Göttinger Predigten im Internet
hg. von U. Nembach

Antepenúltimo Domingo do Ano da Igreja – 07 de Novembro de 2004
Série Trienal C - Lucas 21.5-19 - Jonas Roberto Flor

(Sermões atuais: www.predigten.uni-goettingen.de)


“Vede que não sejais enganados... E isto vos acontecerá para que deis testemunho... Porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem... De todos sereis odiados por causa do meu nome... É na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas” (Lucas 21.8,13,15,17,19).

Desde criança, aprendi sobre os atributos de Deus. Aprendi que ele é onipotente, eterno, onisciente, onipresente, santo, misericordioso, perdoador. São atributos que demonstram o quanto Deus nos ama.

Certo dia, ouvi de um pastor a respeito de duas qualidades divinas que não estavam incluídas naquela lista: Que Deus era paciente e apressado. Pareciam duas qualidades conflitantes, contraditórias. Afinal, quem tem paciência não pode ter pressa, e quem tem pressa é pouco paciente. O pastor, então, explicou-me. A pressa de Deus mostra toda a sua ansiedade em querer levar seus filhos deste mundo para reuni-los à sua volta no céu, onde estarão livres das garras do diabo. A paciência mostra o grande amor de Deus em não nos julgar, não nos condenar sem antes ter-nos dado tempo e oportunidade para o arrependimento, pois ele não tem prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho, e viva (Ezequiel 33.11).

A paciência de Deus tem sido comprovada ao longo da história. Foram 120 anos de paciência antes de enviar o dilúvio. Paciência que se revelou ao poupar, por um tempo, Sodoma e Gomorra por amor a 10 justos.

Hoje a paciência de Deus continua presente e se mostra em nossas vidas para que de uma vez por todas abandonemos o caminho do pecado que tão graves consequências traz; para que de uma vez por todas deixemos nossa indiferença, deixando de ficar "em cima do muro", tentando agradar ao mundo e a Deus; para que de uma vez por todas deixemos de nos esconder por detrás das desculpas para não servir a Deus ou ouvir sua palavra; para que ninguém, no juízo final, possa dizer: "eu não sabia"; "não me disseram"; "não me avisaram".

A paciência de Deus, porém, não exclui a pressa. Pressa de Deus - porque os nossos anos correm depressa; porque o ponteiro do tempo se encaminha para a meia-noite quando ninguém pode mais trabalhar. Pressa de Deus - porque o Dia do Senhor virá como um ladrão. Ele tem pressa porque Satanás também não para. O diabo não sossega, não dorme, não vacila, rugindo como leão buscando a quem possa destruir. Jesus, por isso, tem pressa em apontar o caminho da salvação.

Pressa e paciência - que se manifestam através dos sinais dos tempos do fim. São sinais que indicam o julgamento divino, como guerras, terremotos, fome e epidemias. São sinais que indicam a oposição cada vez mais crescente a Deus, como a tribulação, a apostasia, os falsos profetas e o próprio anticristo. E há também o sinal evidenciando a graça de Deus, conforme o Evangelho segundo Mateus, que é a promessa de proclamação do evangelho a todas as nações. Não é preciso citar exemplos para demonstrar como estes sinais são evidentes.

O objetivo do Deus que tem pressa e paciência não é assustar, angustiar ou amedrontar os seus filhos. O seu objetivo é animar, orientar, consolar e fortalecer a fé do povo de Deus. Isto é tanto verdade que o conteúdo central das Sagradas Escrituras é Jesus Cristo, que veio em humildade e que voltará para buscar os seus fiéis. Por isso a finalidade última deste e dos demais textos bíblicos que relatam os sinais dos tempos é fazer com que os corações dos cristãos sintam saudades da vida com Cristo. É uma mensagem de esperança.

O Deus que tem pressa e paciência reanima os seus filhos com, pelo menos, 3 conselhos importantes no evangelho deste domingo. O primeiro conselho é: Cuidado para não serem enganados (v. 8). Não há lugar para ignorâncias, negligência ou indiferença. É preciso estar de sobreaviso, prestar atenção. E prestar atenção envolve inteligência, conhecimento e discernimento. É preciso “coração sábio” para examinar e julgar as adversidades de que fala o texto. É preciso saber interpretar o porquê das heresias religiosas, das catástrofes naturais, dos sofrimentos espirituais e dos chocantes relacionamentos sociais e políticos. É preciso estar atento aos falsos profetas e aos que anunciam um relativismo das coisas, afirmando que já não existem verdades absolutas.

O segundo conselho é: Dêem testemunho de Jesus Cristo (v.13). Jesus diz que as perseguições acontecem “por causa do meu nome” (v.17). Testemunhar significa falar em favor de algum fato, afirmando e defendendo o fato como verdade. Testemunhar também acontece através do exemplo de uma postura cristã e vida santificada. Qualquer cristão, do mais simples ao mais culto, tem condições e capacidades para dar testemunho: “Eu vos darei boca e sabedoria” (v.15), diz Jesus. O mundo precisa de Jesus Cristo porque “não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (Atos 4.12). O nosso testemunho acontece naturalmente quando falamos daquele que transformou nossas vidas e daquilo que está afixado em nossos corações.

O terceiro conselho: Perseverem na fé até o fim. Jesus está falando aqui de um artigo raro na atualidade: a fidelidade. Não é fácil suportar as adversidades em nome de Jesus. Não é fácil resistir aos apelos do diabo, do mundo e da nossa própria carne e aos inúmeros atalhos para caminhos mais fáceis. Perseverar é suportar firme até o momento em que Jesus dirá: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25.34).

Como temos nós reagido ao Deus longânimo que, com toda a paciência, deseja a nossa salvação? Como temos nós reagido à pressa de Deus em querer nos levar para a sua companhia celeste? Apesar das nossas fraquezas, ele continua tendo paciência e pressa. Pedro afirma: "Meus queridos amigos, não esqueçam isto: Para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. O Senhor não demora a fazer o que prometeu, como alguns pensam. Ao contrário, ele tem paciência com vocês porque não quer que ninguém seja destruído, mas que todos se arrependam dos seus pecados" (2 Pedro 3.8,9 – Nova Tradução na Linguagem de Hoje).

Se Deus tem pressa e paciência, também de nós ele espera o mesmo. Que estejamos sempre em prontidão para a volta de Jesus e que tenhamos pressa em anunciar o evangelho do Deus que tanto nos tem amado e nos consolado com o perdão e a esperança da vida eterna. Que também tenhamos paciência nas tribulações, porque “é na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas” (v.19). Amém.

Jonas Roberto Flor
Igreja Evangélica Luterana Portuguesa
Porto, Portugal
jonas.flor@clix.pt

 


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