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Décimo Quarto Domingo Após Pentecostes – 05 de Setembro de 2004 |
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Lucas 13.22-24,30: “Passava Jesus por cidades e aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém. E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que são salvos? Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão... Contudo, há últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão últimos.” Há portas de entrada e portas de saída. Há portas largas e portas estreitas. Há portas que se abrem para alguns e portas que se fecham para outros. O evangelho deste domingo leva-nos a refletir sobre a porta, uma ilustração usada por Jesus para lembrar a graça de Deus que está disponível a todos neste momento e a admoestação para que todos nos esforcemos e nos apressemos a agarrá-la. Jesus é a Porta. Nesta porta devemos fixar a nossa atenção, pois ela é A única porta que guia-nos ao céu I – Esta porta está aberta para todos. Portanto, regozijemo-nos e entremos! Jesus diz que, quando a grande hora chegar, a porta será fechada. Isto significa que, neste momento, ela ainda está aberta. Ou seja, vivemos o tempo da graça. Esta porta se abriu quando Jesus Cristo foi enviado a nós como Salvador. Todos os seres humanos estavam perdidos em seus pecados, afastados da comunhão com Deus, sem nenhuma perspectiva de vida. Jesus morreu na cruz, derramou o seu sangue como pagamento da dívida perante Deus e reconciliou a humanidade com o Pai Celestial, estendendo-lhe o convite: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). No terceiro dia, Jesus ressuscitou. Desde então tem anunciado: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11.25). Aí está a porta de entrada para este reino feito especialmente para você e eu. É a graça e o perdão de Cristo conquistados através do sofrimento de Jesus na cruz pelos nossos pecados. Por isso ele é a porta. Hoje Jesus está presente na pregação da sua palavra, como uma porta aberta, a receber-nos para o favor de Deus e assim conduzir-nos à bem-aventurança eterna. Por isso devemos fazer uso da graça que temos agora, entrar pela porta antes que seja fechada, e viver a plena comunhão com Deus, com confiança e alegria. Que indescritível graça de Deus pobres pecadores perdidos terem a porta aberta para recebê-los! II – Esta porta é estreita. Portanto, esforcemo-nos! Mas precisamos observar esta porta mais de perto. Esta porta é estreita e, por isso, Jesus admoesta que nos esforcemos para entrar por ela. Ela precisa ser estreita pois há muitas coisas que não podem passar por ela. Você e eu não podemos entrar com os nossos pecados por esta porta, pois eles desonrariam o reino de Deus. As obras orgulhosas que os homens praticam para obter a própria salvação não podem passar pela porta – é estreita demais para elas. Elas nada seriam senão um monte de lixo e coisas imundas na maravilhosa casa do reino. As desculpas para uma vida negligente, o amor pelo dinheiro e pelos prazeres do mundo, o desejo de agradar o mundo e as coisas que nele há, a má vontade em abandonar os pecados secretos – nenhuma destas coisas passariam pela porta da graça. Elas ultrajariam a Deus. Por estas e tantas outras razões, a porta é estreita. Deus quer que assim seja. Há, porém, muitas pessoas que passam ao largo desta porta. Desprezam-na. Eles acreditam poderem encontrar uma mais larga, mais espaçosa. Até há aqueles que anunciam uma porta mais larga. E, na verdade, há portas mais largas. Apenas o destino é diferente. Jesus diz: “Larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição e são muitos os que entram por ela” (Mateus 7.13). Não se deixe enganar por aqueles que desprezam a porta estreita da graça de Deus em Jesus Cristo. Apenas esta porta pode salvar-nos. Por isso, esforce-se em entrar por ela. O que quer Jesus dizer quando ordena: “Esforçai-vos...”? Ele tem dito isto repetidas vezes, tanto da sua boca como através dos profetas e dos apóstolos. Esforçar-se significa arrepender-se. Esforçar-se significa lamentar os pecados e confiar em Jesus. Aquele que crê será salvo. Por isso é salutar lembrar que esforçar-se não significa esforçar-se com as suas próprias forças, mas, como Jesus diz neste texto, ele mesmo, com a sua Palavra, seu poder, sua graça e sua ajuda, capacita-nos a este esforço. Nenhum homem pode dizer que não pode arrepender-se quando Jesus mostra-lhe os seus pecados. Nenhum homem pode dizer que não pode crer quando Jesus estende a mão para guiá-lo à fé. Esta é a graça concedida a nós nesta porta aberta pela qual, pelo poder de Cristo, nós podemos entrar. Nossa carne, nossa natureza pecaminosa, nosso hábito de indiferença e negligência, nossa amizade com o mundo – estas são barreiras diante da porta. Contra isto, Jesus chama-nos para nos esforçarmos, capacitando-nos pelo seu poder. Graças a Deus por toda esta graça! Ao invés de Deus abandonar-nos à nossa própria sorte, ele põe diante de nós uma porta aberta e a capacidade para entrar. Milhares de pessoas já entraram por esta porta. Jesus aponta para os patriarcas do Antigo Testamento e para os profetas. Eles eram pecadores como você e eu. Eles arrependeram-se quando a porta aberta veio até eles, continuaram em arrependimento e conquistaram a eterna glória. III – Esta porta será fechada. Portanto, apressemo-nos! Jesus diz que a graça da porta aberta será fechada um dia. Isto acontecerá por ocasião do julgamento que está por vir. Somos, por isso, chamados a entrar agora, pois haverá um dia em que será tarde demais. Naquele dia muitas coisas terão uma visão diferente daquela que milhares de pessoas têm hoje. Céu? Arrependimento? Isto parecia tão sem atrativos! Deixar de lado pecados que tanto amamos? Crucificar a carne e seus desejos? Tomar a cruz para seguir a Jesus? Muitas pessoas pensam que serão capazes de alcançar o céu sem tudo isto. Naquele dia tudo será diferente! Que fazer quando a vida aqui na terra tiver desaparecido como vapor? Quando o mundo com todos os seus desejos tiver desaparecido como uma ilusão? Quando as únicas realidades deixadas serão o brilho do céu, o abismo do inferno, e a pobre alma desamparada diante do juízo eterno a receber a sua sentença final? Ali, então, a porta da graça estará fechada – fechada para sempre. Uma vez que a porta está fechada, ninguém mais poderá entrar. Quando Cristo a fecha, o julgamento começa. Aqueles que aproveitaram a porta aberta e entraram estarão com Jesus para sempre. Eles comerão do fruto da árvore da vida e beberão das fontes de eterna alegria. Os demais estarão fora. Entre os dois grupos haverá uma porta fechada. Precisamos, por fim, estar também atentos às palavras finais de Jesus: “Eis que há derradeiros que serão os primeiros; e primeiros há que serão os derradeiros” (v.30). Graças a Deus, há últimos que serão primeiros. Trata-se daquelas milhares de almas que habitavam na escuridão do pecado e que, pela graça de Deus, foram trazidas para a luz, e foram salvas. Que gloriosa tarefa podemos ter ao anunciarmos o evangelho para tornar muitos últimos em primeiros. Que abençoada tarefa podermos trazer muitos que estão longe para habitarem com Abraão, Isaque e Jacó no reino de Deus, na grande festa da alegria. Alguns destes perdidos estão em nossas cidades, escravos do pecado e dos vícios, vivendo vidas depravadas e errantes. Que abençoada tarefa alcançá-los com o Evangelho, de modo que, sendo últimos, tornem-se primeiros. Mas é preciso pensarmos também em nós próprios. Você e eu, filhos de Deus pela fé em Cristo, pertencemos àqueles que foram chamados primeiros. Seja através da educação cristã na nossa infância, seja pelo ouvir da Palavra e pelo Sacramento da Santa Ceia, nós conhecemos a porta da salvação em Cristo Jesus. Sim, nós somos os primeiros. As palavras de Jesus, “Os primeiros serão os últimos”, lembram-nos ainda uma última coisa. Ter a graça de Deus tão perto constantemente pode fazer-nos pensar que isto já é o suficiente. Ter todas estas riquezas de salvação diante de nós pode fazer-nos sentir que isto já nos torna ricos. Na verdade, é preciso entrar diariamente pela porta que será fechada brevemente. Arrepender-se diariamente. Atender ao convite de Jesus diariamente. Abençoados são aqueles que entram enquanto a porta está aberta em graça. Que Deus nos mantenha nesta graça. Amém. Rev. Jonas Roberto Flor
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