Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Domingo Reminiscere, 20 de Fevereiro de 2005
Sermão baseado no Salmo 25, versículo 6 – redigido por Everson Gass
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


Em nome de Jesus, a bondade e a misericórdia de Deus. Amém.

“Lembra-te, Senhor, das tuas misericórdias e das tuas bondades, que são desde a eternidade” Salmo 25.6

Saúdo cordialmente a quem está ouvindo ou lendo esta mensagem.
Convido você a parar e ... lembrar!

Como foi a sua semana? Teve sucesso no trabalho? Esteve doente? Voltou às aulas? Praticou esportes? O que comeu ontem? Em meio a tudo isso, lembrou-se de Deus? E se o fez, em que momento lembrou-se dele? Lembrou-se de Deus num momento de aflição ou gratidão? Em sua devoção diária? Lembrou-se de Deus revelando temor ou esperança? Sim, temor ou esperança? Lembre-se!

A memória é dom maravilhoso de Deus. É ela que nos permite progredir e agir. Se não tivéssemos a lembrança do passado, se não tivéssemos memória, então nossa existência seria apenas incidentes isolados no curso da história de nossa vida. Viveríamos o presente e tão somente isso. Sem o passado, o presente é uma casualidade e o futuro uma eventualidade. Sem a memória não saberíamos quem somos, o que somos e para onde vamos. Sem memória não poderíamos lembrar nem mesmo Deus.

Foi a memória que levou o rei Davi a dizer: “Lembra-te, Senhor”.

Lembra-te! Esta é a ação que tem como pressuposto o passado. Não há como lembrar-se sem olhar para trás; sem buscar no passado palavras, omissões, ações e reações, que fizeram de nós o que somos, e trouxe-nos ao dia a dia de nossa existência. Então lembramos de nossas ações, boas ou más e das ações de Deus, de bênção ou de punição em nossa vida.

Mas as vezes não queremos lembrar. Preferimos esquecer. A propósito, o esquecimento, hoje se sabe, nem sempre se deve a fraqueza de memória ou falta de lembrança. Mas também a repressão de fatos que nos desagradam e não desejamos lembrar fechando-se para eles as gavetas da memória. Como escreveu Tiago: “Aquele que ouve a mensagem e não a põe em prática é como uma pessoa que olha no espelho e vê como é. Dá uma boa olhada e logo vai embora e esquece sua aparência” (Tiago 1.23,24 – BLH).

Se lembrar nos permite progredir e agir, então o esquecer nos leva à regressão e ao engano. Por isso é preciso lembrar e exercitar-se entre as duas fontes de nossa memória em relação a Deus: ‘A lembrança do temor de Deus e a lembrança da esperança em Deus’.

A memória do temor de Deus brota da lembrança das ameaças da Lei de Deus, diante da qual ninguém é puro, ninguém está sem culpa, e por isso ninguém escapa da condenação. Como está escrito: “Lembro-me de Deus e passo a gemer; medito e me desfalece o espírito”(Salmo 77.3). E esta memória Davi demonstrou que tinha quando ao clamar a Deus pediu: “Não te lembres dos meus pecados de quando era jovem nem das minhas transgressões” (v. 7).Apesar de que o próprio Davi lembrava muito bem das suas culpas.

A outra fonte de memória é a lembrança da Esperança em Deus; que jorra das recordações das promessas e da ação graciosa, bondosa e misericordiosa de Deus. Como está escrito: “Recordo os feitos do Senhor, pois me lembro das tuas maravilhas da antigüidade”(Salmo 77.11)E por causa dessa lembrança Davi clamou: “Lembra-te, Senhor, das tuas misericórdias e das tuas bondades, que são desde a eternidade” (Salmo 25.6).

O temor e a esperança devem sempre andar juntos. Assim como duas grandes pedras de moinho devem girar juntas para realizarem o trabalho, se bem que em sentidos contrários, assim também é preciso ter na memória os nossos pecados e a misericórdia e bondade de Deus. E isso se resume numa só Escritura: “Lembra-te de Jesus Cristo ressuscitado dentre os mortos” (Romanos 6.9). É como se Cristo dissesse: ‘Tudo está perdoado desde que não o esqueça; pois se esquecer os pecados, também não se lembrará de minha misericórdia’. Quando lembramos de Deus, nosso Senhor, também havemos de lembrar de nossas faltas, como oramos no Pai Nosso: ‘Perdoa-nos as nossas dívidas’. Quando nós confessamos nossos pecados, Deus os lança no mais profundo dos oceanos.

“Oh meu Jesus, se a ti eu não tivesse
e se teu sangue por mim não vertesse?”
O que seria de nós?
O que seria de Pedro? Lembram do apóstolo?

Após negar Jesus por três vezes, ouviu o galo cantar e ao fitar os olhos do Mestre lembrou-se do que ele havia lhe dito: “Antes que o galo cante duas vezes, tu me negarás três vezes”. Então Pedro saiu dali e chorou amargamente. E quem sabe estaria chorando até hoje se no dia da Páscoa, o Cristo ressuscitado não o tivesse encontrado, o primeiro entre os apóstolos, para garantir-lhe que sua culpa estava perdoada e que dos seus pecados não se lembra mais.

Precisamos estar lembrados de que a jornada da quaresma não termina na cruz, mas no túmulo vazio! Não leva à derrota, mas à vitória! Não à morte, mas à vida! Não ao lamento, mas à celebração do Cristo vivo!

“Lembra-te, Senhor, das tuas misericórdias e das tuas bondades, que são desde a eternidade”. Foram as palavras da memória do Rei Davi. Palavras que revelam que Deus também tem memória, como nós, porém Deus não sofre de amnésia.

E Deus lembra de nossas ações e diz: “Lembra-te, pois, de onde caíste e arrepende-te” (Apocalipse 2.5). “Os vossos pecados fazem separação entre mim e vós”. Mas, apesar de ser verdade que Deus não sofre de amnésia, ele, conscientemente por causa de Cristo diz: “Pois eu perdoarei os seus pecados e nunca mais lembrarei das suas maldades” (Hebreus 8.12).

Convido você a parar... e lembrar... E repetir com o Rei Davi: “Lembra-te, Senhor, das tuas misericórdias e das tuas bondades”.

Reminiscere – Lembra-te Senhor, das tuas bondades e vem nos socorrer com teu poder em toda angústia e dor, quando tentações nos assaltam ou quando sofrimentos nos sobrevêm por causa de enfermidades e preocupações pela subsistência da vida em tempos difíceis. Grato sou por tanto amor, meu bendito Redentor!

Reminiscere – Lembra-te Senhor, das tuas misericórdias ... não te lembres dos nossos pecados e salva-nos pelo sangue de Cristo; Ele, sofredor por excelência, homem de dores e humilhações. Tem compaixão de nós, Senhor.

Reminiscere – Lembre, minha alma, das migalhas da graça divina em sua vida, em seu lar, na sua congregação; e aprende a orar mais e a agradecer com mais fervor. Pois saiba que “Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo e o será para sempre”. E não esqueça de repartir as migalhas da graça divina com aqueles que padecem miséria, longe de Deus. São migalhas que não acabam nunca.

Lembre. Mantenha na lembrança, no caderninho de anotações, pense nisso, não esqueça. Lembre do seu Batismo. Lembre da Santa Ceia, onde você recebe o corpo e sangue de Cristo, ‘fazei isso em memória de mim’. Lembre das bondades e misericórdias de Deus.

Lembre dos teus pecados, como o malfeitor na cruz, e diga: ‘Eu mereço tal sentença’.
Mas não esqueças de clamar: “Senhor, lembre de mim quando entrar no Seu reino”.
Então não será esquecido. E ouvirás alegre e confiante:
“Hoje estarás comigo no paraíso”.
Que Deus o conceda. Amém.

Everson Gass
Treze Tílias – SC – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
everson_gass@ielbtrezetilias.trix.net

 

 


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