ah! É costume aos domingos ir aos cultos, por isso eu tenho que ir para uma igreja. É costume cada pessoa ter uma igreja, então, preciso me associar a alguma, mas de preferência a mais barata. É costume batizar as crianças, então, quando nasce um filho, preciso leva-lo para ser batizado e fazer uma festinha”. Ou seja, fé que se agarra em rotinas é aquela pessoa que faz tudo que aprendeu, mas unicamente por que é costume, senão, o que é que os outros vão falar dele...

A estes, Cristo diz: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”.(Mt 15.8)

2 – Fé verdadeira

2.1 – Mas, o que nos importa mesmo, é a fé verdadeira, e não a falsa. Fé verdadeira é aquela que reconhece a Jesus Cristo como Filho de Deus e o autor da Salvação dos homens, sem o qual ninguém vem ao Pai.

Quando a mulher do nosso texto diz: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” ela demonstra ter esta fé. E aqui está o ponto principal do nosso texto. Temos diante de nós uma senhora, que sem sombra de dúvida é um exemplo de fé. Foi com ela que o correu o primeiro e o maior milagre do nosso texto. O povo dela era um povo pagão, com práticas muito erradas e imorais. Chegavam até a sacrificar crianças aos deuses deles crianças inocentes. Esta mulher foi tirada, por Deus, das trevas, da morte, das garras do diabo e foi trazida, por Deus, para a vida, para a luz, para Deus.

Esta mulher conhecia a Cristo como o Senhor e o Salvador. Não sabemos como e quando esta senhora chegou a conhecer a Cristo, mas pelas palavras dela: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim!”, fica claro que para ela Jesus era mais do que um simples fundador duma seita nova, um judeu, um israelita. Com a expressão: “Filho de Davi!” ela quer dizer: “O Salvador prometido ao povo já desde os tempos antigos”.

Que belo exemplo para nós, esta mulher. Ela, no meio dum povo pagão, mau, ela apresenta uma fé tão clara. Assim também deve ser a nossa fé nos dias de hoje, em meio a um mundo ruim, bagunçado, cheio de sem-vergonhas e pagãos.

2.2 – A verdadeira fé demonstra humildade. A verdadeira fé confia unicamente em Deus, e não no homem. A verdadeira fé reconhece que o homem não a merece, que o homem nada fez para ganha-la, que é totalmente e inteiramente um presente de Deus. A verdadeira fé reconhece que a força para lutar contra os pecados vem de Deus.

2.3 – A verdadeira fé não se apega a coisas materiais, ou terrenas, mas ela se apega unicamente ao amor de Deus. Confia na misericórdia de Deus, se apega às promessas da graça, oferecidas no santo evangelho. A verdadeira fé se apega na promessa de ganharmos o céu por causa de Cristo.

2.4 – A verdadeira fé fica firme em momentos difíceis. Ela luta em oração com Deus, ou seja, ela pede com toda a confiança a Deus em oração a ajuda, e espera com paciência e com toda a confiança.

E aqui podemos lembrar de novo a mulher do nosso evangelho de hoje. Ela pede ajuda a Cristo. Cristo faz de conta como se não a ouviu. Os seus discípulos a criticam. Querem que Jesus a mande embora. Os discípulos querem se ver livre dela. Mas Jesus lhes dá uma boa lição. Não a manda embora. E ela não perde a oportunidade. Ajoelha-se diante dele, que é um sinal de profundo respeito e humildade, e suplica novamente: “Senhor, socorre-me”. Diz apenas duas palavras, mas com todo o vigor e confiança. Mas ainda não é desta vez que Jesus a ajuda. Jesus continua o teste com ela. Jesus diz: “Não é bom tomar o pão dos filhos e lança-los aos cachorrinhos”. A mulher vê-se comparada com cachorrinhos, bem como todo o povo dela. Mas a mulher não fica braba com a comparação, bem ao contrário, nesta comparação ela vê uma saída e exclama: “Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”.

“Com uma única migalha nenhum filho vai passar fome, Senhor! Por favor, Cristo, dá-me apenas uma única migalha, Senhor, e eu estarei satisfeita. Ficarei alegre, contente, e irei para casa”. E aí é que Jesus a atende, dizendo: “Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres!” E desde aquele momento a filha dela ficou curada.

Conclusão: a fé da mulher Cananéia venceu. Com a humildade dela, ela se tornou grande. Ela se satisfez com uma migalha, mas adquiriu muito mais.

A fé é sempre vitória, do contrário, não seria fé. A fé vence, não por causa do homem, mas por causa do em quem ela confia. E a fé consegue isto por meio da oração. A oração é a voz da fé. E aqui também devemos aprender com a mulher Cananéia a não desistir por qualquer coisinha, mas a ser perseverante nas nossas orações. E perseverar significa insistir e não desistir; significa lutar, e não se entregar. Deus quer a luta e promete a vitória: é seu poder que se aperfeiçoa na fraqueza (2 Co 12.9).

A mulher Cananéia serviu de exemplo de fé inclusive aos próprios discípulos de Jesus. A mãe daquele senhor que comentei no início desta mensagem serviu de exemplo e é motivo de alegria para os seus filhos, mesmo depois da sua morte.

E você? Principalmente você que é pai, estás servindo de exemplo para os teus filhos? Amém.

Milton Buss Leitzke
Alta Floresta, MT - Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
mbl@vsp.com.br


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