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Antepenúltimo Domingo do Ano da Igreja – 07 de Novembro de 2004 |
“Vede que não sejais enganados... E isto vos acontecerá para que deis testemunho... Porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem... De todos sereis odiados por causa do meu nome... É na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas” (Lucas 21.8,13,15,17,19). Desde criança, aprendi sobre os atributos de Deus. Aprendi que ele é onipotente, eterno, onisciente, onipresente, santo, misericordioso, perdoador. São atributos que demonstram o quanto Deus nos ama. Certo dia, ouvi de um pastor a respeito de duas qualidades divinas que não estavam incluídas naquela lista: Que Deus era paciente e apressado. Pareciam duas qualidades conflitantes, contraditórias. Afinal, quem tem paciência não pode ter pressa, e quem tem pressa é pouco paciente. O pastor, então, explicou-me. A pressa de Deus mostra toda a sua ansiedade em querer levar seus filhos deste mundo para reuni-los à sua volta no céu, onde estarão livres das garras do diabo. A paciência mostra o grande amor de Deus em não nos julgar, não nos condenar sem antes ter-nos dado tempo e oportunidade para o arrependimento, pois ele não tem prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho, e viva (Ezequiel 33.11). A paciência de Deus tem sido comprovada ao longo da história. Foram 120 anos de paciência antes de enviar o dilúvio. Paciência que se revelou ao poupar, por um tempo, Sodoma e Gomorra por amor a 10 justos. Hoje a paciência de Deus continua presente e se mostra em nossas vidas para que de uma vez por todas abandonemos o caminho do pecado que tão graves consequências traz; para que de uma vez por todas deixemos nossa indiferença, deixando de ficar "em cima do muro", tentando agradar ao mundo e a Deus; para que de uma vez por todas deixemos de nos esconder por detrás das desculpas para não servir a Deus ou ouvir sua palavra; para que ninguém, no juízo final, possa dizer: "eu não sabia"; "não me disseram"; "não me avisaram". A paciência de Deus, porém, não exclui a pressa. Pressa de Deus - porque os nossos anos correm depressa; porque o ponteiro do tempo se encaminha para a meia-noite quando ninguém pode mais trabalhar. Pressa de Deus - porque o Dia do Senhor virá como um ladrão. Ele tem pressa porque Satanás também não para. O diabo não sossega, não dorme, não vacila, rugindo como leão buscando a quem possa destruir. Jesus, por isso, tem pressa em apontar o caminho da salvação. Pressa e paciência - que se manifestam através dos sinais dos tempos do fim. São sinais que indicam o julgamento divino, como guerras, terremotos, fome e epidemias. São sinais que indicam a oposição cada vez mais crescente a Deus, como a tribulação, a apostasia, os falsos profetas e o próprio anticristo. E há também o sinal evidenciando a graça de Deus, conforme o Evangelho segundo Mateus, que é a promessa de proclamação do evangelho a todas as nações. Não é preciso citar exemplos para demonstrar como estes sinais são evidentes. O objetivo do Deus que tem pressa e paciência não é assustar, angustiar ou amedrontar os seus filhos. O seu objetivo é animar, orientar, consolar e fortalecer a fé do povo de Deus. Isto é tanto verdade que o conteúdo central das Sagradas Escrituras é Jesus Cristo, que veio em humildade e que voltará para buscar os seus fiéis. Por isso a finalidade última deste e dos demais textos bíblicos que relatam os sinais dos tempos é fazer com que os corações dos cristãos sintam saudades da vida com Cristo. É uma mensagem de esperança. O Deus que tem pressa e paciência reanima os seus filhos com, pelo menos, 3 conselhos importantes no evangelho deste domingo. O primeiro conselho é: Cuidado para não serem enganados (v. 8). Não há lugar para ignorâncias, negligência ou indiferença. É preciso estar de sobreaviso, prestar atenção. E prestar atenção envolve inteligência, conhecimento e discernimento. É preciso “coração sábio” para examinar e julgar as adversidades de que fala o texto. É preciso saber interpretar o porquê das heresias religiosas, das catástrofes naturais, dos sofrimentos espirituais e dos chocantes relacionamentos sociais e políticos. É preciso estar atento aos falsos profetas e aos que anunciam um relativismo das coisas, afirmando que já não existem verdades absolutas. O segundo conselho é: Dêem testemunho de Jesus Cristo (v.13). Jesus diz que as perseguições acontecem “por causa do meu nome” (v.17). Testemunhar significa falar em favor de algum fato, afirmando e defendendo o fato como verdade. Testemunhar também acontece através do exemplo de uma postura cristã e vida santificada. Qualquer cristão, do mais simples ao mais culto, tem condições e capacidades para dar testemunho: “Eu vos darei boca e sabedoria” (v.15), diz Jesus. O mundo precisa de Jesus Cristo porque “não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (Atos 4.12). O nosso testemunho acontece naturalmente quando falamos daquele que transformou nossas vidas e daquilo que está afixado em nossos corações. O terceiro conselho: Perseverem na fé até o fim. Jesus está falando aqui de um artigo raro na atualidade: a fidelidade. Não é fácil suportar as adversidades em nome de Jesus. Não é fácil resistir aos apelos do diabo, do mundo e da nossa própria carne e aos inúmeros atalhos para caminhos mais fáceis. Perseverar é suportar firme até o momento em que Jesus dirá: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25.34). Como temos nós reagido ao Deus longânimo que, com toda a paciência, deseja a nossa salvação? Como temos nós reagido à pressa de Deus em querer nos levar para a sua companhia celeste? Apesar das nossas fraquezas, ele continua tendo paciência e pressa. Pedro afirma: "Meus queridos amigos, não esqueçam isto: Para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. O Senhor não demora a fazer o que prometeu, como alguns pensam. Ao contrário, ele tem paciência com vocês porque não quer que ninguém seja destruído, mas que todos se arrependam dos seus pecados" (2 Pedro 3.8,9 – Nova Tradução na Linguagem de Hoje). Se Deus tem pressa e paciência, também de nós ele espera o mesmo. Que estejamos sempre em prontidão para a volta de Jesus e que tenhamos pressa em anunciar o evangelho do Deus que tanto nos tem amado e nos consolado com o perdão e a esperança da vida eterna. Que também tenhamos paciência nas tribulações, porque “é na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas” (v.19). Amém. Jonas Roberto Flor
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