Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Sexto Domingo de Páscoa - 01 de Maio de 2005
Série Trienal A João 14.15-21, Milton Buss Leitzke

(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


João 14.15-21 Tema: As vantagens de quem vive a sua fé!

Jesus continuou: -Se vocês me amam, obedeçam aos meus mandamentos. Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador, o Espírito da verdade, para ficar com vocês para sempre. O mundo não pode receber esse Espírito porque não o pode ver, nem conhecer. Mas vocês o conhecem porque ele está com vocês e viverá em vocês. Não vou deixá-los abandonados, mas voltarei para ficar com vocês. Daqui a pouco o mundo não me verá mais, mas vocês me verão. E, porque eu vivo, vocês também viverão. Quando chegar aquele dia, vocês ficarão sabendo que eu estou no meu Pai e que vocês estão em mim, assim como eu estou em vocês. Quem aceita e obedece aos meus mandamentos prova que me ama. O meu Pai amará aquele que me ama, e eu também o amarei e lhe mostrarei quem sou”.

Introdução: É importante notar como Jesus dá cada ensino no momento certo. Estas palavras do nosso texto já são palavras de despedida de Jesus. São palavras ditas na sua última semana de vida.

Notamos que a grande preocupação de Jesus é no sentido de que a Igreja venha a crescer após a sua morte e ressurreição. Mas notamos também em Cristo um certo medo de que os discípulos venham a desanimar ao vê-lo morrer. E para que isto não venha a acontecer, Cristo lhes promete que não irá abandona-los, mas que irá enviar-lhes o Espírito Santo, para que ele fique com eles para anima-los na difícil tarefa da divulgação do seu evangelho.

Cristo olha para além da sua morte. Ele já diz: “Eu vivo, vocês também viverão”, referindo-se ao fato de que todo aquele que nele crê ganhará a vida eterna, e não morrerá eternamente. Mas o centro deste texto é que o amor e o cumprimento da vontade de Deus andam lado a lado. Quem ama, guarda os mandamentos. Por isso queremos nesta mensagem de hoje meditar sobre as vantagens de quem vive a sua fé.

1 – Ganhará o Consolador.

1.1 – No terceiro artigo do Credo Apostólico afirmamos: “Creio no Espírito Santo, na santa Igreja cristã, na comunhão dos cantos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna”. Isto significa que o Espírito Santo age através da Igreja cristã, nos tornando membros da comunhão dos cristãos, da família de Deus. O Espírito Santo age nos trazendo o perdão dos pecados e futuramente vai nos ressuscitar dentre os mortos e nos dará a vida eterna. Estas são as tarefas do Espírito Santo que Cristo prometeu aos seus discípulos e a todos que o amam e guardam os seus mandamentos. Vamos tentar entender isto melhor.

1.2 – Na explicação deste terceiro artigo afirmamos que: “cremos que por nossa própria razão ou força não podemos crer em Jesus Cristo, nem vir a ele”. Isto porque nós nascemos cegos, mortos e inimigos de Deus. Nós nem sequer podemos nos decidir a favor de Cristo, porque por nascimento somos contra ele. As coisas de Deus são loucura para nós, como diz Paulo aos Coríntios. Alguém certa vez me disse: “Ainda bem que eu não preciso fazer o trabalho do Espírito Santo”. Imediatamente perguntei-lhe o porque, e ele me respondeu: “Porque eu sei o trabalho que o Espírito Santo passou comigo. Se eu era para insistir tanto assim como uma pessoa, quanto o Espírito Santo insistiu comigo, eu iria desistir mil e uma vezes”.

Talvez com alguns de nós o Espírito Santo teve certa facilidade para convencer, mas certamente com outros ele teve de insistir muito. E, inclusive com os que ele teve facilidade para convencer, quanto e quanto trabalho será que ele já passou para preservar-nos nesta fé? Quantas e quantas vezes fomos tentados ao pecado e tivemos vontade de seguir o pecado, e o Espírito Santo teve que insistir muito conosco para nos convencer do erro?

1.3 – Continuamos no terceiro artigo dizendo: “Mas o Espírito Santo me chamou pelo Evangelho”. Antes de o Espírito Santo nos chamar, nós nem sequer percebemos o perigo que estávamos correndo, nem notamos que estávamos caminhando rumo ao inferno. E nos sentimos bem, achando que esta é a melhor vida que podemos ter. Foi preciso que o Espírito Santo nos mostrasse o perigo que estávamos correndo. Foi preciso que o Espírito Santo nos estendesse o convite da salvação. E isto o Espírito Santo fez através da Palavra e dos sacramentos.

Sem a palavra e os sacramentos o Espírito Santo não tem como agir no coração das pessoas. Mas no momento em que paramos para escutar a Palavra de Deus, damos oportunidade para que o Espírito Santo possa nos chamar. E este chamamento não acontece somente para virmos a crer, mas também precisa acontecer para continuar na fé.

1.4 – Por isso o Espírito Santo também nos congrega. Isto é, ele nos torna membros da família de Deus, da comunhão dos santos, da sua igreja, para que através dela o Espírito Santo tenha mais acesso a nós, mais constante e diretamente.

1.5 – E, além disso, tudo, o Espírito Santo ainda nos ilumina, nos conscientiza de quem sem ele, sem a fé e sem o amor, estaríamos eternamente perdidos. O Espírito Santo nos conscientiza e que através da fé é que Cristo nos perdoa todos os nossos pecados e nos conscientiza também de que a exemplo de Cristo, que vive eternamente, nós também teremos vida eterna junto com Cristo e Deus Pai.

Como tudo isto é obra somente do Espírito Santo, junto com o apóstolo Paulo podemos afirmar: “Deus é quem realiza em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”. Com isto fica claro que nós nada fizemos para que hoje pudéssemos ser chamados de Filhos de Deus. Foi Deus que realizou tudo em nós. E muitas vezes temos até mesmo resistido à ação do Espírito Santo em nós. No entanto, Deus venceu em nós. Por isso, agradeçamos sempre a Deus pelo fato de sermos hoje cristãos, de termos a certeza de que o Espírito Santo habita em nós. Agradeçamos a Deus por sermos templo do Espírito Santo, e preocupemo-nos sempre em sempre continuarmos sendo templo do Espírito Santo. Pensemos muito no texto de hoje: “Se vocês me amam, então obedeçam aos meus mandamentos”.

2 – Será amado por Deus

2.1 – Sem dúvida alguma, a maior preocupação dos homens sempre foi e sempre será: “Como posso ter um Deus que me ama?”

O texto de Dt 11.26-28 tem gerado grande polêmica sobre este assunto, lemos ali o seguinte: “Moisés disse ao povo: -Agora vou deixar que vocês escolham se querem bênção ou maldição. Vocês receberão a bênção se obedecerem às leis do Eterno, o nosso Deus, que estou dando a vocês hoje; ou receberão a maldição, se não obedecerem às suas leis, mas rejeitarem os mandamentos que eu lhes estou dando hoje e adorarem outros deuses que vocês não conheciam.” Alguns entendem esse texto como se Deus amasse apenas aqueles que cumprem a sua lei perfeitamente, e diante da impossibilidade de a cumprirem por completo, caíram no desespero, como por exemplo, Lutero, quando ainda era jovem. E outros tentaram amenizar este testo, dizendo que os “pecadinhos” não condenam ninguém, pois todos os fazem; que apenas os pecados mais graves é que condenam as pessoas. E por isso chegou a se fazer diferença entre pecados veniais e pecados mortais.

No entanto, este texto de Dt diz exatamente a mesma coisa que o texto do nosso evangelho de hoje: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama”. Isto significa que aquele que conhece os mandamentos e se esforça em segui-los. É isto o que Deus espera de nós: que nós nos esforcemos em viver de acordo com o que ele nos ensina nos seus mandamentos, e aí ele, Deus, nos promete bênçãos. Caso contrário, se nós não nos esforçarmos em viver de acordo com o que nos ensinam os seus mandamentos, então ele nos promete maldições. É exatamente isto que significa ser amado por Deus: ser abençoado por ele.

2.2 – Esta interpretação fecha com todo o espírito das Sagradas Escrituras. Por exemplo, em 1 Pe 1.14, lemos: “ sejam obedientes a Deus e não deixem que as suas vidas sejam dominados por aqueles desejos que vocês tinham quando ainda eram ignorantes”. E 1 Jo 1.10, onde lemos: “se dizemos que não temos cometido pecados, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua mensagem não está em nós.” Portanto, por mais que nós nos esforcemos, vamos mesmo assim continuar pecando, mas vivemos nos arrependendo, procurando sempre melhorar a nossa vida. E aqui está a grande diferença entre o que ama a Deus e o que não ama a Deus: quem ama a Deus, se arrepende dos seus pecados, e quem não ama a Deus não se arrepende e não procura melhorar a sua vida.

2.3 – Em Josué 1.8 lemos: “Fale sempre do que está escrito no Livro da Lei. Estude esse livro dia e noite e se esforce para viver de acordo com tudo o que está escrito nele. Se fizer isso, tudo lhe correrá bem, e você terá sucesso.” Desde o Antigo Testamento, Deus sempre valorizou muito a obediência à sua Palavra e Deus sempre prometeu aos que se esforçam para viverem de acordo com a sua Palavra muitas e muitas bênçãos. Os Salmos também estão repletas destas promessas. E, sem dúvida alguma, a maior de todas as bênçãos para quem procura viver de acordo com a Palavra de Deus, é que ela será amada por Deus, e com isso Deus lhe perdoará, por amor, todos os pecados que ela irá continuar cometendo e lhe dará forças para cada vez conseguir viver uma vida melhor ainda.

2.4 – Na quinta petição do Pai Nosso, nós mesmos ligamos o perdão com a vida de fé, quando nós pedimos que Deus nos perdoe assim como nós temos perdoado aos que nos ofenderam. Portanto, a grande preocupação, como posso ter um Deus que me ama, é tirada da nossa vida, amando a Deus e nos esforçando em viver de acordo com a sua vontade. Portanto, eu perdôo, como Deus me perdoa, e Deus me perdoa, como eu perdôo. Eu amo a Deus, como Deus me ama; Deus me ama, como eu amo a Deus. As coisas andam juntas. Não temos como separa-las.

3 – Cristo se manifestará a ele.

3.1 – Para que o amor de Deus se acenda em mim e seja mantido em mim, e igualmente, para que o Espírito Santo continue em mim, Cristo precisa se mostrar a nós quem ele realmente é.

Aos discípulos Cristo se mostrou muito e de forma bem clara, e mesmo assim eles muitas vezes tiveram dificuldades para entenderem a obra de Cristo. Por exemplo, quando Cristo diz que eles conhecem o caminho para onde ele vai, um dentre eles (Tomé) logo pergunta: “Não sabemos aonde o senhor vai. Como vamos saber o caminho?”

A mesma coisa acontece conosco também. Nós conhecemos a Cristo, Cristo se mostra a nós em cada devoção, doutrina, estudo bíblico, reunião de departamentos, nos cultos e na Santa Ceia, e às vezes, a exemplo de Tomé também ainda perguntamos: “Sim, mas o que será mesmo que Deus quer de mim?” Como somos lerdos e tardios em entendermos as coisas de Deus.

3.2 – No entanto, nosso grande consolo é de que Cristo continua nos amando, Cristo continua nos enviando o Espírito Santo para nos chamar, iluminar e congregar. Mesmo assim continuamos recebendo o Espírito Santo, e que sempre está disposto a nos ajudar a melhorar a nossa vida cristã. Graças a Deus pela sua paciência. Ainda bem que nós não precisamos fazer o trabalho do Espírito Santo, senão certamente iríamos desanimar.

Conclusão : “ Se vocês me amam, obedeçam aos meus mandamentos. Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador, o Espírito da verdade, para ficar com vocês para sempre”. Obedecer aos mandamentos de Deus; não é um jugo; mas é algo do que nós teremos um grande proveito. Nada do que Deus nos ordenou foi simplesmente para ele ver como nós somos obedientes, ou então pelo simples prazer de nos ver viver de forma diferente, mas tudo o que Deus nos ordenou, e para o nosso bem. Quanto mais nós vivermos de acordo com a vontade de Deus, melhor será a nossa vida, quanto mais nós nos afastarmos de Deus, mais problemas teremos na nossa vida.

As vantagens de vivermos obedecendo aos mandamentos de Deus são enormes, já aqui e agora e no nosso convívio com as pessoas e o mundo em geral, mas são maiores ainda quando nós nos damos de conta da promessa de Deus: “O meu Pai amará aquele que me ama, e eu também o amarei e lhe mostrarei quem sou”. Amém.

Milton Buss Leitzke
Alta Floresta, MT – Brasil.
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
mbl@vsp.com.br


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