Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

SEGUNDO DOMINGO DE PENTECOSTES – 29 DE Maio de 2005
Série Trienal A– Mateus 7.(15-20), 21-29 – José A. Schwanke

(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


PRATICANTES DA PALAVRA E NÃO APENAS OUVINTES

Nosso texto constitui-se da última parte (final) do discurso de Jesus, conhecido como “Sermão do Monte”. Embora a sua mensagem tenha sido dirigida, especificamente, aos seus discípulos, as “multidões” também o acompanhavam. E, Mateus observa que “quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas com a sua maneira de ensinar; porque ele ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (vv.28-29).

A esta audiência, e a todos aqueles que o confessam publicamente como Senhor, a estes Jesus dirige uma exortação severa, eu diria, até chocante: “Nem todo o que me diz Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (v.21).

Esta exortação de Jesus, ao final do seu sermão nos faz lembrar da queixa de Deus, por intermédio do profeta Isaías: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Is 29.13).

Deus estava descontente com a hipocrisia do seu povo; não se deixou enganar pelas aparências, por palavras, por mais belas e piedosas que elas fossem.

Também Jesus, na mensagem dirigida a seus seguidores, deixa bem claro que aquilo que nós tributamos a Deus com os nossos lábios, quando adoramos, louvamos, testemunhamos ou oramos, não nos garante a entrada no reino dos céus. Ele diz que a nossa vida precisa estar de acordo com a confissão de nossa boca; que praticar a Palavra de Deus é infinitamente mais importante do que apenas falar a respeito dela.

Jesus ressalta a importância de traduzir o conhecimento da vontade de Deus em ação, ao dizer que “bem-aventurados são os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam” (Lc 11.28). “Não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas a ponham em prática” (Tg 1.22), nos lembra o apóstolo Tiago.

Se Jesus afirma que “entrará no reino dos céus aquele que faz a vontade de seu Pai celeste”, pergunta-se: Qual é a vontade dele?

Certamente, a vontade do Pai celestial é aquela que aponta para o próprio Filho como o único Salvador do mundo, vontade esta que, para ser cumprida, não dispensa arrependimento e fé. O apóstolo Pedro, que foi o grande arauto da vontade de Deus aos “eleitos, forasteiros da Dispersão” em cinco províncias romanas, escreve: “O Senhor não quer que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3.9). “A vontade de meu Pai”, diz Jesus, “é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna” (Jo 6.40), e que estes crentes “façam a sua luz brilhar diante dos homens” (Mt 5.16).

O dia do Juízo Final vai revelar surpresa e decepção de muitos que naquele dia dirão: “Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?” E Jesus lhes dirá explicitamente: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (vv. 22-23).

Jesus diz: Você, que se confessa cristão, que é meu seguidor, você precisa fazer mais do que simplesmente declarar a verdade; você precisa viver de acordo com essa verdade. O cristianismo é mais do que profissão de fé; é um modo de vida! É sal que salga e luz que brilha, que alumia nas trevas.

Para ilustrar o seu ensino, de que nós devemos ser praticantes da sua Palavra e não apenas ouvintes, Jesus contou a parábola dos “dois fundamentos”, também conhecida como “parábola dos dois construtores”.

O primeiro construtor que nosso Senhor descreve era um homem sábio, prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. Ele escolheu o terreno apropriado, com todo cuidado, lançou as bases, o alicerce, seguindo, então, na edificação da casa.

Após ter concluído o projeto, e tão logo que passou a morar na casa, começou a chover forte. Levantou um temporal, os ventos sopraram e deram com ímpeto contra aquela casa. A chuva continuou e os ventos também continuavam soprando. Os rios transbordaram e a correnteza das águas engolia o que vinha pela frente. Mas aquela casa permaneceu firme sobre o seu alicerce. Ela não caiou porque, Jesus disse, que ela “fora edificada sobre a rocha”.

Isto, disse Jesus, é a comparação com “todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica” Ele está edificando a sua vida sobre o fundamento sólido da minha Palavra. O que também é válido para a igreja. “Nem mesmo as portas do inferno prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).

O Salvador também descreve um segundo construtor. Ele tinha o mesmo propósito que o primeiro. Ele queria um lugar para morar. Provavelmente ele utilizou o mesmo material que o outro construtor. A Bíblia não diz nada que possa sugerir que este homem era menos capaz do que o outro. No entanto, Jesus o descreve como insensato, sem juízo, porque fez uma coisa completamente errada: ele “edificou a sua casa sobre a areia”. Ela não resistiu às intempéries do tempo. Quando caiu a chuva e os rios transbordaram; quando “sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, ela desabou, sendo grande a sua ruína” (v.27). Assim é o homem que ouve o ensino de Jesus, mas não age de acordo com ele. Está edificando a sua vida sem fundamento.

Agora, prezado irmão, prezada irmã, eu lhe pergunto: sobre qual fundamento você está edificando a sua vida? Você é um acomodado ouvinte, ou um ativo e fervoroso praticante da Palavra de Deus? Veja sobre qual fundamento você está edificando e sê prudente.

Se a sua vida está chacoalhando ou, quem sabe, até já desabou, há tempo para reconstruí-la sobre a rocha. Ouça a palavra que Jesus está lhe dirigindo neste momento, colocando-a em prática na sua vida. Esta palavra e o ensino de Cristo é o firme fundamento sobre o qual nós precisamos edificar a nossa vida.

A sua Palavra nos ensina que Cristo mesmo é a Rocha da nossa salvação. Ele é a “pedra angular”. De a Escritura diz:”Ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3.11). Somente nele há perdão dos pecados, vida e salvação. Ele é o Caminho, e a Verdade,e a Vida; ninguém vem ao Pai senão através dele (Jo 14.6). A sua morte expiatória estabeleceu a paz entre Deus e os homens, dando a nós, filhos redimidos, acesso à herança e à casa do Pai celestial.

E agora, é a filhos e co-herdeiros com Cristo, homens e mulheres, crianças e vovôs que o nosso Senhor se dirige para exortá-los que sejam praticantes, e não apenas ouvintes da sua Palavra. Ele quer que nós o sigamos; sigamos seu exemplo de amor e serviço, traduzindo a sua boa e misericordiosa vontade em ação para com os nossos semelhantes, em todas as oportunidades.

O seu ministério e missão é agora o nosso ministério e a nossa missão. Ele disse: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21).

Que o Espírito Santo nos encha de zelo santo para ouvirmos a Palavra de Deus sempre com alegria, concedendo-nos a graça de crer nela e viver uma vida santa em conformidade com ela, para louvor e glória do nome do nosso Deus. Amém.

Pastor José A. Schwanke
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Erechim - RS – BRASIL
jaschwanke@tpo.com.br

 


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