Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Primeiro Domingo na Quaresma (Invocavit) – 13 de Fevereiro de 2005
Série Trienal A– Mateus 4.1-11 – José Aragão
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


O primeiro domingo na Quaresma (Invocavit) marca o inicio dos “quarenta dias” de preparação penitencial para a Páscoa (Ato histórico de libertação). Na igreja primitiva, este era o período quando os catecúmenos recebiam a instrução final para o Batismo (Só adultos, as crianças recebiam o batismo sem essa instrução), como o ato existencial de libertação.

A leitura do Antigo Testamento registra a queda em pecado (Gn 2.7-9, 15-17, 3.1-7). Na Epístola, Deus nos revela por um lado, a universalidade do pecado. O homem é pecador e é cativo dele e, sobre esse, reside a Sua ira. Assim, na desobediência de um homem, isto é, a tentação, falha e queda de Adão e Eva, trouxe destruição e morte. Por outro lado, contrapondo essa realidade, há um outro Homem, a saber, o Homem-Deus Jesus Cristo, obediente, tentado e triunfante sobre Satanás (Rm 5.12 -19).

Após ser batizado, Jesus é levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado, iniciando aí uma vida de combate com Satanás. Este ouviu o sermão do Pai: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”, por ocasião do batismo do Filho. O diabo foi paciente e assistiu o jejum e viu Jesus com fome e, assim planejou o ataque: Queria que Jesus tivesse dúvidas quanto ao amor do Pai e que se sentisse abandonado. Queria induzi-lo a pensar: Por que ser tentado? Por que passar fome? O mundo é meu, por que passar por isso? Mas o Diabo estava equivocado, Jesus não veio ser servido, e sim servir. Com a Palavra vence-o e diz para adorá-lo como o seu o Deus; assim mesmo, com fome, com sede, aparentemente abandonado pelo Pai e no meio das feras (Mt 4.1-11). Essa primeira vitória de Cristo diz qual será a natureza e destino desta batalha quando chegar a ocasião de Sua morte e ressurreição.

O Salmo (130, De Profundis) é uma expressão a confiança de que Deus irá ouvir as súplicas daqueles que caíram nas ciladas das profundezas do pecado, abre bem o assunto das leituras e, por fim, o intróito do dia proclama que Deus irá ouvir aqueles que clamarem por socorro, deixando bem claro qual é o tema do dia.

Em Cristo superaremos
I. Podemos superar?
II. Como superaremos?

Introdução: Lembra de um momento em sua vida em que se sentiu abandonado, solitário e sem nenhuma perspectiva de como sair disso? Mas de repente, nossa angústia passou e foi superada. Certamente Jesus teve algo com isso, pois Ele sempre está presente em nossas vidas com seu consolo e evangelho libertador.

I

A. Apenas aí parece haver razão suficiente para confiarmos

1. Jesus foi batizado e assim foi capacitado pelo Espírito Santo para suportar toda sorte de coisas. O mesmo acontece conosco.

2. Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo o tempo todo. Nós também somos.

B. Mesmo sabendo disso, ainda não é fácil estar confiante por que tentações freqüentemente são severas e duras para se suportar

1. É difícil não estabelecer as necessidades materiais acima das espirituais. Quantas vezes calamos a voz de Deus em nossas vidas!

2. É difícil não confiar de forma presunçosa em Deus. Quantas vezes queremos em nossa pobreza dizer a Deus como conduzir nossas vidas e as coisas dele!

3. É difícil calar e abafar a ambição e recusar-se a operar com o principio “os fins justificam os meios”

II

Em face de tais tentações não é maravilhoso começarmos a nos perguntar “Podemos superar?” Mas podemos. Como?

A. Submeter-se e obedecer a vontade de Deus. Deixar com que Espírito Santo nos conduza o tempo todo.

1. Manter as prioridades em sua devida ordem. Não pode haver dúvidas. A Palavra de Deus e o Espírito Santo nos foi dado em nosso Batismo e regeneração pela pregação do Evangelho. Isso nos diz o que é prioritário. Não é difícil imaginar por que neste tempo de pós-modernidade há tantas vidas vazias, estéreis e solitárias, incluindo até irmãos nossos que vêm a igreja participam dos cultos, tomam a Santa Ceia e não sentem nada e defendem-se dizendo que nossa igreja é fria. O Evangelho é atual, ativo e não cheira a mofo.

2. Recusar-se a usar Deus de maneira interesseira. Deixar a vontade de Deus ser o árbitro e evitar a tentação de dizer a Deus o que achamos que vai ser bom para nossas vidas. Um bom exemplo disso é nossa vida de oração quando não aceitamos a situação em que nos encontramos. Deus não é um produto numa prateleira de mercado que compramos de acordo com as necessidades que acreditamos ser importantes.

3. Cultuar somente Deus e não ao nosso egoísmo, desejo, novidade, inteligência e capacidade.

B. Não argumentar com Satanás. Quem argumenta considera possibilidades e usa o censo ético, ele saberá por onde exercer sua influencia. Lembre que na queda o diabo não pregou a Adão e Eva apenas uma nova realidade, nem disse meramente que a Palavra de Deus era questionável, mas acima de tudo afirmou a eles que a palavra era incorreta e incompleta! Veja no que deu... Precisamos passar mais pelo quê para nos convencer?

1. Eva não podia argumentar com Satanás. Nós também não! Cuidado, ele vai tentar e vencer!

2. Nosso melhor recurso é a palavra de Deus, que Satanás não tem como responder. Jesus disse apenas a palavra de Deus “Ao senhor teu Deus adorarás e a Ele darás culto...” Jesus não precisou realizar nenhum milagre para vencer Satanás. Quem discute com Satanás cala Jesus Cristo em sua vida, pois ele oferece uma nova realidade para nos afastar de Cristo. Deixe a palavra de Deus falar e te aconselhar.

C. Olhe para Cristo. Busque Jesus por ajuda. Conte com Jesus. Nunca deixe que Satanás o cerque com suas acusações e mentiras. É o que ele mais deseja. Não deixe ele lhe trazer culpa e medo da condenação para o seu coração. Ao invés disso, olhe para Cristo, que o livrou de toda a condenação. O lugar do pecado é com Cristo na Cruz e não em nossos corações e mentes amarguradas, pois isso certamente trará a morte. Através do Batismo, deixe que a fé que vem de Deus fixe os seus olhos em Jesus. Por isso não desvie o seu olhar de Cristo. Em Cristo somos perdoados, mesmo sendo imperdoáveis!

1. Jesus compreende nossas tentações (Hb 4.15). Ele sabe que também somos tentados em nosso deserto. Ele sabe quão difícil é vencer nossas tentações, nossas limitações, nosso egoísmo, confiar, depender de Deus, crer corretamente, deixar tudo em sua devida ordem e abafar nosso velho Adão.

2. Ao invés de permitir que sua consciência o acuse constantemente, console-se a cada momento sabendo que Jesus agora vive para acompanhar, defender e assistir (Hb 7.25).

3. Jesus venceu Satanás de uma vez por todas e igualmente pregou o seu pecado de uma vez por todas na cruz.

4. Por fim, Ele também nos fortalece, ampara e consola através da palavra e dos sacramentos. Estamos entre aqueles que foram tentados e muitas vezes caíram, mas que foram perdoados por Cristo, não porque mereciam, mas porque Jesus Cristo os amava (Abraão, Ló, Davi, Pedro e tantos outros personagens bíblicos). Em meio a tentação e pecado, sempre ir ao encontro de Jesus, mesmo envergonhados. Ele sempre nos recebe e saberá o que fazer. E dar graças a Deus por Ele continuar a falar-nos todos os dias e a cada semana se sentar e ainda comer com pecadores para nos fortalecer consolar, orientar e manter-nos seguros de nós mesmos e do inimigo. Em Cristo, não há condenação.

Conclusão: J. S. Bach imprime na Cantata “Os pobres hão de comer” (BWV 75, Die Elenden sollen essen) afirmando no coro final: “Tudo o que Deus faz, é bem feito” (Cf. HL 433 como paráfrase). Creio ser esta uma boa forma de dizer que seja qual for a situação - se em meio nossa pobreza, dificuldades e tempestades na vida, contarmos com Deus - podemos com certeza dizer que tudo está sendo bem conduzido, mesmo não compreendendo isso muitas vezes. Por isso, somente Nele e através Dele podemos superar tudo, pois temos a fé que vence o mundo.

José Aragão – Brasília – DF – Brasil
Evangélica Luterana do Brasil
jaragaosil@ig.com.br

 

 


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