Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Segundo Domingo de Advento - 05 de dezembro de 2004
Série Trienal C – Mateus 3.1-12 (demais leituras), Ely Prieto
(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


O Contexto Litúrgico

O tempo de Advento, tradicionalmente é celebrado na igreja com a tríplice ênfase dos três Adventos de Cristo: Sua primeira vinda como o menino de Belém, Sua segunda vinda como o Rei vitorioso no fim dos tempos e, por último, a Sua contínua vinda na Palavra e Sacramentos.

A cor litúrgica tradicional para esse período tem sido a roxa (a mesma usada no período de Quaresma), o que caracteriza uma ênfase de arrependimento. Em tempos recentes, a cor azul tem sido usada como uma cor alternativa para esse período. Quando o azul é usado, a ênfase já não é mais no arrependimento em si, mas sim na alegria pelo nascimento do Salvador prometido.

Estudiosos do Ano Litúrgico têm divergido em qual deveria ser o tema dominante do Advento. Alguns defendem que a ênfase correta deveria ser arrependimento, já que esse período apresenta fortes conexões com os três úlltimos domingos do Ano da Igreja, cuja ênfase é o fim dos tempos e o retorno de Cristo. Outros, por outro lado, destacam Advento como o período de preparação para o Natal e a vinda do Salvador prometido. Creio que há lugar para as duas ênfases nesse período, e o pregador deveria decidir com antecedência qual ênfase irá destacar no presente ano, demonstrada na cor litúrgica adotada e nos temas de seu sermões.

Leituras do Domingo

O Salmo 72.1-14 (15-19), é uma oração em favor do rei, um monarca segundo a linhagem de Davi, o qual julga o seu povo com justiça e promove a paz. O Salmo, com sua ênfase Messiânica, aponta para um Rei maior do que Salomão ( Mateus 12.42), cujo reinado oferece grande alegria para todo o povo e paz na terra entre os homens (Lucas 2.10,14), e seu domínio se estende até os confins da terra (Salmo 72.8).

Isaias 11.1-10 , uma das mais belas profecias de Isaias a respeito do Messias prometido, continua falando desse Rei mencionado no Salmo 72. Em sua profecia, Isaias vê um Rei, cujo reinado irá afetar a história da humanidade até os confins da terra. Emergindo como um broto da linhagem de Jessé, esse Filho de Davi – ungido de forma especial pelo Espírito do Senhor (Atos 10.38), irá exceder todos os reis que o antecederam, pois julgará com justiça e fidelidade os povos da terra. Esse Rei Messias é capaz de fazer tudo novo (2 Coríntios 5.17), restaurando a criação e estabelecendo a mais perfeita harmonia, pois ele não é apenas um broto, mas também a raiz, a fonte de onde flui os nutrientes necessários para gerar e manter a vida. Povos, independente de diversidade racial, e as nações, independente de localização geográfica, não cessarão de se agregar ao redor de seu glorioso estandarte, como sinal de fidelidade ao seu reinado.

Em Romanos 15.4-13 Paulo ora para que pelo encorajamento da Escritura tenhamos esperança. O Antigo Testamento pode na verdade ser visto como um “único livro” cheio de promessa e esperança, o qual tem o seu cumprimento no Novo Testamento, com a vinda do Messias prometido – Cristo Jesus. Em Cristo, a parede da separação entre judeus e gentios já não existe mais (Efésios 2.11-17), agora, unidos em Cristo, partilham o mesmo sentir, e acolhem uns aos outros para a glória de Deus. O Deus que fez a promessa e a cumpriu em Cristo é o Deus da esperança. No poder do Espírito, a alegria e a paz nos é outorgada por meio da fé.

Mateus 3.1-12 nos apresenta João Batista como o precursor de Cristo. Ele é a voz que clama no deserto, pregando arrependimento, pois o reino dos céus está próximo. A mensagem de João é clara e objetiva – arrependimento! A pericope faz uso de termos fundamentais na teologia Luterana: vv.1 e 2 João prega a Palavra; vv.6 e 11 o mesmo João batiza. Os ouvintes de João, expostos à sua pregação, se arrependem (v.11), confessam os seus pecados (v.6), são batizados no rio Jordão (v.6) e são admoestados a produzir bons frutos (v.8).

João, como bom precursor que é de Cristo, não deixa de fazer a conexão entre promessa e cumprimento. Esse Nazareno ( Mateus 2.23) não é outro senão aquele já referido pelo profeta Isaías. Ele é de fato o Messias prometido, o doador do reino dos céus falado no v. 2.

O v.11 faz uma clara diferenciação entre os dois personagens apresentados por Mateus nessa perícope. Há um contraste marcante entre João Batista e Jesus de Nazaré. Na verdade, um é apresentado como um simples homem, o outro como Deus-homem. O primeiro, impotente diante do pecado dos homens, o último é poderoso não só para perdoar pecados, mas também para conferir o Espírito Santo. Esse mesmo versículo introduz o agente da nossa salvação, o Espírito Santo. É Ele quem chama e ilumina por meio do Evangelho, aplicando à vida das pessoas a obra redentora de Cristo. Através da Palavra e Sacramentos, o Espírito Santo concede a fé e a mantém ativa, produzindo frutos digno de arrependimento.

Sugestão Homilética

1. Esperança é um dos grandes temas do Advento. A leitura de Romanos destaca o lugar da esperança na vida Cristã e aponta para a Escritura como aquela que nos encoraja a vivermos essa viva esperança em Cristo. Isaías, por sua vez preenche essa esperança com um conteúdo concreto e palpável – o broto de Jessé. Em Cristo, as coisas antigas passam, e tudo se faz novo!

Uma outra alternativa seria abordar o Evangelho e os seus diferentes aspectos. Eis alguns pontos que me chamaram a atenção:

2. Diferentemente dos outros profetas do AT, João Batista não é um profeta que fala da anunciação ou mesmo do nascimento de Cristo, mas antes de Seu ministério, vida e morte: “mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu...Ele vos batizará com o Espírito Santo... (v.11), eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29). Quando a época de Advento nos prepara para o “advento” de Cristo, não se trata apenas de seu nascimento mas antes de Sua vinda “total.”

3. O contraste entre João Batista e Jesus de Nazaré, é algo marcante na perícope. João sabia qual era o seu papel na história da Salvação. Ele direcionou o olhar do povo não para si, mas para Cristo. A sua pregração não apontava para si mesmo, mas para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Diante do pecado da humanidade, João se viu impotente; Cristo por sua vez, poderosamente destruiu a morte e o pecado (1 Coríntios 15.54-57). Esse contraste oferece uma grande oportunidade para se pregar o Evangelho de forma clara e inequívoca.

4. A pregação de João apontava para a produção de frutos – frutos digno do arrependimento. Bons frutos, todavia, não crescem por si, quando são requeridos! Bons frutos apenas nascem em árvores sadias. Para que isso aconteça, é necessário uma mudança radical (na raiz) na árvore. João Batista estava ciente disso, eis porque ele apontou para Cristo, para alguém que era maior do que ele. Cristo, como Isaías mesmo afirma, não é apenas o broto, mas também a raiz, a fonte de onde flui os nutrientes necessários para gerar e manter a vida. Somente Cristo é capaz de gerar árvores saudáveis que produzem muitos frutos. Quem está em Cristo é nova criatura, o que era velho passou, e tudo se fez novo.

Ely Prieto
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Pastor - Concordia Lutheran Church
San Antonio, Texas, USA
elyp@concordia-satx.com

 


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